Em novo álbum, diva Diana Krall volta para o jazz

Depois de flertar com bossa nova e pop, cantora e pianista canadense, de 52 anos, grava standards do jazz americano

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  • Doris Miranda

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 06:05

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Com 52 anos, com cinco prêmios Grammy e oito álbuns no topo da Billboard Jazz Albuns, a cantora e pianista Diana Krall sabe bem por onde anda. Até mesmo para brincar com outras possibilidades sonoras, como o pop e a bossa nova, estilos que experimentou nos últimos álbuns. Agora, Krall volta ao jazz, gênero que lhe consagrou como uma de suas atuais divas, no álbum Turn Up The Quiet (Universal Music), que em tradução livre significa Aumente o Silêncio. Ouça abaixo.

Neste novo trabalho, o primeiro de standards desde o bossa-novístico Quiet Nights (2009), a cantora utiliza toda sua elegância para recriar clássicos românticos do cancioneiro americano, executados com arranjos próprios. E ela não se vale apenas do seu piano virtuoso. Dessa vez, Krall dirige três superbandas, compostas por alguns dos instrumentistas mais qualificados do jazz. Gente como Christian Bride, que toca o baixão acústico na faixa de abertura, o clássico Like Someone in Love (Van Heusen/Jhonny Burke), cuja guitarra é de Russel Malone. Os mesmos que tocam na obrigatória Night and Day (Cole Porter), uma das canções mais regravadas na história da música americana.

Em outros momentos, como em Sway (Pablo Bletran Ruiz/Norman Gimbel), Diana toca acompanhada pelo baixista Anthony Wilson, o guitarrista Jhon Clayton Jr. e o baterista Jeff Hamilton. O álbum foi produzido por Tommy LiPuma, várias vezes premiado no Grammy, que morreu em março, poucos meses antes do álbum ser lançado.

Casada com o cantor e compositor inglês Elvis Costello, voz marcante do rock britânico nos anos 80, Diana Krall não esperou muito para cair na estrada com o repertório de Turn Up The Quiet. Começou a rodar pelos Estados Unidos em junho e, a partir de setembro,  viaja para a Europa.

O repertório, ela diz, funciona com um bálsamo para tempos tão inquietantes. Mas isso foi um processo intuitivo, nada intencional. “As canções foram me direcionando para um lugar de vibração positiva.  O show ao vivo tem começado num clima romântico, em que canto Blue Skies, I’m Confessin e outras coisas mais esperançosas. Mas, muitas das canções que eu interpreto foram escritas em épocas turbulentas. Você pode interpretá-las de diversas formas”, diz. Turn Up The Quiet sai depois de uma longa parada da cantora (foto/divulgação) Curioso é que esse clima amoroso foi precedido por diversas situações difíceis vividas pela cantora nos últimos anos: “Meu pai morreu; em 2014, eu tive uma pneumonia muito grave... Demorou três anos para que eu me sentisse segura o suficiente para voltar a trabalhar. Mas, agora, estou me sentido forte de novo, fisicamente e mentalmente”.

Mas Diana conta que esse sentimento de impotência não é só seu. “Há muita tristeza nesse mundo. Mas, ainda assim, em algum lugar, alguém se apaixona, pessoas celebram pequenas vitórias... Pessoas nascem e morrem. É a vida”, filosofa a artista, que é mãe  dos gêmeos Dexter e Frank, de 10 anos. Foi essa sabedora que a fez lidar com a morte do premiado produtor Tommy LiPuma: “Foi uma experiência traumática, mas agora estamos superando com uma certa tranquilidade. O show ajuda muito, porque é divertido de fazer. Os músicos me puxam para cima”.