Eleições 2018: Ciro X Alckmin

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  • Armando Avena

Publicado em 11 de maio de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A decisão do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa de não disputar a eleição presidencial parece ter colocado uma pá de cal na possibilidade de surgimento de um candidato outsider na disputa. Com isso, embora tudo permaneça nebuloso e imprevisível, a disputa começa a afunilar em torno de quatro candidatos: Jair Bolsonaro,  Marina Silva, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes. Esses candidatos  lideram as pesquisa de opinião, quando o nome do ex-presidente Lula não aparece, e são os que apresentam maior possibilidade de crescimento.   Além desses, há um contingente superior a 25% do total de eleitores que prefere votar branco ou nulo, sendo impossível prever que percentual desse contingente vai migrar  para alguns dos candidatos citados ou aceitar a transferência de votos de Lula e votar num candidato indicado por ele. O PT deve lançar candidato próprio,  é da natureza do partido agir assim, mas não dispõe de nomes competitivos e, quanto mais demora em apresentar um nome para substituir Lula, menos competitivo esse nome fica. Entre os quatro candidatos mais bem posicionados,  o que apresenta melhor estrutura partidária é Geraldo Alckmin, especialmente se viabilizar a aliança com o MDB e o DEM, o que lhe dará tempo de televisão e muitos apoios país afora. Uma aliança com o PSB, ou parcela dele, não está descartada, afinal, o atual governador de São Paulo, Márcio França, candidato à reeleição, é desse partido e apoia o candidato do PSDB. Pesa contra Alckmin a falta de carisma e a dificuldade de empolgar o eleitorado, já provada em eleição presidencial anterior, mas ele pode ser o desaguadouro dos votos do eleitorado de centro que anseia por certezas e segurança para o futuro. Mas seu fraquíssimo desempenho no Nordeste exige a escolha de um vice nordestino de peso e/ou a formação de palanques estaduais fortes na região.   Esse carisma e essa empolgação que Alckmin parece não ter são exatamente os maiores atributos de Ciro Gomes, um candidato com capacidade de atrair eleitores à esquerda e à direita, a depender dos movimentos que faça. Pesa contra Ciro, no entanto, seu pavio curto e a capacidade de atropelar a si mesmo com declarações impensadas, além da insegurança  relacionada ao seu programa econômico, que dança ao sabor de propostas ora estatizantes, ora liberalizantes. Se quer se tornar uma alternativa palatável, Ciro precisa fazer uma carta à nação, estabelecendo o que pretende fazer,  especialmente no relacionado ao ajuste fiscal e previdenciário, à política cambial e as metas de inflação. O ex-governador do Ceará ainda pode atrair parcela do PSB, agora órfão de Joaquim Barbosa, mas precisa de um vice oriundo de São Paulo, para fortalecer sua posição no Sul e Sudeste. Ao largo desse dois candidatos, corre por fora  Marina Silva, uma candidata com o perfil próximo ao anseio da maioria da população, com um discurso elaborado e capacidade de disseminação de ideias e que possui todas as condições para chegar ao segundo turno, mas que não possui estrutura partidária e tem apenas 30 segundos no  programa eleitoral. Jair Bolsonaro, por seu turno, apresenta um discurso  frágil que encontra eco basicamente na classe média desiludida, aquela que acha que “bandido bom é bandido morto”, e que acredita na força das armas e da vontade como solução para os complexos problemas brasileiros. Bolsonaro e Marina lideram as pesquisas de votos, mas, ao contrário de Alckmin e Ciro, tendem a ver desidratadas suas candidaturas ao longo da campanha, se não forem capazes de ampliar a aliança partidária para viabilizar tempo na televisão e estrutura de campanha. Esse é o cenário do momento e nele o segundo turno se dará entre Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, como, aliás, prevê o ex-governador do Ceará. Mas a política tem como hobby destruir previsões e cenários como este, por isso, o leitor não deve se precipitar, afinal muita água ainda vai rolar no rio caudaloso da política brasileira.

Petrobras na Bahia: qualificar o debate As lideranças políticas, empresariais e sindicais na Bahia precisam qualificar o melhor debate quando o assunto for a venda da Fafen – Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados  e de 60% da participação acionária da Rlam- Refinaria Landulpho Alves, desinvestimentos já anunciados pela Petrobras.  Subir na mesa e gritar  “o petróleo é nosso” , por exemplo, é inútil e está fora de moda. Já acusar a Petrobras de estar a serviço das empresas importadoras, exigindo que ela subsidie o gás natural e outros insumos para tornar competitiva essas empresas é um tiro no pé. Foi esse tipo de subsídio que quase quebra a Petrobras e uma das razões para a geração de um monstruoso déficit fiscal que acabou por derrubar uma presidente da República. Defender subsídios para a gasolina ou para o gás, só com a definição de onde virá o dinheiro. O caminho é outro. Uma possibilidade, por exemplo, é verificar outros itens de custos, como impostos estaduais, impostos federais, operação logística, etc, para assim tornar a Rlam e a Fafen mais competitivas. Por outro lado, não se pode esquecer que a Rlam tem 70 anos e precisa de investimentos para se modernizar. Como o Estado brasileiro não tem recursos e a Petrobras está  concentrando os investimentos na prospecção e no pré-sal, o investimento privado pode ser uma alternativa concreta. Mas, para isso, não é necessário vender a Rlam, pode-se atrair um sócio privado, sem entregar o controle da empresa, com a venda, por exemplo, de 45% da participação acionária. O que não se pode é continuar gritando “o petróleo é nosso” e defendendo que o Estado continue colocando recursos – que poderiam ir para educação e saúde – para sustentar empresas incapazes de competir.

Turismo orçamentário Outra barbaridade é a ideia de líderes do trade turístico de Salvador que querem convencer os vereadores a apoiar proposta que fixa em 5% o percentual mínimo destinado ao turismo no orçamento municipal. Ora, a vinculação orçamentária no Brasil já é enorme, reservando-se 25% para educação, 12% para saúde e outro tanto para despesas obrigatórias, como a Previdência. Assim,  se cada setor resolver vincular um pedaço do orçamento,  não vai dar para quem queira e não será necessário sequer ter prefeito ou Câmara de Vereadores, pois tudo estará definido a priori.

Reféns dos celulares Um grupo de casais amigos está reunido para jantar, quando, para espantar o tédio, alguém propõe uma brincadeira: “Vamos deixar nossos celulares sobre a mesa e toda mensagem ou ligação terá de ser lida ou ouvida por todos.” Não parece uma brincadeira agradável, mas resistir seria confessar que há algo para esconder e, assim, todos entram no jogo. Com essa história simples, o diretor espanhol Álex de la Iglesia fez um filme hilariante que, ao tempo em que faz rir, mostra como criamos uma sociedade onde toda e qualquer privacidade foi sequestrada pelos celulares. Intitulado Perfeitos Desconhecidos, o filme é baseado em uma comédia italiana e está na Netflix.