Emocionada, judoca enfermeira pede desculpas à torcida e se despede de Tóquio

Gabriela Chibana foi eliminada nas oitavas de final para nº 1 do mundo e atual campeã mundial; judoca superou lesão gravíssima para chegar aos Jogos

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 24 de julho de 2021 às 02:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O que define um tamanho de uma atleta? Alguns dirão que são os títulos, as medalhas, as glórias. Bem, Gabriela Chibana é vice-campeã de Grand Slan, campeã de Grand Prix e foi 3ª colocada nos Jogos Militares de Judô. Era uma das esperanças de medalha para o Brasil logo no primeiro dia de competição, mas recebeu pela frente um sorteio cruel: logo na segunda luta, enfrentou a número 1 e campeã mundial Distria Krasniqi, de Kosovo. Isso logo depois de encantar o Brasil com um ippon aplicado em 14 segundos na primeira luta contra Harriet Bonface, de Malawi. Chibana brigou, mas não resistiu à kosovar, que venceu com ippon no final da luta.

A judoca não escondeu a tristeza em ser derrotada. Em entrevista logo após sair do tatame no templo Budokan, fez um discurso emocionado e pediu desculpas a torcedoras e torcedores."Quero agradecer a todo mundo pela torcida, desculpa. Queria ter ido melhor [soluço], não tenho o que falar", disse Gabriela segurando o choro.A atleta de 27 anos teve uma jornada muito difícil para chegar em Tóquio. Para conseguir ir até a olimpíada, superou uma ruptura total do ligamento do joelho sofrida após uma colega cair sobre sua perna num treinamento. Ainda assim, conseguiu a última vaga direta do ranking da categoria de seu peso, até 48kg. Chibana ocupa a 26ª posição.

Não foi só contra a lesão e as adversárias no dojo que Gabriela precisou lutar para competir no Nippon Budokan, dojô considerado templo das artes marciais no Japão que foi construído para a Olimpíadas de 1964.

Além disso, ela também precisou conciliar os treinos com a faculdade de enfermagem, concluída em 2019, e realizou uma pesquisa sobre a hesitação das pessoas em se vacinarem. Gabriela foi eliminada para a nº 1 do mundo e atual campeã mundial nas oitavas de final das Olimpíadas de Tóquio (Foto: Gaspar Nóbrega/COB) Gabriela é neta de japoneses e integrante do clã Chibana, famoso na Zona Leste paulistana. A herança passada pelo avô Kohan aos sete filhos se manteve nas gerações seguintes. Todas as sete famílias dividem o mesmo prédio na Vila Carrão e lutavam no dojô no primeiro andar até a construção de uma academia. Gabriela é a segunda da família a chegar nos Jogos Olímpicos. Charles (66kg), seu primo, foi o primeiro. Durante a pandemia, ela teve vários deles como sparrings.

Imunizada com duas doses da vacina da Pfizer, agora Gabriela precisará retornar ao Brasil. O Comitê Olímpico Internacional (COI) não está permitindo que os atletas eliminados ou que já encerraram suas competições continuem em Tóquio, cidade que vive em estado de alerta contra a pandemia global.

De qualquer maneira, mesmo com a derrota, Gabriela pode ter a certeza de ter deixado o Brasil orgulhoso. Por aqui, é certeza que ainda pode ajudar bastante. E competir contra um vírus que ainda é realidade.