Eleito com 66% dos votos, novo líder francês promete reformas

A partir do próximo domingo, Emmanuel Macron começa a enfrentar os desafios de reorganizar o país com taxa de desemprego em mais de 10% e com imagem política manchada por escândalos de corrupção

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  • Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2017 às 09:00

- Atualizado há um ano

A partir do próximo domingo, o mais jovem presidente eleito na história da França, Emmanuel Macron, de 39 anos, começa a enfrentar os desafios de reorganizar o país com taxa de desemprego em mais de 10% e com uma imagem política manchada por escândalos de corrupção.Essas devem ser as primeiras tarefas do centrista eleito anteontem, em segundo turno, com 66% dos votos contra Marine Le Pen, da extrema direita, que obteve 34%, de acordo com números oficiais do Ministério do Interior. Ex-ministro da Economia do presidente François Hollande, Macron nunca havia disputado uma eleição e, apesar da grande vantagem sobre sua adversária, pesquisas realizadas antes do segundo turno indicaram que grande parte dos eleitores franceses votou no centrista por falta de escolha e não por aderir às suas ideias. A intenção era evitar que a Frente Nacional de Le Pen chegasse ao poder. Isso porque as propostas liberais e o programa de governo, que inclui várias reformas, entre elas a da legislação trabalhista, fiscal, do seguro desemprego e da Previdência, não agradam a tantos franceses assim.Emmanuel Macron, com 66% dos votos, comemorou a vitória sobre Marine Le Pen (34%), da extrema direita (Foto: AFP)PromessasAinda durante a campanha, Macron anunciou um plano de medidas de choque assim que chegar ao Palácio do Eliseu, que serão submetidas à aprovação nos próximos meses e, em muitos casos, por decreto, o que lhe permitirá reduzir os trâmites parlamentares.As eleições legislativas de junho, que renovarão a Assembleia Nacional, indicarão o poder real com o qual contará o novo chefe de Estado que, caso não consiga uma maioria suficiente, terá que negociar com outros grupos.Como disse Macron à Agência Efe em uma entrevista recente, “o primeiro texto que será apresentado tratará sobre a moralização e a renovação da vida política” na França, devido à proliferação de casos de corrupção. O combate à corrupção, aliás, foi a arma do candidato para resistir a dois de seus principais rivais, o conservador François Fillon e Marine Le Pen, ambos investigados por supostos casos de má utilização de recursos públicos por meio de empregos fictícios de assistentes parlamentares.Reforma trabalhistaO ponto mais delicado com o qual o novo presidente terá que lidar, porém, é a reforma trabalhista. Macron disse que a reforma aprovada por seu antecessor no ano passado “segue em um bom caminho”, mas “é insuficiente”, o que dá a entender que seu texto não deverá agradar aos sindicatos mais combativos.Essas centrais levaram às ruas milhares de manifestantes contra o texto do atual presidente François Hollande, então é esperado que as mesmas não deem trégua à reforma que será proposta pelo novo presidente.Seu principal objetivo é permitir que as condições trabalhistas, em particular a jornada de trabalho, sejam negociadas em cada empresa, uma ideia que os sindicatos consideram que coloca todo o poder nas mãos dos patrões.Eleições legislativasMacron prevê que a nova Assembleia Nacional que emergirá das eleições legislativas de junho comece a trabalhar já em julho para aprovar novos orçamentos e para que, em setembro, já tenha preparado um novo plano orçamentário para os cinco anos seguintes.Na mira do novo presidente está estabelecer cortes orçamentais de 60 bilhões de euros. Outra de suas primeiras medidas, destinada a melhorar o poder aquisitivo da população, será relativa ao imposto municipal de residência, que atualmente é pago por todas as moradias ocupadas e que o presidente eleito quer eliminar para 80% da população com menos recursos.No âmbito internacional, está previsto que Macron efetue sua primeira viagem oficial a Berlim, para se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel. O presidente eleito já anunciou que aguardará o resultado das eleições na Alemanha para relançar o projeto europeu de forma conjunta.TerrorismoAssim que assumir sua cadeira no Palácio do Eliseu, Macron reunirá o Conselho de Defesa, para tratar de um assunto particularmente sensível na França, onde ainda está vigente o estado de emergência, que foi declarado em novembro de 2015 pela onda de atentados terroristas no país.O presidente eleito quer melhorar a coordenação dos serviços de inteligência no país e criar uma força de intervenção rápida de combate ao terrorismo que será orientada diretamente pelo Executivo francês, para agir tanto dentro como fora de França. Macron também se comprometeu a contratar 10 mil agentes para reforçar a segurança no país. Sobre o tema, porém, garantiu que não fechará as portas do país para os refugiados, como prometia Le Pen.