Em carta, miliciano nega envolvimento em execução de Marielle

Orlando Oliveira de Araújo, preso por crime semelhante, é apontado pela polícia como chefe de milícia da Zona Oeste do RJ

Publicado em 10 de maio de 2018 às 10:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O ex-policial militar, Orlando Oliveira de Araújo, mais conhecido como 'Orlando de Curicica', negou  envolvimento na execução da vereadora Marielle Franco em carta divulgada na quarta-feira (9). Orlando é apontado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como miliciano da Zona Oeste da capital carioca e está preso desde 2015 por ser acusado de crime semelhante ao da vereadora.

De acordo com o G1, no texto, divulgado pelo jornal O Dia, o detento ainda rechaça fazer parte do poder paralelo. Tentando se defender, Orlando diz que ""nunca tinha ouvido falar" da parlamentar.

"Eu, Orlando Oliveira de Araújo, venho por meio desta esclarecer sobre os fatos que estão sendo veiculados na imprensa sobre o assassinato da vereadora Marielle e de seu motorista Anderson, que não tenho qualquer envolvimento nesse crime bárbaro", diz o texto.

A carta afirma ainda que Orlando está à disposição das autoridades. Ele ataca o delator, identificando-o, e diz que não "tem qualquer autoridade" por ser — o delator — miliciano.

"Informo também que nunca estive com o vereador (Marcello) Siciliano em nenhuma oportunidade", diz ele, em alusão ao parlamentar, que, na delação, também encomendou a morte de Marielle.

"Por fim, com todo respeito à vereadora Marielle, eu nunca tinha ouvido falar dela".

Prisão 

Orlando está preso como mandante de crime com mesmas características em 2015. De carro, três homens armados iniciam uma perseguição. Eles emparelham ao lado de outro veículo e disparam mais de dez tiros. A narrativa do crime, que se assemelha ao ocorrido contra a vereadora Marielle Franco em março, ocorreu em 2015 na Zona Oeste do Rio.

Um "segurança" de Orlando e outros dois rapazes teriam participado da perseguição e do crime contra Wagner Raphael de Souza, então presidente da escola de samba União do Parque Curicica. Essas duas pessoas, segundo "O Globo", também estariam no carro que perseguiu Marielle.

"Consta (...) que o denunciado Orlando Oliveira de Araújo foi o mandado do crime [em 2015]. (...) As vítimas estavam no interior do veículo (...) quando os denunciados Renato Nascimento dos Santos e William da Silva Sant'Anna chegaram em um veículo Kia/Cerato, branco, conduzido por um comparsa ainda não identificado", diz o inquérito citado pela Justiça.

"Os disparos foram efetuados a pouca distância e contra suas cabeças", conclui o inqúerito.

A principal diferença na dinâmica dos crimes está no momento dos tiros. Contra Marielle, os autores estavam dentro do carro e colocaram uma submetralhadora para fora da janela. Em 2015, numa região de terra batida e menos exposta a câmeras, os assassinos puderam desembarcar. Entre 10 e 12 tiros acertaram o carro.

"Após descerem do veículo, efetuaram diversos disparos de arma de fogo contra as vítimas, causando-lhes lesões corporais", diz a investigação.

A autoria do crime de 2015 foi atribuída a Orlando por um dos passageiros do veículo atacado, que sobreviveu graças ao atendimento médico. A vítima precisou passar por uma cirurgia, perdeu o baço e ficou com uma bala alojada no corpo. Recuperada, apontou Orlando como o mandante em depoimentos no hospital e na delegacia.

Depois, em juízo, voltou atrás e negou tudo.