Assine

Empreendedores aproveitam para faturar durante a Campus Party


 

Evento reúne palestrantes e curiosos sobre tecnologia

  • Gil Santos

Publicado em 18/05/2018 às 18:00:00
Atualizado em 18/04/2023 às 10:29:04
. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Basta passar pela região da Arena Fonte Nova, em Salvador, para perceber que há alguma coisa de especial acontecendo no local. A quantidade de vendedores ambulantes na entrada principal do estádio e o vai e vem de estudantes, cada vez mais jovens, dão o tom da Campus Party Bahia 2018. A palavra da vez é empreendedorismo.

Essa é a segunda edição do evento que reúne, além de empreendedores, palestrantes, cientistas e apaixonados por jogos e inovações. O evento promove a trocar de experiências tecnológicas nas áreas de educação, economia, trabalho e cultura digital, começou na quinta-feira (17) e segue até domingo (20). Ché conseguiu vender 70% dos produtos até está sexta (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Enquanto vendedores de água e de lanches se acotovelam nas grades que dão acesso ao estádio, lá dentro tem mais gente tentando faturar uma grana com o evento. Matheus Ché, 20 anos, tem uma loja de produtos geek e resolveu levar as mercadorias para o maior evento nerd do país.

“Na edição passada da campus eu vim conhecer, ver como era. Comentei que tinha uma loja virtual e um cara perguntou porque não trouxe os produtos para vender. Pensei nisso, fui para casa e voltei no dia seguinte com eles. No final da campus saí com apenas um boneco e uma posseira. Vendi praticamente tudo”, contou.

A ideia deu tão certo que o estudante resolveu repetir a dose, só que desta vez levou quatro vezes mais produtos da loja Nerdialismo para o evento. Ché organizou até uma caravana com cerca de 40 pessoas, planejou deslocamento, alimentação, e até wi-fi.

Nesta sexta-feira (18), segundo dia da Campus Party, ele já vendeu quase 70% das mercadorias. O estudante e empreendedor afirmou que o vento permite também a interação com outros pequenos empresários e amplia a agenda de contatos. Cristian Furtado, 9, desenvolve software (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Novidades Aqui e acolá pequenas multidões se aglomeram em volta de um stand ou de alguma mesa. Na maioria das vezes para conhecer novidades tecnológicas ou assistir palestras sobre inovação.

Dando uma boa olhada sobre o amontoado de fios e computadores é possível encontrar figuras bastante interessantes, como o estudante Cristian Furtado. No alto dos seus 9 anos ele já faz palestras sobre software, e contou que aprendeu a utilizar a internet com o pai.

“Eu sempre gostei de jogar na internet, mas não conhecia as programações. Meu pai fez algumas pra mim e comecei a gostar. Falei: ‘pai, me ensina?’. Ele foi me ensinado e hoje eu faço e ensino as pessoas a fazerem comandos no Linux. Já fiz várias palestras”, contou, orgulhoso.

Como a regra é nunca deixar de aprender, essa é a segunda vez que o garoto prodígio participa da Campus Party Bahia. Ele mora em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, e contou que está aproveitando o evento para conhecer outras áreas da tecnologia que podem agregar conhecimento a canal dele, no youtube. Albert levou uma mesa tecnológica para a feira (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Estudos A Campus Party impressiona pelos números, já que são esperadas 95 mil pessoas nos quatro dias do evento, realizado nove meses depois da primeira edição, mas também pelas características dos participantes. A grande maioria deles são jovens ou adolescente.

Para o professor de inglês Albert Peneluc, 28, esse perfil não é por acaso. Ele acredita que a internet exerce um fascínio sobre os mais jovens e defende que esse recurso seja mais utilizado em sala de aula. A mesa do teacher é uma matéria à parte na Campus Party. Ela tem uma caixa de som adaptada, com luzes e efeitos especiais, como fumaça.

“Como sou da área de educação sempre estou ligado a educação e empreendedorismo. Estou fazendo a proposta de educações futuristas, que nada mais é do que trazer a tecnologia para a sala de aula. Propomos a inovação no sistema de ensino. Estamos na era da informação e o papel do professor hoje é mais de orientar do que de transmitir conhecimento”, disse.

Na prática, Albert ajuda no desenvolvimento de vídeo aulas que ensinam os professores a como usar recursos da tecnologia com os estudantes. O objetivo é tonar as aulas mais interativas, democráticas e promover o conhecimento de forma mais eficiente.

O professor de inglês participou da primeira edição da Campus Party Bahia e de outras duas em São Paulo, e citou o canal no youtube de Vandelei Martiniano para quem quiser conhecer a linha de trabalho sugerida. Evento reúne pessoas de diferentes regiões do Brasil (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Projetos No vai e vem da multidão nos corredores é possível encontrar os mais variados projetos, de canetas que escrevem com o pensamento até bonés que alertam caso o motorista cochile no volante. Mas a inovação tem um preço.

Para a estudante Aline Sampaio, 22, tanta tecnologia não faz sentido se não houver um retorno. “Na verdade, todo mundo está buscando desenvolver alguma coisa boa para a sociedade, que melhore a vida das pessoas e o mundo, mas que também faça a gente ganhar dinheiro. As duas coisas são sempre muito bem-vindas. Alguém discorda?”, brincou.

A Campu Party Bahia é patrocinada pela iniciativa privada, com apoio dos governos federal e estadual. No evento é possível encontrar de tudo um pouco, desde o vendedor de picolé e da moça do salgadinho, até fazer um lanche ou adquirir produtos mais duráveis como camisetas, bonés e almofadas. Se a feira é o maior evento de tecnologia do país e a regra é a inovação, ganhar dinheiro, por outro lado, não é exceção pra muita gente.