Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Menina foi morta com um tiro na cabeça enquanto dormia no sofá da sala; padrasto trocou tiros com a PM e acabou morto
Tailane Muniz
Publicado em 10 de agosto de 2017 às 14:25
- Atualizado há um ano
O montador Jeferson de Lima dos Santos, 28 anos, que matou com um tiro na cabeça a enteada, Ana Clara Menezes Câmara, 8, já chegou a bater na mãe da vítima para que ela tirasse a menina de casa. De acordo com o primo do assassino, o pedreiro Edson Lima, 37, Jeferson nunca gostou da filha da esposa. O crime ocorreu na madrugada de quarta-feira (9), em São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
A mãe de Ana Clara, a dona de casa Luana Menezes, 25, morava com o montador e Ana há oito meses, em uma casa alugada no Caípe de Baixo, distrito de São Francisco. Além da menina, Luana tem outras duas crianças que não moram com ela. Tanto a dona de casa quanto Jeferson são de São Sebastião do Passé, também na RMS.
O CORREIO esteve, na manhã desta quinta-feira (10), na casa onde o crime ocorreu. As marcas de sangue ainda estão espalhadas pelas paredes do imóvel de apenas dois cômodos. Documentos, roupas e outros objetos pessoais foram abandonados por Luana, que voltou para São Sebastião do Passé. Ana Clara, na foto com quatro anos, foi morta pelo padrasto com tiro na cabeça; (Foto: Reprodução/Tailane Muniz) "Eu quem trouxe Jeferson para cá. Ele estava em São Sebastião se envolvendo com coisas erradas, metido com facções criminosas. Veio e trouxe ela [Luana] e Ana Clara. Alugaram essa casa mas vivam brigando porque ele queria que a menina fosse embora", relata Edson, que presenciou o momento em que Jeferson, armado, saiu de casa correndo atrás da mulher, logo após matar a menina.
"Ela veio aqui em casa e me gritou, vi ele vindo atrás. Quando vi que ele estava armado, pedi, implorei que ele não fizesse aquilo, mas ele nem me enxergava. Estava completamente fora de si. Ela só gritava: 'Ele matou minha filha, ele matou minha filha'", lembra.
Ainda conforme Edson, Jeferson chegou a dar uma coronhada na mulher e, em seguida, saiu correndo para uma rua vizinha, onde fez uma família refém - pouco antes de ser morto pela polícia. A Polícia Militar informou, por meio de em nota, que o confronto com o suspeito aconteceu depois que vizinhos acionaram a polícia ao terem ouvido barulho de tiros. "Quando os policiais militares da 10ª CIPM (Madre de Deus) chegaram ao local foram informados por populares que o suspeito teria estuprado a enteada de 8 anos e efetuado disparos de arma de fogo contra a vítima, que não resistiu", explicou a polícia. Após crime, mãe da criança abandonou a casa com roupas, documentos e outros objetos pessois (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Estupro O corpo de Ana Clara, segundo Edson, estava no sofá da sala da residência. A menina estaria com a blusa suspensa, o que fez com que os vizinhos acreditassem que ele pode ter abusado sexualmente da garota.
"Luana contou para a gente que estava dormindo. Quando ouviu o tiro, chegou na sala e já encontrou a filha morta no sofá onde dormia", acrescenta.
"Ele implicava demais. Chamava a menina de ousada. Talvez ele já tivesse feito [estuprado] antes e aí se arrependeu e acabou perdendo a cabeça. A gente não sabe, nunca vai saber o real motivo", pontua o primo, que esteve no local logo depois do assassinato e encontrou vestígios de droga. Após matar enteada, Jeferson trocou tiros com a polícia e também morreu (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Edson contou que Ana Clara estava na casa de familiares em São Sebastião e havia retornado à casa da mãe no dia do crime. "Voltou para morrer. Eu perguntei para Luana se ela desconfiava que ele tivesse feito mal à menina mas ela disse que não", contou.
"Eu vi maconha e várias embalagens de cocaína. Sinto muito, tentei ajudar de todas as maneiras, mas ele entrou nessa loucura e deu nessa tragédia". De acordo com a família, o montador tem um filho de seis anos que mora com a mãe em outra cidade. Ao CORREIO, o responsável pelas investigações, delegado José Edson, da 21ª Delegacia (São Francisco do Conde), informou que tudo indica que Jeferson foi motivado por questões emocionais. "Infelizmente, leva a crer que foi um crime passional, ou seja, relacionada com questões dentro da família. Ainda não ouvimos todas as partes", pontuou.
O crime está sendo investigado pela Polícia Civil, que vai instaurar inquérito para apurar o caso. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou, por meio de assessoria, que apenas o laudo da perícia pode atestar se a menina foi ou não estuprada - o exame, conforme o DPT, leva até 30 dias para ficar pronto. O corpo de Ana Clara foi enterrado na manhã desta quinta-feira, no Cemitério Municipal de São Sebastião do Passé.