“É um desafio enorme”

Primeira mulher a assumir a presidência do Sindpacel em 65 anos, Sabrina de Branco prevê próximos passos do setor

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Quando os colegas que compõem as empresas do setor de papel e celulose indicaram Sabrina de Branco para à presidência do Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira de Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia (Sindpacel), a executiva, então vice-presidente da entidade, ficou surpresa, mas depois utilizou o  reconhecimento a sua trajetória como motivação para encarar o desafio durante o quadriênio 2018- 2021.

Entre as organizações parceiras que Sabrina -  gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Bahia Specialty Cellulose (BSC/Copener) e jornalista de formação - terá durante o  mandato destaca-se a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). “Os sindicatos estão entre os protagonistas do desenvolvimento industrial baiano, seja com  prestação de serviços ou com atividades de representação dos segmentos em que atuam”, destaca o presidente da Fieb, Ricardo Alban. “Na Fieb temos uma base formada por 43 sindicatos patronais, entidades atuantes e conscientes da sua importância no apoio à expansão e modernização da indústria baiana”, ressalta. 

Nesta quinta-feira (19), Sabrina toma posse como a primeira presidente mulher da história de 65 anos do Sindpacel, durante coquetel na Fieb, às 19h. O CORREIO conversou com a executiva, que na entrevista comenta a importância histórica de comandar a entidade e projeta os desafios para o setor de papel e celulose no estado.  Você é a primeira mulher eleita presidente do Sindpacel. O que representa essa conquista? É uma honra ser a primeira mulher a ocupar a presidência de um sindicato com tamanha relevância. Estou no setor há cinco anos, depois de ter vivido uma excelente experiência no setor da mineração pelo mesmo período, e tenho a oportunidade de conviver e aprender com executivos de grandes empresas, que possuem  décadas de experiência. Entender que pessoas com tamanha bagagem estão confiando a mim a liderança da defesa de interesses de suas empresas, certamente é um desafio enorme. Hoje, o Sindpacel tem uma presença feminina muito forte:  temos Juliana de Souza da Kimberly Clark como uma  das vice-presidentes,  Mariana Lisboa como diretora-secretária e  e no Conselho Fiscal, Marisa Miranda, ambas da Suzano Papel e Celulose, além das  executivas Izabella Pacheco e Cínthia Gonzales. 

O Sindpacel celebra 65 anos de atuação. Quais são as principais razões para comemorar? Somos o sindicato patronal mais antigo da Bahia, uma entidade que tem como desafio integrar as associadas em suas relações com os trabalhadores, órgãos públicos e entidades da sociedade civil organizada. Somos o setor que mais exportou no primeiro trimestre de 2018 na Bahia e que gera postos de trabalho promovendo a interiorização. Fomos o primeiro sindicato a conseguir a certificação ISO 9001. Comemoramos uma evolução sustentável, com pilares sólidos baseados no diálogo, união e representatividade de um setor que segue na direção do crescimento da chamada economia verde, importante eixo para o desenvolvimento do estado.

De que forma o Sindpacel deve atuar até 2021, período que compreende o seu mandato? Temos um grande desafio, pois do ano passado para cá algumas mudanças impactaram a indústria de forma geral e as estruturas sindicais, especialmente aquelas trazidas pela Reforma Tributária, que trouxe novos desafios e responsabilidades. 

Quais os principais desafios para o setor de papel e celulose na Bahia?  Nosso setor tem um peso enorme na economia do estado, mas ainda enfrenta grandes entraves à sua expansão mais acelerada, como, por exemplo, a morosidade no processo de licenciamento ambiental, a carência na infraestrutura logística, especialmente pelas condições das estradas e pouca disponibilidade de portos e ferrovias, além de questões fundiárias, da insegurança jurídica, das taxas e restrições à livre iniciativa, que são flagrantemente inconstitucionais, manipuladas de forma direcionada  a indústrias de base florestal.  E é justamente nesses entraves que deve se manter nossa maior atenção."Comemoramos uma evolução sustentável, com pilares sólidos baseados no diálogo, união e representatividade de um setor que segue na direção do crescimento da chamada economia verde, importante eixo para o desenvolvimento do estado" (Sabrina de Branco, presidente do Sindpacel)As empresas associadas ao Sindpacel estão em fase de ampliação? Nosso setor vive um amplo desenvolvimento, com empresas passando por fusões, aquisições, ampliações de produção e excelentes perspectivas futuras. Na Bahia, as árvores plantadas estão em mais de 50 municípios, abrigando o maior parque industrial com matéria-prima proveniente de eucalipto do mundo. Nossas associadas  representam 11% da produção de eucalipto do Brasil, com mais de 613 mil hectares de florestas plantadas; produzimos 14% da celulose do país e 95% da celulose especial da América Latina, além de 3% da produção de papéis. Respondemos por 21,4% do volume total de exportações da Bahia e a 4,7% do Brasil. Investimos mais de R$ 9 milhões em programas sociais e somos talvez o setor que mais contribua com a conservação de florestas nativas e a proteção da biodiversidade, indo  além do que  é exigido pela legislação ambiental. Sem contar que nossa variedade de produtos está presente no dia a dia de todas as pessoas.  O Sindpacel conquistou uma relevante participação junto a entidades e fóruns temáticos. Qual a importância disso? Estamos  em mais de 20 fóruns na prefeitura de Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fieb, Ibá e Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Nestes, participamos com discussões sobre sustentabilidade, meio ambiente, relações trabalhistas com foco de levar sempre a discussão e pautas relevantes para o nosso setor e para a sociedade.

Como você analisa a importância da Fieb quanto a defesa de interesses das empresas do setor de papel e celulose? A Fieb  garante um espaço para que as entidades como nós, e consequentemente nossas associadas, consigam apresentar seus projetos e ideias, formular propostas e identificar problemas, permitindo a interação com o setor público e privado para promover o desenvolvimento do estado e das regiões onde estamos instalados. As consistentes ações desenvolvidas pela Fieb em relação a promoção ao associativismo têm permitido que ela ocupe lugar de destaque em nível nacional, sendo considerada pela CNI como uma das três federações de maior relevância no país, reconhecimento mais que merecido.

As empresas do setor têm um bom histórico na área de responsabilidade socioambiental. É possível melhorar esses índices? No Brasil, os investimentos são da ordem de R$ 300 milhões e chegam a beneficiar mais de 2 milhões de pessoas. Na Bahia, esses investimentos somam aproximadamente R$ 10 milhões em projetos voltados para a melhoria na qualidade da educação, geração de emprego e renda, apoio à saúde, educação ambiental e fortalecimento da cultura local. Acreditamos que, mantendo uma boa relação com as comunidades onde atuamos e contribuindo para que elas cresçam junto com as nossas empresas, só teremos bons frutos a colher. É uma relação de “ganha-ganha”, que podefazer a diferença na sustentabilidade dos nossos negócios e na vida de milhares de pessoas.

Oferecimento:

O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.

Assinantura Estudio Correio
O Estúdio Correio produz conteúdo sob medida para marcas, em diferentes plataformas.