É preciso olhar melhor para o São João

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Publicado em 24 de junho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Quando se fala em festa popular, a Bahia é associada pelo senso comum ao Carnaval. Trios elétricos, blocos, camarotes, cobertura de rádio e TV, centenas de milhares de foliões nas ruas, todo esse simbolismo do período de Momo é umbilicalmente atrelado ao imaginário que se tem sobre os baianos e seu estado natal. Contudo, o período junino, sobretudo o São João, está muito mais presente na tradição da Bahia que o próprio Carnaval. E é preciso que se olhe com maior atenção para ele.

Das 417 cidades do estado, difícil uma em que não exista, por menor que seja, comemoração em reverência aos três santos juninos: Antônio, João e Pedro. Na lista, há municípios famosos pela magnitude das festas realizadas a cada ano nos dias 13, 24 e 29 de junho. Especialmente, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Jequié e Ibicuí, cidades que estão entre as mais conhecidas.

Nelas, a economia gira em um pulso diferente durante os meses de junho. Do comércio à hotelaria, dos bares aos restaurantes, dos distribuidores de bebidas aos feirantes, dos prestadores de serviços aos ambulantes, existe toda uma cadeia produtiva que depende do São João para maximizar lucros e gerar renda e emprego. Ouve-se com frequência nessas localidades que festa junina fraca significa ano de pouca colheita em termos de negócio. Ou seja, há uma dependência saudável de certos municípios à geração de riqueza possibilitada pela festa.

Tanto que certas cidades em todo Nordeste aproveitam com maestria a bonança propiciada pela época junina. Casos de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, que disputam há décadas o título de melhor São João do mundo. Ambas souberam muito bem capitalizar todo investimento realizado na folia de junho. Com isso, conseguiram estruturar uma rede de serviços e atendimentos turísticos incomum até mesmo em outros grandes centros urbanos do interior nordestino.

Atualmente, Caruaru e Campina Grande possuem um status semelhante ou muitas vezes superior ao de outras cidades de expressão no Nordeste. Lista que inclui Feira de Santana, na Bahia; Juazeiro do Norte, no Ceará; Petrolina, também em Pernambuco, e Mossoró, no Rio Grande do Norte. Sem dúvida alguma, o São João teve uma parcela substancial de importância nesse processo, ao atrair visibilidade para tudo aquilo que as duas cidades juninas possuem além da festa. Já passou da hora de ocorrer o mesmo em outras cidades baianas, com investimentos e apoio maciço a quem tem nas festas de junho um sustentáculo importante.

Mas não é só na economia que o São João importa para o interior do estado. Há um gigantesco caldo cultural e social que se expressa no período. Milhares de artistas, mais do que tirarem o sustento com a folia junina, conseguem renovar para o público uma tradição musical, poética, gastronômica e folclórica única no mundo. Tal peculiaridade vale tanto ou mais que o potencial econômico da festa. Afinal, nada como o São João possui tanta capacidade de unir, em uma só dimensão, todos os povos nordestinos.