‘Ele é um monstro. Estamos todos sofrendo’, diz prima de jovem morta em Feira

Crime foi em fevereiro, e catador acabou preso na terça-feira (19)

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  • Gil Santos

Publicado em 21 de junho de 2018 às 16:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

A família da estudante Bruna Santana Mendes, 16 anos, esteve na casa do catador de materiais recicláveis Gilmar Dantas dos Santos, 41, menos de uma semana depois da vítima ser encontrada morta, dentro de um saco, em Feira de Santana. O crime aconteceu em fevereiro e causou grande repercussão. Gilmar foi preso na última terça-feira (19) e, segundo a polícia, confessou o homicídio. 

Uma prima de Bruna contou ao CORREIO nesta quinta-feira (21) que Gilmar foi abordado por alguns familiares de Bruna menos de uma semana depois do crime. Eles questionaram o catador sobre o paradeiro da jovem.

“A gente tinha a informação de que ela foi vista viva pela última vez quando estava falando com ele (Gilmar), mas ele negou que tivesse falado com ela. Meu primo contou pra ele que um vizinho viu os dois conversando, foi então que ele disse que falou rápido com ela, que ela tentou usar o celular e não conseguiu, e que depois foi embora”, contou.

A notícia de que Gilmar havia confessado o assassinato e detalhado como estrangulou a estudante até a morte pegou a família de Bruna de surpresa.

Segundo a prima, no início da investigação, os pais e os irmãos da vítima estavam desconfiados da participação dele no crime, mas depois que a polícia apresentou outros três suspeitos, eles descartaram essa hipótese.

“Ele é casado e tem um filho. Foi uma surpresa para a gente o que ele foi capaz de fazer. Se encontrasse com ele hoje não diria nada, porque ele não merece minha atenção. É um ser humano que merece ser excluído da sociedade. Ele é um monstro que tirou a vida de uma pessoa maravilhosa. Estamos todos sofrendo”, disse.   Bruna Santana Mendes tinha 16 anos (Foto: Reprodução) Sonho Bruna era estudante do 2º grau e tinha o sonho de ser médica. Segundo a família, ela era aplicada nos estudos e estava procurando emprego para mudar de Serra Preta, onde morava com os pais, para Feira de Santana. A jovem acreditava que se trocasse de escola teria mais chances de conseguir uma vaga na universidade.

“Ela estava em Feira porque conseguiu uma vaga de trabalho como Menor Aprendiz. Eu falei com ela dois dias antes do crime. Ela estava empolgada com o trabalho e fazendo os exames. A mãe dela não estava gostando muito da ideia de ela mudar para Feira, mas ela estava determinada a ter um trabalho. Sempre quis ser independente”, contou a prima.

Bruna ficou hospedada na casa de alguns primos, onde também iria morar quando mudasse de Serra Preta. A alegria da jovem foi interrompida no domingo, dia 18 de fevereiro. Ela passou a tarde no shopping com o namorado e quando voltou para casa não encontrou os familiares. Na tentativa de saber onde eles poderiam estar, ela pediu ajuda a Gilmar.

Assassinato O titular da Delegacia de Homicídios de Feira de Santana, Fabrício Linard, contou que uma testemunha viu quando Bruna estava conversando com Gilmar, mas não percebeu o momento em que a jovem entrou na casa do catador.

“Ela estava tentando ligar para a família, mas não estava conseguindo completar a chamada. Gilmar sugeriu que ela entrasse na casa dele, onde o sinal de wi-fi era mais forte, e ela poderia mandar uma mensagem de texto para os parentes. A vítima fez isso, e foi nesse momento que ele atacou”, contou o delegado ao CORREIO no dia da prisão.

Segundo a polícia, Gilmar contou que pretendia estuprar a estudante, mas que não teve tempo de fazer isso porque, mesmo amordaçada, ela continuou gritando por socorro. Com medo de que os vizinhos ouvissem os gritos, ele deu um ‘mata leão’ e estrangulou a vítima até a morte.

Em seguida, colocou o corpo dela em um saco e o levou por 600 metros, em um carrinho de mão, até o terreno onde ela foi encontrada três dias depois. O crime ocorreu por volta das 19h, e a mulher e o filho de Gilmar não estavam em casa quando tudo aconteceu.

Provas Segundo o delegado, o catador era suspeito desde o início da investigação, mas não havia provas para prendê-lo. A situação mudou na sexta-feira (15) quando o resultado do exame de DNA comprovou que o material que Bruna tinha embaixo das unhas pertencia a Gilmar.

A polícia solicitou mandado de busca e apreensão para a casa dele e outro de prisão preventiva que foram concedidos pela Justiça. O catador não resistiu à prisão e foi indiciado por homicídio e estupro. Ele já é investigado em outros dois processos por estupro, ocorrido em 2009 e 2014, em Conceição do Jacuípe, município vizinho.

Até a manhã desta quinta-feira (21), ele permanecia na carceragem da Delegacia de Homicídios de Feira, mas será transferido para o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador, nos próximos dias.

Bruna deixou os pais e seis irmãos.