Empoderadas de Cajazeiras: conheça meninas que empreendem e lacram

Acessórios feitos de papel, bazar afro e design de unhas são as apostas de Rebeca Araújo, Bárbara Kelly e Amanda Oliveira para empreender no bairro

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  • Rafaela Fleur

Publicado em 6 de março de 2018 às 13:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Angeluci Figueiredo

Dez reais. Esse era o valor que Bárbara Kelly precisava para comprar um porta-retrato e emoldurar a foto do filho de dois meses. Não tinha. Desempregada e com 19 anos, a jovem nunca pôde contar com o pai do menino, que sequer registrou a criança.

Sem ter a quem recorrer, decidiu usar a criatividade e fazer sozinha. “Tinha um pedaço de papelão em casa, juntei com papel emborrachado e fiz. Ficou horrível! Joguei tudo fora e tentei fazer sem o papelão”. Deu certo. E assim nasceu a Keu ArtEVA, que produz porta-retratos, brincos e bolsas com EVA, o nome verdadeiro do papel emborrachado.

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O brinco de Bárbara, inspirado nos modelos feitos de acrílico, custa R$ 5 Assim como ela, Amanda Oliveira, 20, e Rebeca Araújo , 21, também precisaram aprender a se virar. E a empreender. Moradoras de Cajazeiras, as três amigas estilosas se desdobram em atividades completamente diferentes com um objetivo em comum: conquistar independência financeira. “As pessoas acham que só é microempreendedor quem tem loja física e não é isso. Quem tá ali com sua barraquinha simples, vendendo geladinho na rua, também é”, comenta Amanda.

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Conheça um pouco do trabalho de cada uma delas. 

Rebeca Araújo, 21  Rebeca Araújo faz de tudo um pouco na área de beleza (Fotos: Angeluci Figueiredo) Já pensou em alongar sua unha com fibra de vidro e ficar com ela intacta por mais de um mês? É isso que Rebeca Araújo, 21, é capaz de fazer em apenas duas horas. E não precisa sair de casa, ela vai até você. “Quase ninguém faz isso em Salvador, as clientes gostam muito. Às vezes, as pessoas não têm tempo para ir ao salão. Mesmo com hora marcada, sempre têm que esperar”, comenta.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração, tecnologia e pets: Além das unhas, Rebeca também faz design de sobrancelhas, com pinça e henna. Em breve, micropigmentação deve entrar na lista. Se você tiver tranças sintéticas no cabelo, ela aperta. Escova, corte, progressiva, tintura? Rebeca também faz. “Sou um salão ambulante, faço de tudo!”, brinca. Toda essa dedicação veio, literalmente, de dentro:  sua filha, de 1 ano e 10 meses, é a maior motivação. “Quero me profissionalizar cada vez mais. Amo o que faço”, acrescenta. 

O alongamento em fibra custa R$ 150 e em gel, R$ 100. A manutenção é R$ 30. Os outros serviços não tem preço fixo. Tel: (71) 98640-3305

Bárbara Kelly, 21 Bárbara sustenta sozinha seu filho de um ano e cinco meses, que nunca foi registrado pelo pai Quem vê os produtos de Bárbara Kelly, 21, dificilmente acredita que eles são feitos de papel. Portas-retrato personalizados, brincos imensos e bolsas super estilosas. Nas mãos dela, o  EVA vira o que o cliente quiser. “Faço de tudo”, garante. Com muitos detalhes e cores. Ela confessa que sim, dá muito trabalho para fazer. Mesmo assim, o preço agrada o público: uma bolsa grande custa R$ 20 (tem a versão de veludo, que custa R$ 30), os brincos vão de R$ 3 a R$ 8. Os portas-retrato saem a partir de R$ 3. Cada bolsa custa R$ 15 e Bárbara faz sob encomenda, do jeito que o cliente pedir Ela engravidou aos 18 anos e todo o seu dinheiro vai para a criação do seu filho, Nicolas, de um ano e cinco meses, que não conta com a presença do pai nem na certidão de nascimento. “Ele nunca registrou. Dia desses, pedi R$ 20 para comprar a fralda e ele disse que não tinha. Minutos depois vi fotos dele comendo com os amigos no shopping”, lamenta. Apesar de gostar do que faz, Bárbara confessa que trocaria o amor pela estabilidade: “se surgisse um emprego fixo, eu aceitaria”.

Amanda Ferreira, 20  Amanda é idealizadora do BazAfro, um evento que reúne microeempredores de Cajazeiras  Nove grupos de rap, três de sarau de poesia, barraquinhas de comida e diversas marcas comercializando roupas e acessórios. Pra vender lá, é preciso duas coisas: morar em Cajazeiras e ser autônomo. Tudo isso forma o BazAfro, uma espécie de feira organizada apenas por pessoas que trabalham por conta própria. “Quero agregar toda essa galera. Todo mundo tem algo com o qual se identifica, que  gosta, que pode gerar capital. Basta você parar e pensar em como tirar lucro em cima disso”, observa Amanda Oliveira, 20, idealizadora do projeto, que vai estrear dia 31 de março, na praça central da Fazenda Grande 2, em Cajazeiras.

A ideia surgiu depois que Amanda, que também é produtora cultural, não estava mais encontrando eventos para trabalhar. Desempregada, pensou em juntar suas roupas e fazer um bazar. “Essa era a ideia inicial, mas eu queria algo de cultura no meio disso. Assim veio a ideia de fazer um evento para unir pessoas como eu. Ninguém aqui vai desistir”, garante.   Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: