Duas metas, um só objetivo: alcançar!

Apesar de cada prova apresentar sua peculiaridade, a exigência do esporte é a mesma: traçar um ponto final e correr atrás para alcançá-lo

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  • Angelo Paz

Publicado em 14 de setembro de 2018 às 00:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Leo Trindade

Resta pouco mais de uma semana para o desafio de correr os 21km na Maratona Cidade de Salvador, desse domingo a oito, dia 23. Até aqui foram 40 dias de preparação e muito aprendizado, assim como aconteceu ao longo da minha caminhada até encarar a travessia Mar Grande-Salvador a nado no final de 2016. E por falar nela, reservei a coluna de hoje para traçar um comparativo entre essas duas preparações.

Ambas, por serem provas de longa distância, exigem muito da parte mental, principalmente para suportar a carga de treinos, algumas vezes longos e quase sempre intensos. Sofrer no treino faz parte de qualquer preparação para que a prova seja feita com mais segurança pelo atleta. Pelo menos este é um padrão desde que o plano de treinamento seja orientado por um técnico, algo que fiz questão nestes dois momentos.

Uma diferença fundamental que encontrei nas duas preparações é exatamente a quantidade de treinos semanais (isso se tratando de atleta amador, vale ressaltar). Enquanto na natação eu treinava em média cinco a seis dias por semana, a planília elaborada pelo meu técnico Rafael Peralva na corrida envolve quatro dias de treinos. Um detalhe é crucial para isso: o risco de lesão na corrida é maior devido ao impacto nas articulações (joelho, tornozelo, quadril). Em treinos puxados, o pós-treino é sempre de musculatura dolorida, diferente da natação. O fortalecimento muscular na academia entra justamente nos dias sem corrida para evitar eventuais lesões.

Já a dinâmica do treinamento é bem semelhante. Ambas utilizam bastante os tiros de velocidade. Explicando de forma mais técnica, eles têm como principal objetivo melhorar o limiar anaeróbio (patamar que determina a capacidade cardíaca individual para realizar trabalhos físicos) e, com isso, o condicionamento. Com a melhora do limiar anaeróbio, é possível manter um ritmo mais intenso, com a frequência cardíaca mais alta, porém em condições físicas mais confortáveis, dentro do limiar aeróbio. Assim, se ganha força e potência muscular e, por consequência, velocidade.

Saindo um pouco do âmbito do treino e de volta a parte mental, qualquer atividade que exija o mesmo movimento por muito tempo é psicologicamente desgastante. Pra correr ou nadar por mais de uma hora e meia, por exemplo, é preciso muito mais do que pulmão: a cabeça boa é tão importante quanto. Principalmente para driblar as adversidades: se na maratona aquática o desafio é focar que você não precisa temer o fato de muitas vezes estar em alto mar sem ninguém ao lado, na corrida, um vento contra, uma ladeira, um tempo mais quente, etc, são fatores que precisam ser superados com uma boa força mental.

Apesar de cada prova apresentar sua peculiaridade, a exigência do esporte é a mesma: traçar uma meta e correr atrás para alcançá-la. Sendo bem honesto, a preparação para a Mar Grande envolveu muito mais dificuldade, principalmente por ser uma prova que se assemelha mais a uma maratona, já que estudiosos da fisiologia consideram que quem nada mil metros, gasta aproximadamente a mesma quantidade de energia de quem corre 5 mil metros. Numa conversão simples, atravessar a Baía de Todos os Santos (12km) corresponderia a  60km correndo. Nem por isso correr 21km para quem nunca havia corrido 6km até pouco mais de um mês atrás é uma tarefa fácil. É bastante difícil, inclusive. Vamos em frente que agora é reta final.

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