‘Elas não tinham problema com ninguém’, diz parente de mortas em Maragojipe

Cunhada e tia das vítimas, Ana Paula Brandão diz que irmão está abalado; rapaz prestou depoimento

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  • Tailane Muniz

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 02:28

- Atualizado há um ano

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Mãe e filhas morreram em um espaço de tempo de 15 dias (Foto: Reprodução) A polícia tem duas linhas de investigação para o mistério que cerca as mortes, em série, de uma mãe, duas filhas e o cachorro da família, no povoado de Nagé, em Maragojipe, no Recôncavo baiano. Familiares das vítimas, no entanto, não conseguem chegar a uma conclusão do que ocasionou as mortes da marisqueira Adryane Ribeiro Santos, 23 anos, suas filhas, Ruteh Santos da Conceição, 2, Greisse Kelly Santos da Conceição, 5, e Jack, o cachorro das meninas.

Em entrevista à TV Bahia, o delegado responsável pelas investigações, Marcos Veloso, afirmou que está investigando duas possibilidades, sem especificar, entretanto, quais são elas.

Tia das crianças e cunhada de Adriane, a funcionária pública Ana Paula Brandão, 35, disse que a família não tinha inimigos. Segundo Ana, o irmão, o pescador Jeferson Eduardo Brandão, 29, não come desde a morte da filha mais nova, há 17 dias.

"Quando a primeira menina morreu, eles já ficaram muito desesperados. Foi um baque para os dois. Eles [o casal] eram muito unidos, se amavam e amavam as filhas", contou ao CORREIO. Greisse (à esquerda) e Ruteh morreram antes da mãe (Foto: Reprodução) As mortes ocorreram, pontualmente, nas últimas segundas-feiras - entre 30 de julho e 13 de agosto. Primeiro Greisse, depois Ruteh e, por último, Adriane. Ambas apresentaram sintomas de mal estar e, ao serem levadas à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, não resistiram e morreram.

Ana Paula disse à reportagem que quando Ruteh morreu Adriane entrou em choque no hospital."Ela repetia: 'meu deus, Paulinha, de novo? De novo, não! Pelo amor de Deus, o que é que está acontendo? Isso é um pesadelo", lembrou a cunhada.Investigações A irmã de Jeferson afirmou que o pai das crianças não estava em casa quando a filha mais nova, Ruteh, foi socorrida por Adriane. Na casa da mãe, ele ficou sabendo da morte da menina e, segundo ela, entrou em desespero.

"Ele não se conforma. Não entende. E o que mais nos machuca é o fato de que algumas pessoas estão culpando ele. As mesmas pessoas que, no início, chegaram a culpar Adriane", pontuou.

"Eu ouvi Jeferson e ele negou qualquer envolvimento. Ele afirmou que a família se convertou recentemente à religião evangélica e que se davam muito bem", disse.

O delegado comentou que não citaria os suspeitos do que pode ter sido um crime planejado. "Estamos investigando. É possível, sim, que o cachorro também tenha sido vítima de um alimento contaminado. Nós recolhemos resto de chocolate e um líquido suspeito serão periciados", completou.

Ana Paula Brandão confirmou à reportagem que ela, o irmão e outras cinco pessoas também prestaram depoimento nesta quinta-feira (15). "Meu irmão está bastante abalado e não se alimenta, só bebe líquido".  Familiares afirmam que casal era unido; Jeferson prestou depoimento (Foto: Reprodução) O casal, segundo familiares, morava junto há cerca de seis anos, mas casou oficialmente em março deste ano. Ana afirmou, ainda, que eles não tinha problemas no povoado de Nagé.

"Eles estavam prontos para se mudar para a rua da nossa mãe, estavam construindo uma casinha lá. Moravam no terreno da mãe de Adriane desde que se juntaram. Eu não acredito que alguém tenha entrado lá para fazer isso porque a casa deles não era frequentada por estranhos".

Para a tia e cunhada das vítimas, o crime pode ter relação com magia negra. "A gente não sabe o que se passa na cabeça das pessoas. É a única coisa que eu consigo pensar. Adriane ou meu irmão jamais seriam capazes de envenenar as filhas. Eles eram um casal equilibrado", disse ela, afirmando que Jeferson está na casa da mãe desde a morte da esposa.

A jovem marisqueira era aposentada devido a uma hernia no estômago. De acordo com a cunhada, uma operação poderia causar a morte de Adriane. "Ela recebia esse dinheiro mas mesmo assim trabalhava. Queria o melhor para as meninas, assim como meu irmão". O CORREIO não conseguiu contato com familiares de Adriane. 

Embora diga que a família não tinha problemas com ninguém em Nagé, Ana contou ao CORREIO que soube de uma ameaça sofrida pela mãe e irmã de Adriane. "Eu não vi, mas a mãe dela me contou que essa mulher, que mora na mesma rua, falou: 'vocês vão perder o que vocês mais amam', e a polícia tem conhecimento desta informação".