Em nome de Jesus: conheça histórias de pessoas que são xarás de Cristo na Bahia

'Um ou outro chega e fala: ‘se eu fosse você, mudava seu nome’. Eu digo que é o nome que meus pais me deram', contou um deles

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  • Thais Borges

Publicado em 21 de abril de 2019 às 05:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: O geógrafo Jesus Moreira, 70 anos, é uma das 743 pessoas que se chamam Jesus na Bahia (Foto: Marina Silva/CORREIO)

“Olá, eu sou Jesus”. Essa frase poderia, tranquilamente, ter saído de algum panfleto para apresentar o nome mais importante do cristianismo de forma mais criativa. No entanto, é assim que pelo menos 743 pessoas se apresentam na Bahia – entre baianos por nascimento ou radicados aqui. 

É bem provável que você conheça alguém cujo sobrenome é 'Jesus' ou 'de Jesus'. Mas a conversa aqui é outra - o Jesus da Galileia, que, segundo o cristianismo, ressuscitou num Domingo de Páscoa como hoje (21), é realmente xará dessas 743 pessoas. De fato, para eles ou elas, Jesus é prenome, nome de batismo ou como preferirem chamar. 

De certa forma, é um nome relativamente raro na Bahia – apenas o 1.923º mais comum, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o sexto estado em que os Jesus são menos frequentes: com taxa de 5,30 ‘Jesuses’ para cada 100 mil habitantes, ficamos bem atrás dos 43,1 para cada 100 mil pessoas, taxa de Minas Gerais, o primeiro colocado. 

Em Salvador, são 113 Jesus – a maioria de nascidos na década de 1960, mas, nos anos 2000, há uma ascensão: foram 20 pessoas registradas assim na década mais recente contra 24 de 1960. Nos últimos dias, o CORREIO foi em busca dessas pessoas.

Consultamos listas telefônicas, bancos de dados como a plataforma Lattes e o Portal da Transparência, além de sindicatos, redes sociais e da Arquidiocese de Salvador. Ao fim, encontramos Jesus... Pelo menos quatro vezes. Talvez cinco. 

Há desde o médico peruano Jesús Enrique Patiño Escarcina, que tem 30 anos e faz doutorado no Instituto de Saúde Coletiva, na Universidade Federal da Bahia (Ufba), até o geógrafo Jesus Antônio Moreira, 70 anos, que veio da Espanha aos seis anos de idade e se naturalizou brasileiro. 

Em Cruz das Almas, encontramos o professor venezuelano Jesus Manuel Delgado Mendez, 66, que dá aulas na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o delegado Jesus Pablo Barbosa, 42, o único que não tem alguma ligação com países de língua espanhola. 

Mas é um nome que não faz distinção de gênero: existem 39 mulheres chamadas Jesus na Bahia, de acordo com o IBGE. Infelizmente, não conseguimos encontrá-las. 

Nome comum  Se, hoje, Jesus é um nome santo, há mais de dois mil anos, na época do de Nazaré, era um nome comum. “Era o nome dele na terra, não o nome do Deus. É um nome, literalmente, humano. O nome de um homem que, por acaso, foi denominado como o deus cristão”, diz a diretora acadêmica da Faculdade Batista Brasileira, Marli Wandermurem, doutora em Ciências da Religião. 

 O nome de Jesus, enquanto Deus, seria o grego Kyrie (algo como ‘Senhor’, em português). Segundo a pesquisadora, que também é evangélica, dentro da religião protestante, oficialmente, não há nenhum problema em nomear um filho ou filha como Jesus, justamente por se tratar de uma religião dessacralizada. “Se fosse uma religião muito sacralizada, seria um nome quase impronunciável, quando só se pode pronunciar no rito. Só que depende dos pais, é uma escolha pessoal mesmo. Mas não é um nome fácil. É um nome forte. Talvez, por isso, muitos pais optem por não colocar”, pondera a pesquisadora. O próprio significado do nome de Jesus pode justificar a escolha dos pais desses 743 xarás do Cristo na Bahia. Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador Dom Hélio Pereira dos Santos, Jesus significa ‘Deus salva’. “O Brasil teve muita influência da religião, do cristianismo. Esse nome passou a ser usado como um sinal de bênçãos, um sinal de proteção”, explica. 

Segundo ele, a Igreja Católica não tem nenhuma restrição ao uso do nome Jesus. Ele acredita que eventuais ressalvas, inclusive, sejam uma tendência mais recente. No passado, o nome não enfrentava nenhuma oposição.“Aceitar ou ter um nome de santo é algo louvável”, diz Dom Hélio. Jesus, o delegado 

O nome pode até enganar, em um primeiro momento, mas o delegado Jesus Pablo Lima Oliveira Reis Barbosa, 42 anos, garante: a ascendência dele é serrinhense, da cidade do Nordeste do estado mesmo.  

Só que seu pai, uma pessoa muito espirituosa, queria muito ter tido um nome composto. Ia se chamar Carlos Aleixo, mas, na hora do registro, ficou apenas Carlos. Ao mesmo tempo, era muito religioso e atuante na paróquia que frequentava. Promovia quermesses e chegou até a arrecadar fundos para a construção da segunda torre da Igreja de São Sebastião do Passé. 

Daí o nome ‘Jesus’, pela religiosidade. O segundo nome, Pablo, veio por achar bonita a versão em espanhol do nome de um dos principais responsáveis pela difusão do cristianismo: o apóstolo Paulo. “Eu sou católico efetivamente, mas não sou assíduo na igreja, até pela vida corrida da minha profissão. Não sou carola”, brinca Jesus. 

Por pouco, seu filho também não se chamou Jesus. Há alguns anos, o delegado passou quase dois meses fazendo um curso em Israel, pela polícia. Após o treinamento, tirou alguns dias de férias com a esposa. O casal estava tentando engravidar e ela fez uma promessa que, se acontecesse naquela viagem, chamaria de Jesus, se fosse um menino, e Maria, se viesse uma menina. “Eu sempre falei que meu filho seria Joaquim, mas promessa é promessa. E essa foi feita na Cisjordânia, na cidade de Belém, bem na Igreja da Natividade, que fica no local exato onde Jesus Cristo nasceu”, explica.Pouco depois de retornarem da viagem, veio a confirmação: ela estava grávida de Maria Eduarda, hoje com cinco anos. Hoje, além de Maria Eduarda, ainda tem Elisa, 2. 

Ele também já se acostumou com comentários e piadas com o nome santo. Brinca que podem chegar a 50 por dia. “Ontem mesmo, fiz o contato com uma pessoa pelo zap e falei ‘oi, aqui é Jesus’. E ela: ‘amém’. Sempre tem um aleluia, um amém. Já é cotidiano”, diz. 

Na vida, conheceu alguns xarás. Sabe da existência de Jesus Sangalo, conhecido na Bahia por ser irmão da cantora Ivete Sangalo. Na Polícia Civil de Minas Gerais, encontrou outro delegado com o mesmo nome. E, uma vez, quando chegou para fazer uma prova de certificação de proficiência no Instituto Cervantes (curso de espanhol), os dois avaliadores se apresentaram: um era Jesus Angel e o outro era Brás Jesus. 

“Perguntei ao segundo se era nome ou sobrenome, mas era nome mesmo. Ainda falei: ‘que encontro inusitado, nós quatro aqui presentes’. E eles ficaram: ‘como três?’. Eu respondi: ‘nós e Jesus Cristo, que está acompanhando tudo aqui”, lembra.  Jesus, o delegado, ao lado da família  Foto: Arisson Marinho/CORREIO Até no trabalho, situações inusitadas acontecem. Quando era delegado em Itacaré, no Sul da Bahia, prendeu um suspeito de furto. Só que a cadeia da delegacia estava lotada – ele precisava descobrir para onde realojar alguns presos. O tal preso por furto era natural de Ubatã, também no Sul, e respondia a outros crimes na cidade natal. 

O homem tinha fugido da cidade e estava com medo de sofrer alguma reprimenda quando voltasse. Quando deu a notícia de que ele poderia ser transferido, o suspeito intercedeu.“Ele disse: doutor Jesus, pelo amor de Deus, não me entrega a Jeová, que ele vai acabar comigo. Jeová era o chefe do Serviço de Investigação de Ubatã. Pois foi brincadeira dos policiais comigo por um mês por causa disso”, conta. Ele garante gostar do nome, mesmo quando algumas pessoas reagem de forma negativa. Já passou por situações até em que evitam chamá-lo de Jesus. Tem quem pergunte por qual motivo o pai fez aquilo com ele ou como prefere ser chamado – por Jesus ou Pablo. “Não vejo outros nomes duplos com essa ênfase. Eu sou Jesus. Mas sou chamado de diversas maneiras. No seio familiar, sou Pablo. Minha mulher me chama de Jesus. Na polícia, sou doutor Pablo. Meus amigos mais próximos me chamam de ‘Jesus’, em inglês. Amigos de faculdade chamam ‘Jésus’. Então, digo que pode chamam como quiser”. Apesar de tudo, ele garante: acredita que seria pretensão demais se comparar com Jesus, o de Nazaré. 

Jesus, o médico

O médico Jesus Enrique Patiño Escarcina, 30 anos, nunca tinha imaginado que seu nome pudesse gerar alguma surpresa. No Peru, onde nasceu e morou até se mudar para Salvador, em 2017, esse é um dos nomes mais comuns. Seu pai se chama Jesus, assim como seu cunhado, marido de sua irmã. O pai e o avô do cunhado também eram Jesus.  O médico peruano Jesus Enrique Escarcina conta que, em seu país, o nome é muito comum (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) É comum até entre mulheres.“O contraste maior foi quando cheguei ao Brasil e vi que dificilmente alguém teria esse nome. Por isso, comentam muito do meu nome. Comentam tudo, fazem brincadeiras, perguntam se é Jesus mesmo, como é a pronúncia em espanhol”, conta. Católico, Jesus diz tentar respeitar suas tradições ao máximo. A religião vem de família – e daí o nome. O pai, também Jesus, queria unir as duas coisas: dar seu nome ao filho e ainda fazer referência à religião. “Já meu pai nasceu no dia 15 de outubro de 1954, no dia de Santa Terezinha do Menino Jesus.  Queriam colocar o nome de santo daquele dia, mas, como era uma mulher, Jesus era a referência mais próxima”, revela. 

Quando criança, Jesus era mais chamado de Enrique. Como seu pai era o Jesus da casa, ficava com o segundo nome para evitar confusões. Quando começou a universidade e se sentiu mais independente, decidiu que ia usar mais o primeiro nome. No início, foi um tanto difícil. Teve que se acostumar aos poucos. 

Mas foi justamente a mudança para o Brasil que fez com que percebesse a “transcendência” de seu nome.“Eu mudei, com certeza. A gente fica um pouquinho mais apreensivo, porque vê como as pessoas percebem o nome. Você tem que honrar o nome”, afirma. A Páscoa, para ele, sempre foi um momento especial. A maior lembrança é ter a família toda reunida na cidade de Arequipa, onde nasceu. A tradição da Semana Santa começava com a missa do Domingo de Ramos, quando pegavam folhas de árvores da zona rural e saíam em caminhada pela cidade. 

Depois, ficavam quinta e sexta-feira almoçando juntos, em família. “Somente na sexta-feira a gente se reunia durante a noite e ficava na igreja até a manhã do dia de sábado”, conta.  Jesus Enrique veio para Salvador fazer mestrado no Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, onde atualmente faz doutorado (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Aqui, nos dois últimos anos, participou da programação de Semana Santa da Igreja de Santo Antônio da Barra. No ano passado, com a esposa, aproveitou para andar perto da praia e conversar sobre o significado da Páscoa para eles. No fim, ainda assistiram filmes clássicos sobre a Paixão de Cristo – como esses que passam na televisão aberta brasileira).

Dessa vez, planejavam viajar a Natal, no Rio Grande do Norte, mas a viagem acabou não dando certo. Assim, acredita que vai ter a chance de experimentar uma Semana Santa mais à baiana. “Já experimentei caruru e vatapá, mas não como parte da Semana Santa. Essa é uma das coisas que a gente quer esse ano – conhecer um pouco da culinária local”. 

No Peru, na quinta e na Sexta-Feira Santa, são comuns doces feitos com milho preto e arroz doce com leite. No Domingo de Páscoa, a tradição é comer uma sopa com cinco tipos de carne. 

Jesus, o geógrafo

O geógrafo Jesus Antônio Moreira, 70 anos, chegou em Salvador aos seis anos de idade. Saiu da Espanha, onde nasceu, com a mãe e uma tia, para morar aqui, onde o pai já estava. Na época, boa parte da família já tinha vindo tocar um negócio de ‘secos e molhados’ nas bandas soteropolitanas.  O geógrafo Jesus Moreira foi o terceiro Jesus de sua família (Foto: Marina Silva/CORREIO) “Na minha família, eram três Jesus contando comigo. Era um nome comum na Espanha e esses dois tios chamados Jesus pediram para colocar esse nome. Os dois já faleceram, então restou só eu, honrando o nome que tenho”, conta o geógrafo, que é naturalizado brasileiro.Para ele, honrar o nome significa fazer as coisas que Jesus ensinou – a exemplo de amar a Deus sobre todas as coisas. 

Católico “bem atuante”, como definiu a si mesmo, é conhecido por ser um membro engajado do Santuário Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no Imbuí.  

Atualmente, é integrante da Pastoral do Dízimo e costuma participar dos chamados Encontros de Casais com Cristo. 

Ele também já cansou de ouvir comentários sobre seu nome. É difícil que alguém, em um primeiro encontro, não fale nada. “Eles sempre dizem: ‘poxa, que bom, estou falando com Jesus’. Respondo sempre ‘amém”, revela.

Mas nem todas as reações são positivas.“Às vezes, protestantes, um ou outro chega e fala: ‘se eu fosse você, mudava seu nome’. Eu digo que não posso mudar, porque esse é o nome que meus pais me deram, mas os evangélicos pensam diferente”, comenta ele, que garante não se incomodar. Como trabalhava na prefeitura de Salvador, ao longo dos anos, já se deparou com um ou outro xará – não conhece nenhum, porém, que faz parte de sua vida. Em casa, adaptou o ‘Jesus’ quando foi batizar um dos três filhos. O menino virou Jean, numa junção do nome dos pais – Je de Jesus e An de Anásia.   Jesus é um católico atuante na paróquia que frequenta, no Imbuí (Foto: Marina Silva/CORREIO) Na Páscoa, pretende se reunir com a família. “Antes, participamos da missa e depois temos a reunião. Oramos e, depois da oração, vamos fazer a ceia”. O almoço também deve agradar a gregos, troianos e até baianos: há tanto o bacalhau da Espanha quanto o caruru e o vatapá da Bahia. 

Jesus, o professor 

“Só Jesus salva”, “Jesus abre as portas”, “Jesus dá jeito”. Essas são só algumas das piadas que o professor universitário Jesus Manuel Delgado Mendez, 66 anos, costuma escutar quando chega a um lugar pela primeira vez. Nascido na Venezuela, Jesus veio para o Brasil pela primeira vez em 1975, para estudar Engenharia Agronômica na Universidade Federal da Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. 

Na Venezuela, Jesus também é um nome comum.“Para se ter ideia, éramos três venezuelanos na sala, em Santa Maria, e nós três nos chamávamos Jesus. Inclusive, eu estudei no segundo colegial com um Jesus Delgado, que também é o meu nome”, lembra. Ele foi batizado de Jesus Manuel porque o pai se chamava Manuel, mas a mãe era muito católica. Por isso, foi educado no catolicismo – inclusive, indo à missa aos domingos com a mãe e deixando crescer a admiração que tinha por Jesus, o de Nazaré. 

“À medida que fui crescendo, viajando, virei eclético. Sou alguém que acredita que todas as religiões caminhem para um mesmo ponto”, explica Jesus, que, hoje, não se define como católico. Estaria mais para um tipo de agnóstico. 

Para ele, levar o nome de Jesus é uma grande responsabilidade.“Minha relação com Jesus da Bíblia é como uma admiração por um personagem histórico com quem você se identifica. Mas é um deus para muita gente. E ele está sempre associado a coisas positivas, por isso a responsabilidade. Já imaginou um Jesus preso ou corrupto? Um político sem vergonha, um assassino? Não pode”, reforça. Depois de casar com uma brasileira, foi fazer mestrado na Cornell University, nos Estados Unidos, onde morou por 12 anos. Só voltou ao Brasil em 1986. Morou no Rio Grande do Sul, no Paraná e no interior de São Paulo. Vivia em Bauru (SP), quando fez o concurso para se tornar professor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).  O professor venezuelano Jesus Manuel é diretor do Laboratório de Intervenções Ambientais da UFRB (Foto: Acervo pessoal) Na instituição, dá aulas de disciplinas como Gerenciamento de Unidades de Conservação, Incêndios Florestais, Ecologia Aplicada e Controle da Poluição. A relação com o estado, porém, vem de antes disso. 

“Conheci um amigo baiano de Itabuna na década de 1980, em Nova York. Eu gostava tanto dele e da família dele que passei a me chamar baiano. Quando perguntavam do um sotaque, eu dizia que era de Itabuna. Passei 30 anos dizendo que era baiano”, diz, aos risos. 

Na Venezuela, quem é religioso costuma seguir os rituais da Semana Santa. No entanto, de forma geral, a Páscoa sempre foi um sinal de férias. Era o momento de ir à praia. Não existe, inclusive, a tradição de comer ovo de chocolate. 

Mas Jesus garante que assimilou bem a cultura brasileira. “Tenho três filhos, então criamos eles à base de ovo de chocolate”, brinca. Dessa vez, com os filhos morando em outros estados (e um deles em Portugal), o almoço de Páscoa deve ser com a família de amigos, em Cruz das Almas. 

Maria é a preferida, entre os nomes de baianos; no estado, só existem 17 Judas

Entre os personagens citados na Bíblia nas passagens referentes à Paixão de Jesus Cristo na Semana Santa, Maria é o nome preferido para os baianos. Mais de 766 mil pessoas no estado têm Maria - a mãe de Jesus -  no nome de batismo – dessas, inclusive, pouco mais de duas mil pessoas são homens, segundo o IBGE. 

Logo em seguida, vêm os evangelistas João (193 mil ocorrências no estado) e Marcos (75 mil). O quarto nome mais frequente é o do apóstolo Pedro (71 mil), seguido pelos outros dois que compõem os Evangelhos: Lucas (67 mil) e Mateus (57 mil). 

Maria Madalena, a primeira a espalhar a notícia de que Jesus havia ressuscitado, tem poucas xarás na Bahia: não é possível dizer exatamente quantas, mas elas estão entre as 3,5 mil Madalenas do estado. 

O bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador Dom Hélio Pereira dos Santos explica que, por muito tempo, Maria Madalena foi vista com uma certa rejeição. Por muito tempo, difundiu-se a ideia de que ela fosse uma mulher citada anonimamente na Bíblia e que teria sido encontrada cometendo adultério. Jesus, naquele momento, a salvara do apedrejamento. “A Maria Madalena que dá a notícia de Jesus é a mulher da qual foram expulsos sete demônios. Só que, como ela vinha sendo apresentada como uma mulher pecadora, poucas pessoas queriam colocar sua filha como Maria Madalena”, explica. O nome menos comum é o de Judas. Na Bahia, existiam 17 Judas no último Censo – nenhum deles em Salvador. Ainda que esse tenha sido o nome de dois apóstolos – Judas Tadeu e Judas Iscariotes – o estigma de Iscariotes ter sido o traidor de Jesus fez com que existisse uma aversão ao nome. 

“Todos os nomes associados a aspectos negativos passaram a ser rejeitados. Ninguém quer ter o nome de Judas e quando, tem gente que nem fala”, afirma Dom Hélio. 

Confira o ranking dos nomes bíblicos relacionados a passagens da Paixão de Cristo, segundo o IBGE

1º. Maria - 766.238 pessoas

2º. João - 193.925 pessoas

3º. Marcos - 75.484 pessoas

4º. Pedro – 71.723 pessoas

5º. Lucas – 67.862 pessoas

6º. Mateus/Matheus – 57.415 pessoas

7º. Filipe/Felipe – 38.167 pessoas

8º. Tiago – 35.828 pessoas

9º. André – 34.466 pessoas

10º. Marta – 11.142 pessoas

11º. Madalena – 3.527 pessoas

12º. Bartolomeu – 3.374 pessoas

13º. Tadeu –  1.138 pessoas

14º. Simão – 754 pessoas

15º. Tomé – 224 pessoas

16º. Judas – 17 pessoas