Em bate-boca na CPI das Fake News, Frota e Eduardo citam filmes pornôs; assista

Deputado-ator disse que assessores da Presidência comandam 'milícias digitais' e sugeriu impeachment

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 18:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Parlamentou levou diversos prints ao discurso, inclusive um tweet falso de Olavo de Carvalho (Foto: Reprodução) Alexandre Frota e Eduardo Bolsonaro trocaram farpas durante a CPMI das Fake News na tarde desta quarta-feira (30), em Brasília. Em determinado momento, o foco da discussão deixou de ser o assunto principal da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - criada no Congresso para apurar a produção e disseminação de notícias falsas na internet -, e passou a ser lembrada a carreira artística do parlamentar do PSDB, que participou de filmes pornôs.

Tudo começou quando o filho de Bolsonaro declarou que o ex-aliado "era menos promíscuo quando fazia filme pornô". Em seguida, ouviu: "eu sei que você gosta". Antes da baixaria, Frota havia criticado o pai do deputado, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o acusando de financiar e proteger "terroristas virtuais".

Na versão do depoente, que sugeriu o impeachment de Bolsonaro (ver mais abaixo), o Planalto mantém uma estrutura de "milícias digitais" com a finalidade de espalhar fake news e atacar adversários.

Eduardo chegou tarde à comissão, realizada no Senado, pediu a palavra, atacou Frota e foi embora logo na sequência.

"A presença do Alexandre Frota aqui já é um escárnio com a sociedade brasileira", disse Eduardo Bolsonaro. "Eu não vou ficar aqui ficar fazendo pergunta ou nada desse tipo porque eu tenho mais o que fazer, tenho que trabalhar ao invés de ouvir baboseiras ou ilações sem qualquer conexão com a verdade. Espero que o senhor aproveite seus tempos aqui com o pessoal de PT fazendo massagem no ego do senhor", acrescentou o filho do presidente da República. 

Ainda em sua abordagem, o deputado do PSL afirmou que "as pessoas, a população em geral, têm aversão a esse tipo de conduta: a pessoa é muito seu amigo, dá tapa nas costas, aí é eleito, depois muda de lado. Eu fico impressionado. Eu fico impressionado de ver". 

"Quem falou que eu mudei de lado?", questionou Alexandre Frota.

"Depois você continua as mentiras. Não tenho medo de cara feia. Para mim, você é só mais um", rebateu Eduardo. 

"Para mim, você também é só mais um", respondeu Frota. 

"É só mais um traíra, que traiu e apunhalou o presidente (Bolsonaro) pelas costas. O senhor era menos promíscuo quando o senhor fazia filme pornô. Hoje em dia, essa promiscuidade enoja o Brasil inteiro", declarou Eduardo Bolsonaro 

"Mas você assistia muito, né?", indagou Frota, provocando risos nos presentes. 

"Não, nem um pouco", respondeu Eduardo Bolsonaro. 

"Eu sei que você gosta", assegurou Frota. 

Em seu posicionamento, Eduardo Bolsonaro ainda apontou a CPMI das Fake News como uma tentativa de consolidar uma narrativa contrária ao governo Bolsonaro. 

"Essa CPMI não serve a outra coisa que não criar essa narrativa. O próprio proponente dessa CPMI das Fake News, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), disse que a intenção dele era investigar outras coisas, mas uma CPMI a gente sabe como começa e não sabe como é que termina. A gente está hoje aqui, ouvindo Alexandre Frota, chamando Joice (Hasselmann, deputada PSL-SP), mais quem? Bruno Gagliasso, Caetano Veloso, pessoas que têm como única missão tentar destruir o governo Bolsonaro", disse, indo além. 

"Aqui, na verdade, virou um palco político. Vou me retirar porque não vou perder meu tempo. Vai continuar falando à vontade as mentiras que ele quiser. Espero não retornar mais a esse assunto aqui. Quem sabe voltando a ser ator de filme pornô..."  "E você gosta", reforçou Frota. 

"Não gosto", repetiu Eduardo. 

"Gosta que eu sei", emendou Frota de novo.

Veja o vídeo da discussão

Impeachment de Bolsonaro Além da troca de farpas com o filho do presidente, Frota discursou e fez diversas denúncias ao chefe do executivo e seus filhos. Dentre as suas declarações, o ex-PSL afirmou que Jair Bolsonaro mantém uma rede de perfis falsos nas redes sociais para atacar opositores.

Segundo o parlamentar, que era um aliado próximo da base do governo antes de romper com Bolsonaro, o presidente e o filho Carlos são responsáveis por manter um grupo de "terroristas virtuais".

"Sabemos que esse grupo trabalha com injúria, ódio, calúnia e ideologia. Acho que tudo isso atrapalha nossa democracia", declarou Frota. Durante o depoimento, ele ainda conta que já viu Carlos e outros homens apontados como administrados de perfis bolsonaristas nas redes sociais dentro do gabiente do presidente. 

"Eu sou a maior testemunha", disse."A deputada Joice Hasselmann declarou que existem cerca de 1,5 mil perfis falsos. Acredito que seja até mais", completou o deputado.

"A liberdade de expressão não apresenta um falso-conduto para divulgar fake news", arrematou Frota, que ainda criticou o filósofo Olavo de Carvalho, apontado como guru ideológico da família Bolsonaro. "Foi responsável por atacar os colegas da ala liberal", explicou.

Após as críticas à rede de apoiadores do presidente na web, o parlamentar acusou Bolsonaro de pagar pelas postagens. "Isso fere a lei que trata do crime de responsabilidade administrativa, de improbidade administrativa e de segurança nacional. Pois ele aumenta, ele estimula, ele bate palmas, ele ri e ele paga", disse o deputado, sugerindo que a suposta manutenção dos grupos poderia causar o afastamento do presidente do cargo.

O crime de responsabilidade é o mesmo que culminou no impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff. No caso da petista, as "pedaladas fiscais" foram consideradas como uma quebra das leis orçamentária e de improbidade administrativa.