Ele é casado, mas nunca encontrou uma mulher como você

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Eu não sei não, mas desconfio de que tem muito homem que casa com a primeira mulher que encontra na fila da padaria, sem nem prestar atenção. Porque, depois de casado, é que conhece a pessoa incrível com quem gostaria de estar. Mas aí lascou-se: já tem os filhos, o apartamento, a sociedade na empresa. Muita falta de sorte, muito sofrimento da vida, muita justificativa pra aquele horário de almoço no motel. Porque, pôxa... ele é casado, mas nunca encontrou uma mulher como você.

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Essa conexão única, essa intimidade instantânea, esse sexo transcendental. E você cai. No papo, de amores, de quatro e de todos os jeitos que "ela", a "oficial", ele garante que não faz. Que nem faz mais, inclusive. Principalmente depois de você que chegou arrancando páginas, elevando o padrão. Há muitos motivos e num dia, num bar, entre amigas, você acaba dizendo "nosso caso é especial".

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Pode até ser, mas coincidentemente o seu "romance" segue o roteiro de todos os casos extraconjugais: um homem "infeliz" no casamento encontra uma mulher "incrível" e só não fica com ela pra sempre porque separar seria complicado demais. Ou então, ele vai separar, mas não agora porque a sogra tá doente, os meninos são pequenos, a família acabou de adotar um cachorro ou dividir o patrimônio prejudicaria a todos nesse momento. Mas com você é especial. Ah, tá.

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Na imensa maioria das vezes, não foi, não é nem nunca será. Todos dizem isso. Assim, parecem mais "limpinhos", mais "confiáveis". É só um jeito de parecer mais "digno" dentro do cumprimento da ordem que não consegue subverter: macho que é macho, trai. Manjado, cafona, previsível demais. E tudo bem se você curte ser amante, mas se sua vibe é "amor de verdade", acredite que não é com homem casado que você vai encontrar.

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Eu, que já entrei nessa (nunca disse que sou santa e já fiz merda pacaraio), hoje penso  "por que eu quis um homem que mentia com tanta habilidade?". Se não pra mim (nunca se sabe), mentia para a "oficial", claro. Um talento detestável para o qual a gente bate palminha quando tá do "nosso lado". Mas que, pense direitinho, é justamente a chave, exatamente o crachá de um certo tipo de macho: aquele que vive na superfície e, não importa o quando se digam apaixonados, nos coloca a todas exatamente no mesmo saco.

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*Flavia Azevedo é produtora e mãe de Leo

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