Dupla matou agente de menores a golpes de marreta para roubar R$ 5 mil 

Com carro sujo de sangue, suspeitos tentaram argumentar que haviam dado socorro a um ciclista

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  • Tailane Muniz

Publicado em 21 de novembro de 2017 às 14:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Presos em flagrante duas horas após assassinarem a golpes de marreta, na tarde desta segunda-feira (20), o agente da infância e juventude, Antônio Cesar Bastos, 49 anos, o motorista Uilian Rocha Souza, 28, e Rodrigo Bastos Santos, 23, disseram que mataram para roubar R$ 5 mil da vítima. Durante apresentação à imprensa, nesta terça-feira (21), ambos permaneceram calados.

Conforme a versão dos suspeitos, em interrogatório à polícia, Antônio César emprestava dinheiro a juros e costumava guardar grandes quantias em casa, o que teria motivado a dupla a atrair a vítima para roubar e matar. De acordo com o coordenador da 2ª Delegacia de Homicídios (2ª DH), delegado Guilherme Machado, ainda é cedo para afirmar se, de fato, o agente também atuava como agiota. 

"O que sabemos é que foi um crime premeditado. Nós não descartamos as possibilidadades, mas, a princípio, com base nos depoimentos dos acusados, trabalhamos principalmente com a hipótese de latrocínio. Quanto ao fato de que a vítima seria agiota, a família desconhece, e nós ainda estamos levantando a movimentação bancária de Antônio", acrescentou Machado.

Presidente da Agecc, associação que reúne agentes de enfrentamentos a violência contra criança e adolescente, Fernando Azevedo, disse acreditar que a morte de Antônio César foi um roubo seguido de morte. "Confesso que foi uma surpresa essa informação de que ele emprestava dinheiro, mas a polícia ainda está investigando. Por hora, acredito que tenham matado para roubar", contou ao CORREIO.

Fernando comentou, ainda, a conduta da vítima durante os sete anos de serviço na Agecc. "Um homem de bem. Era também professor de artes marciais. Uma pessoa de boa índole", pontuou. Antônio era casado há nove anos mas não tinha filhos, segundo Fernando. Não há informações sobre horário e local do sepultamento da vítima. 

Premeditado Segundo o delegado, o plano foi premeditado por Rodrigo, que conhecia a vítima e sabia da suposta prática de empréstimo. "Ele sabia, ainda, que Antônio costumava dizer aos clientes que sacaria o dinheiro no banco, mas, na verdade, ele guardava o dinheiro em casa.  Eles manifestaram interesse em pegar a quantia emprestada e premeditaram tudo - roubar e, em seguida, matar a vítima. Tinham certeza que ele estaria com uma alta quantia na hora", pontuou Guilherme Machado, que não deu detalhes como o suspeito conheceu a vítima.

Uilian usou o carro da própria mulher para cometer o crime. Ele e Rodrigo conseguiram uma marreta emprestada com um serralheiro e demonstraram interesse em R$ 5 mil do agente, detalhou o delegado. A dupla disse à polícia, entretanto, que não havia dinheiro nenhum com Antônio no momento do crime.

Embora tenha dito, em depoimento, que sua participação no crime se resumiu à condução do veículo, o delegado afirmou que Uilian ajudou Rodrigo a dar marretadas na vítima."Rodrigo assume que deu os golpes, Uilian nega, diz que não fez nada. Mas essa versão não nos convenceu. Porque não existe ele estar ali, na cena de um assassinato, sem saber de nada", ponderou Machado.De acordo com informações da Polícia Civil, Antônio foi morto por volta de 15h30, na rotatória que liga Cajazeiras XI à Cajazeiras V. O corpo do agente foi encontrado na Rua 2 de Julho, em Cajazeiras V.

Sangue no carro Embora, segundo a Polícia Civil, a dupla tenha premeditado o crime, algumas coisas não ocorreram como Uilian e Rodrigo esperavam. Após se livrarem do corpo do agente da infância e juventude, eles seguiram para um lava jato, na região do Trobogy, no bairro de Pau da Lima, na tentativa de acabar com os vestígios do crime.

De acordo com o comandante de 50ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sete de Abril), major Sérgio Malva, responsável pela prisão, moradores estranharam a presença de um líquido vermelho [sangue] que saiu do carro durante a lavagem e entraram em contato com a PM.

"Àquela altura, já tínhamos a informação de um corpo encontrado em Cajazeiras. Uma guarnição foi ao local e encontrou os dois suspeitos e concluiu que se tratava de sangue. Eles tentaram argumentar que haviam dado socorro a um ciclista, mas se enrolavam na hora de dar os detalhes", relatou.

Ainda segundo o major, os dois foram autuados em flagrante pelos PMs e conduzidos à delegacia. A arma utilizada para cometer o crime, uma marreta, foi encontrada nas dependências do lava jato. Os presos disseram, porém, que o serralheiro que emprestou a ferramenta não sabia da intenção deles. 

Uilian e Rodrigo não têm histórico criminal. Eles vão ser submetidos a uma audiência de custódia nesta quarta-feira (22). O delegado Guilherme Machado informou que já solicitou a conversão da prisão em flagrante para a preventiva para o crime de latrocínio, roubo seguido de morte. A pena pode chegar a 25 anos de prisão.