Em sentença, juíza diz que Robinho mostrou 'desprezo pela vítima'

Condenação de nove anos de prisão do atacante foi confirmada pela Justiça da Itália

Publicado em 9 de março de 2021 às 16:22

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Ivan Storti/Santos FC

Três meses após confirmar a condenação do jogador Robinho e seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual de grupo contra uma mulher albanesa, em 2013, a Corte de Apelação de Milão divulgou, nesta terça-feira (9), o teor da sentença. No texto, as juízas Francesca Vitale, Paola Di Lorenzo e Chiara Nobili destacaram que o atacante demonstrou 'desprezo' pela vítima."O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal", escreveu Vitale, que presidiu o julgamento em segunda instância, referindo-se ao atacante.A sentença foi proferida no dia 10 de dezembro do ano passado, mas o texto foi divulgado nesta terça-feira (9), um dia antes do vencimento do prazo legal para a publicação, como uma formalização da condenação.

No documento de 22 páginas, o tribunal analisou o caso e rebateu as defesas de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco, que responde ao mesmo processo. A juíza enfatizou contradições nas versões apresentadas pelos brasileiros, mencionando a transcrição de conversas interceptadas pela polícia. 

Em uma das conversas, o atacante disse que não se lembrava da mulher, de origem libanesa. Em outra, afirma que não tocou nela. Já em uma terceira gravação, admite que fez sexo com a mulher.

"Dia 24 do mesmo mês, em conversa interceptada às 17h05, Jairo pergunta se Robinho também havia transado com a mulher. Ele responde: 'Não, eu tentei'. E Jairo rebate dizendo que havia visto quando ele colocava o pênis dentro da boca dela, ao que Robinho responde que 'isso não significa transar'", escreveu a juíza."Neste contexto, a atitude de Robinho passa por uma espécie de amnésia inicial até chegar a lembrança do que aconteceu", continuou.A corte alegou tentativa de "enganar as investigações, oferecendo aos investigadores uma versão dos fatos falsa e previamente combinada". 

A partir de agora, as defesas de Robinho e de Falco têm 45 dias para recorrer à Corte de Cassação, a terceira instância da Justiça italiana. Ela representa a última chance de absolvição e, só após o processo tramitar nessa instância, um acusado pode ser considerado culpado por algum crime. Os advogados do jogador e de Falco já afirmaram que vão recorrer. 

Relembre o caso Robinho e Ricardo Falco são acusados e condenados em duas instâncias por abusar sexualmente de uma jovem de origem albanesa, então com 23 anos, na boate Sio Café, em Milão, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. À época, o atacante era um dos principais jogadores do Milan. Ele foi condenado em primeira instância em dezembro de 2017. 

Outros quatro brasileiros teriam participado do ato. Mas, como deixaram a Itália no decorrer das investigações, estão sendo processados em um procedimento à parte.

A condenação do jogador e o amigo foi baseada no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala da participação de duas ou mais pessoas reunidas para ato de violência sexual, forçando a vítima a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.

Em outubro do ano passado, o Santos anunciou que Robinho retornaria ao time, com contrato válido por cinco meses. Mas, após a divulgação de conversas sobre o caso, conselheiros e patrocinadores do clube pressionaram para que o vínculo fosse desfeito. Poucos dias depois, a contratação foi suspensa.