Domingo no TCA recebe Elisa Lucinda

Atriz e escritora apresenta monólogo de sucesso, que está em cartaz desde 2002

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  • Ana Pereira

Publicado em 30 de junho de 2019 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Simone Portellada/Divulgação

Tem gente que vai e nem sabe exatamente qual é a atarção do dia. Com ingressos a R$ 1 (a inteira), o superdemocrático projeto Domingo no  TCA se tornou uma destas instituições baianas abraçada carinhosamente pela cidade - desde 2007 já são mais de 100 edições realizadas. 

Hoje (30), às 11h, quando pisar no palco do Teatro Castro Alves, a atriz Elisa Lucida vai sentir o calor da plateia que sempre lota a casa mensalmente para conferir atrações artísticas de diferentes perfis. “Tentamos dar acesso às pessoas, muitas delas pisando no TCA pela primeira vez, a espetáculos de linguagens  como música, teatro, circo e dança”, explica Rose Lima, diretora artística do TCA e curadora do projeto.          

Ela conta que também recebe “várias proposições” de produtores e do próprio público. Uma destas paqueras antigas era o monólogo Parem de Falar Mal da Rotina, de Elisa Lucinda, o maior sucesso do repertório da artista,  que está em cartaz  desde 2002. Em Salvador mesmo já foram várias passagens, incluindo uma temporada com ingressos esgotados na Caixa Cultural, no ano passado.      “Há uma demanda reprimida pelo espetáculo e a artista disse que gostaria muito de fazer no projeto”, explica Rose. Juntando a fome com a vontade, quem conseguir um ingresso hoje (quem frequenta sabe que muitas vezes não dá para quem quer)  verá mais de 2 horas de reflexões sobre temas variados, a partir do questionamento básico sobre a tal rotina ou a falta dela no nosso dia a dia. Ela é tão ruim assim mesmo?     

 Com texto e direção da própria Elisa Lucinda, Parem de Falar Mal da Rotina une histórias vividas e ouvidas por ela, além de poemas retirados de três  livros seus: O Semelhante (1995), Euteamo e Suas Estreias (1999) e A Fúria da Beleza (2006).  E vai  mudando de feição como a própria sociedade. “Vou atualizando ele com os debates atuais como o que acontece agora em relação ao assédio e ao racismo”, explica a atriz. 

 Amanhã (1/07), às 18h, no Teatro Gregório de Mattos, Elisa Lucinda lança  seu segundo romance,  Livro do Avesso, o Pensamento de Edite (Editora Malê| R$ 38|156 páginas), que também tem uma pegada parecida com o monólogo: reúne uma série de pensamentos e achismos da personagem,  uma mulher adulta e  negra, que “vive os dilemas e paradoxos da sociedade contemporânea”. Teatro Castro Alves (Campo Grande).  Pele Negra, Máscaras Brancas: montagem com elenco 100% negro (Foto: Adeloya Magnoni/divulgação) Espetáculo  Pele Negra, Máscaras Branças será a atração de julho

A próxima atração do Domingo no TCA também será um espetáculo de teatro. O projeto receberá, no dia 14 de julho,  a montagem Pele Negra, Máscaras Brancas, da da Cia. de Teatro da UFBA, com direção de Onisajé (Fernanda Júlia).   A peça  é uma adaptação da obra homônima do psicólogo martinicano  Frantz Fanon (1925-1961), assinada por Aldri Anunciação, que discute os impactos do racismo histórico no indivíduo.  Este é a primeiro espetáculo da companhia dirigida por uma mulher negra e com elenco 100% negro. “A ideia é que a representatividade negra se mantenha, e não apareça esporadicamente, dando retornos rápidos e fugazes” disse Onisajé ao CORREIO na estreia da peça, em março.