Em meio a crise financeira que afeta 80% das pesquisas, diretor da Fapesb é exonerado

Agora, o diretor-interino da Fapesb será Lázaro Cunha, que já exercia o cargo de diretor de inovação na entidade

Em meio a uma crise financeira que compromete o andamento de 80% de suas pesquisas, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) teve a exoneração do então diretor-presidente da entidade Eduardo Almeida publicada nesta terça-feira (28). A exoneração de Almeida, que é professor do Instituto de Matemática da Universidade Federal da Bahia (Ufba), saiu no Diário Oficial do Estado (DOE). 

De acordo com a publicação, a saída foi “a pedido” do ex-diretor. Procurado pelo CORREIO, Eduardo Almeida chegou a atender a reportagem, mas a ligação caiu. Depois, ele não retornou os contatos por telefone. 

Na semana passada, ele revelou, ao CORREIO, que, desde 2015 a Fapesb sofre com o contingenciamento de recursos. “Nossa execução está em torno de 50% a 55% do que éramos para receber. Se tivéssemos com o repasse 100%, seria algo em torno de R$ 100 milhões, R$ 120 milhões”, afirmou, na ocasião. No entanto, ele reforçou que os pagamentos aos 2.750 bolsistas apoiados pela instituição estão sendo honrados.O pesquisador Mitermayer Galvão, da Fiocruz, é um dos afetados: ele tem duas pesquisas com verba atrasada, inclusive um estudo sobre os efeitos da zika em bebês (Foto: Betto Jr./CORREIO)

Ao todo, a entidade tem uma dívida de cerca de R$ 70 milhões com pesquisadores em decorrência do corte de verbas por parte do governo - o que significa dizer que, dos 813 projetos apoiados por ela, 652 estão com repasses em atraso. Também na semana passada, o governador do estado, Rui Costa (PT), informou que trataria da situação diretamente com representantes da fundação e da Ufba.A Ufba, inclusive, foi uma das instituições que encaminhou uma carta ao governador cobrando uma solução para o problema. Além da Ufba, a Fiocruz e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviaram cartas. O novo diretorTambém nomeado nesta terça, o diretor-interino da Fapesb será Lázaro Cunha, que já exercia o cargo de diretor de inovação na entidade. O nome dele já consta no site da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti), órgão ao qual a Fapesb é ligada. Graduado em Engenharia Mecânica pela Ufba, Lázaro é mestre em Ensino, Filosofia e História das Ciências pela mesma instituição. Além disso, de acordo com seu Currículo Lattes, Lázaro é diretor de projetos especiais do Instituto Steve Biko. O CORREIO entrou em contato com a Fapesb e a Ufba, mas as instituições informaram que não vão se posicionar sobre o caso. A Secretaria de Comunicação do governo do estado (Secom) não comentou a situação até o momento em que esta reportagem foi publicada.