Dom Murilo pede que exemplo do Natal perdure em 2019: 'corações abertos'

Arcebispo relembrou significado do dia; Missa de Natal lotou Catedral Basílica

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  • Fernanda Santana

Publicado em 25 de dezembro de 2018 às 12:25

- Atualizado há 10 meses

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. por Marina Silva/CORREIO

O terço estava erguido quando, abordado pela reportagem, Arquibaldo Oliveira, 75 anos, comentou: “Hoje é um dia de recuperar a mensagem original do Natal, você não acha?”. O senhor suspendia e abaixava a cabeça durante a missa solene na Catedral Basílica, no Pelourinho, presidida por Dom Murilo Krieger. A Basílica estava lotada para a celebração de Natal, iniciada às 10h desta terça-feira (25), e o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil relembrou o significado do dia.

O simbolismo da data que relembra o nascimento de Jesus Cristo talvez tenha se perdido com o tempo, diziam os burburinhos no interior da basílica. Foi o próprio Dom Murilo quem, sem negar qualquer hipótese, reforçou a necessidade de resgate.“Que Deus encontre nossos corações abertos como encontrou em Maria e José. Que essa mensagem de Natal se estenda pelos dias para que Jesus esteja em todos eles”, comentou na homilia.Durante a celebração, o líder católico relembrou a empreitada de Maria e José para, segundo a crença da religião, possibilitar a vida de Jesus. Reforçou, também, que em Jesus está a possibilidade de uma vida justa.“Sabemos que ele nos dá toda a graça para viver uma vida digna. Louvemos o pai que possibilita o encontro do divino com o humano”, observou.Tão lotada estava a basílica que Renato Ferreira, 79, assistiu à missa encostado na parede de entrada. Lá, reforçou como Dom Murilo a necessidade da lembrança. “Que o Natal seja todos os dias. As pessoas se lembram pouco depois que isso aqui acaba. No final, todos só pensam em si próprio”, falou o aposentado. Não deixou, no entanto, de pedir. “Um Natal melhor. Saúde, felicidade. Que os dias sejam sempre melhores”, continuou.

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A Irmã Cilene, 59, torceu, também, por dias melhores. Também pela renovação de um espírito mais solidário. “O Natal precisa ser mais uma comunhão. Comunhão de todos, com menos ódio”, disse.

Natal de coincidência A família passava em frente à Catedral e percebeu a movimentação da missa. Em São Paulo, terra natal, costumam ir às celebrações natalinas. Dessa vez, de férias em Salvador, mantiveram a tradição por coincidência. Já queriam conhecer a Basílica após a reinauguração – o templo foi reaberto no dia 14 de setembro. “Nós estávamos passando por aqui. Achei linda, muito incrível tudo isso, é enorme”, admirou-se Marilena Costa, 76. Pediu que a imensidão abençoasse a todos.

De São Paulo para a Catedral, Josiane Ferreira, 43, teve sorte de desembarcar do Cruzeiro para o único dia em Salvador justamente no Natal. A coincidência foi somada a um desejo de transformação.“O Natal é uma reflexão. Jesus é o mais importante de toda essa história. É o dia do nascimento dele. Hoje é reforçado esse sentimento. Mas que não seja só hoje”, torceu.As coincidências de Natal só não foram maiores que os pedidos de transformação. Mesmo com a audição prejudicada, João, um senhor com aparência de mais de 80 anos, esteve na missa. Pediu desculpas à reportagem por não conseguir ouvir e seguiu para a cadeira. Assistiu calado, sem ouvir quase nada. “Ele vem sempre”, explicou uma mulher que o seguiu. Talvez esteja aí o verdadeiro espírito natalino.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.