Elenco e autora de Amor de Mãe revelam como será segunda temporada

“Carminha, perto da Thelma, é uma fofa”, diz Regina Casé; novela retorna em 1º de março

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  • Laura Fernades

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 18:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: João Miguel Júnior/TV Globo

Acrílico separando um ator do outro, fita métrica para manter o distanciamento correto, máscaras, álcool em gel e um elenco doido para se abraçar, sem poder. Foi com essas cenas de bastidor que a novela Amor de Mãe se manteve de pé nos últimos meses, afinal a pandemia interrompeu a trama em março de 2020 e só agora, um ano depois, sua segunda temporada vai finalmente ao ar.

A partir do dia 1º de março, a novela de Manuela Dias volta em edição compacta durante duas semanas, dividindo o horário com A Força do Querer. Mas o resultado das gravações que recomeçaram em agosto de 2020 vai poder ser visto a partir de 15 de março, quando Amor de Mãe volta a ocupar o horário das 21h com capítulos inéditos. Eles se passam seis meses depois do último episódio da primeira temporada.

A autora até que tentou evitar falar da pandemia, mas percebeu que seria impossível continuar sem isso. Sendo assim, a segunda temporada da novela vai começar com um marco temporal peculiar: os primeiros nove mil mortos da covid-19. A passagem de tempo será feita a partir da evolução do número de vítimas da doença que parou o mundo, revelou durante evento virtual para jornalistas, nesta segunda-feira (22).

“A novela é extremamente realista, naturalista até. A covid entrou exatamente como entrou em nossas vidas”, explica Manuela Dias sobre o texto que virou um desafio. “Tudo o que a novela não pedia era o isolamento. É a história de uma mãe procurando um filho: mas quem procura de dentro de casa?”, questiona sobre o rumo da personagem principal Lurdes, interpretada por Regina Casé, no meio da pandemia.

Lá no começo, Manuela chegou a dizer “Deus me livre ter pandemia na novela”. “Eu mesma falava ‘está tão duro viver isso todo dia, imagine na ficção’”, lembra Regina Casé. Até que os textos chegaram. “Fiquei com medo, mas achei uma coisa ótima, porque é mais que realista, tem uma característica documental. Não só marca época, mas também as emoções”, ressalta. Lurdes (Regina Casé) e sua família em Amor de Mãe (Foto: João Cotta/TV Globo) Humana A bolsa de Lurdes, a sombrinha, a tolha e os óculos estão pendurados na porta de casa de Regina desde o início da quarentena. A protagonista até pensou que depois de seis meses sem falar na personagem acabaria incorporando outro sotaque, mas não tinha jeito, bastava ler “você” no texto e já saía um “tu”. “Coloquei os óculos, a bolsa e a Lurdes veio em um segundo. São mágicos. Botou, virou”, gargalha.

A atriz conta que não sentiu, nessa nova fase, a personagem como “uma mulher nordestina que mora na periferia do Rio de Janeiro”. Ela era, na verdade, o próprio Brasil com suas dificuldades e questionamentos: “Como vou ganhar dinheiro? Como meu filho vai trabalhar? Como vou sair de casa e vou ao médico? Essas emoções conferiram à novela uma dimensão demasiadamente humana”, comenta Regina.

Mas não só de protocolos vive a trama. “As pessoas se abraçam na novela, que nem a gente se abraça em casa. Mas só as mesmas pessoas”, explica Manuela, sobre a opção de isolar os núcleos de atores em hotéis para não perder a dose de afeto que é característica de Amor de Mãe.

Punk A segunda temporada revelará desfechos importantes da novela, como o encontro de Lurdes com o filho perdido, Domênico (Chay Suede), a descoberta das maldades de Thelma (Adriana Esteves) e o destino do vilão Álvaro (Irandhir Santos). Sem querer entregar o que está por vir, Regina Casé dá uma pista do que o público vai encontrar nos próximos capítulos.

“A Carminha, perto da Thelma, é uma fofa. Muito punk essa volta, pra mim. Queriam me tirar da zona de conforto e conseguiram uma zona de desconforto maior ainda. Foi barra pesada”, compara Regina, rindo, ao citar a personagem de Adriana Esteves. “Olha só, se na primeira temporada tinha que assistir com um lencinho de papel, assiste agora com a toalha inteira”, avisa a atriz Jéssica Ellen. Jéssica Ellen durante as gravações de Amor de Mãe (Foto: João Cotta/TV Globo) Apesar do desafio, Regina conta que Lurdes também serviu como ponte de diálogo em meio ao momento “de ódio reinante” no país. A atriz diz que perdeu as contas de quantas vezes gravou vídeos a pedido da família de fãs que não estavam respeitando os protocolos e saindo de casa sem máscara.

“A Lurdes me preocupava, porque era um exemplo muito forte. Pensei: como vou fazer com que ela procure o Domênico e não fure a quarentena? É preciso ter muito cuidado, é um momento de conscientização fortíssimo”, destaca a autora, sobre a personagem que chegou a virar meme nas redes sociais por “quebrar tabus” e até fantasia de Carnaval, com foliões em busca de Domênico.

Ao mesmo tempo em que pensava em um roteiro que pudesse ajudar os protocolos e “facilitar uma situação de guerra”, Manuela diz que tentou manter o sonho. “Contar histórias é tão importante quanto comer, é uma questão identitária, civilizatória. Perdi um bebê, deu quatro dias e estava escrevendo de novo. Vai muito além de ser meu emprego. Somos movidos por uma força. É o que faz a gente se sentir humano”, conclui.