Em áudio, Queiroz fala de cargos no Congresso e cita Flávio: 'faz fila, é só chegar'

Mensagem foi enviada pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro em junho

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 09:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, aparece em áudio de WhatsApp obtido pelo jornal O Globo falando sobre indicações para cargos no Congresso.

De acordo com a publicação, a mensagem foi enviada por Queiroz em junho - seis meses depois que o Estado de S.Paulo revelou que o ex-assessor foi citado em relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, agora Unidade de Inteligência Financeira) por movimentações atípicas em sua conta.

"Tem mais de 500 cargos, cara, lá na Câmara e no Senado", diz Queiroz no áudio. "Pode indicar para qualquer comissão ou, alguma coisa, sem vincular a eles em nada. '20 continho' aí para gente caía bem pra c*".

Queiroz cita o gabinete de Flávio. "O gabinete do Flávio faz fila deputados e senadores lá para conversar com ele. Faz fila. É só chegar: 'meu irmão, nomeia fulano para trabalhar contigo aí'. Salariozinho bom, para a gente que é pai de família, p* que pariu, cai igual uma uva".

O Estado tenta contato com a defesa de Queiroz.

O Ministério Público quer saber por que Queiroz, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, movimentou em uma conta mais de R$ 1,2 milhão, quantia considerada incompatível com a renda do assessor.

Ele trabalhava para Flávio, oficialmente, como motorista. Em maio, a Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador e de Queiroz, atendendo um pedido do Ministério Público Estadual do Rio, junto com famliares de ambos e dezenas de outras pessoas que trabalharam com o então deputado estadual.

Um mês depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli suspendeu, a pedido da defesa de Flávio, todos os processos judiciais que tramitam no País onde houve compartilhamento de dados da Receita Federal, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central com o Ministério Público sem uma prévia autorização judicial.

Com a determinação do ministro, todos os casos que tratam sobre a controvérsia ficam suspensos até que o STF decida sobre a questão, incluindo o processo contra Flávio.

Em 30 de setembro, Gilmar Mendes decidiu suspender processos envolvendo a quebra do sigilo de Flávio no caso. A decisão de Gilmar atende ao pedido da defesa do filho do presidente, que alegava que processos que miram Flávio não foram devidamente suspensos, desrespeitando, portanto, a decisão de Toffoli.