'Ele sabia que isso poderia acontecer', diz parente de adolescente morto por PMs

Marcos Vinicius Moreira, 15 anos, foi baleado duas vezes; de acordo com os familiares, ele era integrante da facção Comando da Paz (CP)

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  • Nilson Marinho

Publicado em 20 de julho de 2017 às 11:06

- Atualizado há um ano

Um dos mortos durante operação da Polícia Militar na Rua Antônio Viana, na localidade da Baixa do Tubo, em Cosme de Farias, era um adolescente de 15 anos. De acordo com familiares da vítima, que não quiseram ser identificados, Marcos Vinicius Moreira integrava a facção Comando da Paz (CP) e estava na companhia de colegas quando foi surpreendido a tiros pelos policiais na madrugada de quarta-feira (19).

Ainda de acordo com os familiares, após receber o primeiro tiro, Marcos correu e tentou se esconder na casa de um morador da região. No interior da residência, o adolescente foi morto com um outro disparo. Ele foi atingido no abdômen e lombar. "Nós sabíamos que ele não era santo, sabíamos também como são feitas essas operações. Apesar do envolvimento, ele era uma criança ainda e tínhamos esperança que saísse dessa vida", disse um familiar ao CORREIO antes de fazer o reconhecimento do corpo de Marcos no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, na manhã desta quinta-feira (20).

Antes de ser morto, testemunhas relataram a família que Marcos gritava por socorro. "Os policiais não deram chance, chegaram gritando: 'esse é pro corte, esse é pro corte'. Ele sabia que isso poderia acontecer. Imagino também que ele tinha medo porque não faltaram conselhos", completou o parente, que teme represálias de membros da facção e de policiais militares. 

Os familiares acreditam que Marcos estava armado no momento do crime. O adolescente não estudava e os parentes não souberam informar há quanto tempo ele fazia parte da facção criminosa. "Ele era um menino rebelde e há muito tempo vinha dando trabalho. É sempre pela mesma coisa, né? Por um sapato, uma roupa da moda e o destino de quem entra também é o mesmo". 

Ainda de acordo com os parentes, Marcos já foi abordado outras vezes por policiais militares. "Nunca acharam nada com ele. Foi uma crueldade porque pra mim ele ainda era um criança. Acredito que eles (policiais) teriam marcado a cara dele", concluiu. A Polícia Militar foi procurada e informou em nota que "o ideal é entrar em contato com a Polícia Civil, responsável pela investigação".

O adolescente foi socorrido pelos próprios policiais da 58ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Luís Anselmo), com apoio da Rondesp, para o Hospital Geral do Estado (HGE). Lá, na ocorrência do posto policial da unidade, deu entrada como "indíviduo ignorado, do sexo masculino, de aproximadamente 20 anos".