Eficiência energética exigirá especialização de trabalhadores

Senai estima que Brasil terá cerca de 452 mil empregos ligados ao setor em 2030

Publicado em 25 de agosto de 2018 às 08:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Soninha Vill/Agência Brasil

O Brasil deve ter, em 2030, cerca de 452 mil empregos ligados à eficiência energética, segundo estimativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O cálculo foi feito a partir dos compromissos assumidos pelo país na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 21).

Atualmente, aproximadamente 136 mil pessoas trabalham em ocupações para melhor aproveitamento energético e geração elétrica por fontes eólicas, fotovoltaicas ou de biomassa. As chamadas energias limpas estão entre os temas do Fórum Agenda Bahia 2018, que em novembro realizará o seminário Humanize-se. 

O crescimento das fontes renováveis já tem sido observado nos últimos anos. Entre 2012 e 2018, o potencial instalado de energia fotovoltaica passou de 7,2 megawatts (MW) para 1,3 gigawats (GW), de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mencionados pela CNI. O potencial da energia eólica passou de 2,5 GW para 13,1 GW no mesmo período, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica citados no levantamento.

Especialização e novas ocupações

Segundo o gerente de educação do Senai nacional, Felipe Morgado, as novas demandas do setor exigem novos conhecimentos para trabalhar na área. “Um aprendizado que a gente teve com a Alemanha é que temos que especializar as profissões tradicionais. Então, os eletricistas, os profissionais de eletroeletrônica, devem fazer especializações para que possam trabalhar na área de eficiência energética e de energias renováveis”, destacou.

Além da especialização em ocupações existentes, o desenvolvimento tecnológico traz ainda vagas em áreas que até pouco tempo não existiam. O Senai estima, por exemplo, que em cinco anos, 10% das empresas do setor de energia solar vão precisar de instaladores de painéis fotovoltaicos. Em 10 anos, a demanda deve partir de até 30% dos empreendimentos do ramo.

Salários melhores

Posições que, de acordo com Morgado, abrem as portas para melhores salários e aumentam as chances de se colocar no mercado de trabalho. “As pessoas que vão se especializando, principalmente nas áreas de eficiência energética e energias renováveis, têm um ganho significativo no salário e ganham novas oportunidades de emprego”, enfatizou.

Entre os egressos dos cursos profissionalizantes para carreiras ligadas a energias renováveis, o índice de empregabilidade chega a 70%. De acordo com o levantamento do Senai, entre os mais de dois terços de ex-alunos que estão trabalhando, 53,6% recebem mais do que dois salários-mínimos, sendo que 20,9% ganham mais do que cinco salários.

Apesar de algumas tecnologias se concentrarem em áreas específicas, como a energia eólica no Nordeste, Morgado ressaltou que outras, como a energia solar, estão presentes em qualquer parte do território nacional. O Senai oferece 24 cursos em energias renováveis em 12 estados.

“A energia fotovoltaica está em todo lugar: na casa das pessoas, nas indústrias, nas fazendas. Então, é importante ter esse profissional bem qualificado para garantir que não exista nenhum problema na instalação e para fazer a manutenção desses equipamentos”.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Revita e Oi, e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.

*Com Daniel Mello, da Agência Brasil