Empresariado baiano descobre vantagens em investir em trainees e estagiários

Dados do CIEE mostram que o número de contratação de aprendizes cresceu 21% na Bahia em comparação ao ano passado

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga

Cumprir as exigências legais ao mesmo tempo em que forma mão de obra qualificada. Esse é o maior ganho de quem contrata estudantes como estagiários ou aprendizes.  De acordo com dados do Centro de Integração Empresa Escola(CIEE), de janeiro a agosto deste ano, o número de contratação desse público cresceu 21% na Bahia em comparação ao mesmo período do ano passado.  O segmento que mais registrou  crescimento em volume de contratação de jovens foi o Comércio e Varejo, com 55% das ofertas de trabalho. De acordo com o gerente da regional nordeste do CIEE, Alessandro Salvatore, o crescimento se deve a uma mudança de perspectiva do empresariado, que começa a perceber que, além de cumprir uma determinação legal, as vagas para aprendizes possibilitam que as próprias empresas formem uma mão de obra especializada e que nem sempre está disponível no mercado. “O cenário macroeconômico aponta que, no próximo ano, teremos números melhores na economia, então, muito provavelmente, teremos índices de contratação de jovens ainda melhores no próximo ano”, comemora o gerente, ressaltando que quanto mais o mercado investe e contrata os aprendizes, mais se abrem oportunidades no mercado.  Oportunidades  A auxiliar administrativa Maiara Costa, 31 anos, por exemplo, começou a atuar como estagiária em 2017 na sede do Instituto JPCM, instalado no Salvador Norte Shopping  e, este ano, foi contratada. “Cheguei indicada pelo CIEE e fui advertida que não haveria possibilidade de contratação, no entanto, nunca perdi a esperança. Batalhei por um desempenho acima da média e,  por conhecer cada área de atuação,  hoje estou aqui”, comemora.  Ela diz que, depois de concluir a faculdade de Administração, o próximo passo é fazer uma especialização na área da educação.  Maiara chegou ao programa de estágio sem acalentar esperanças, no entanto, foi contratada e agora já planeja vôos maiores na carreira (Foto: Divulgação) Para os estudantes que querem entrar no mercado profissional, Alessandro Salvatore, do CIEE, orienta que o primeiro passo é identificar a vocação pessoal através de pesquisas e conversas com colegas e professores. “Sabendo o que se quer  fica mais fácil se preparar para as oportunidades”, ressalta.  Qualificação  Paralelo a essa autodescoberta, o representante do CIEE sugere que o estudante busque sua qualificação, incorporando novos saberes e  habilidades ao currículo. “Atualmente, as novas tecnologias e a informática são áreas bem requisitadas no ambiente profissional, então cursos que ampliem os conhecimentos nessa área são sempre muito bem avaliados”, completa.  No entanto, ele salienta que o contratante não deve exigir isso do aprendiz e tão pouco esquecer que o estudante está no local para aprender e não para desempenhar as atribuições de um profissional, daí a necessidade de orientação sempre que for preciso.  Por fim, a orientação é buscar o CIEE ou outra entidade intermediadora de mão de obra, com os documentos pessoais e escolares, para verificar oportunidades disponibilizadas e se cadastrar para participar das seleções.  “Mesmo depois de ingressar no programa de estágio, o CIEE estará à disposição desse jovem para esclarecer quaisquer dúvidas em relação ao seu contrato de estágio ou mesmo de trabalho”, diz.

Relato

O jovem João de Almeida, 27, começou a atuar na PwC Salvador como menor aprendiz, em 2007. Na época, ele estudava no Colégio Roberto Santos e fazia curso profissionalizante de auxiliar administrativo no Senac. “Comecei tirando cópias e auxiliando no preenchimento de documentos, no entanto, já no final do período de estágio, um ano e meio depois, fui comunicado que seria efetivado na empresa”, lembra.  Ele diz que, ao longo da sua experiência de aprendizado, houve a figura de uma orientadora (hoje aposentada) que foi fundamental para ajudá-lo a entender e a executar melhor suas obrigações. “Dona Vera foi como uma mãe para mim. Fazia questão de esclarecer todas as minhas dúvidas e me orientava sobre o melhor comportamento na empresa”, recorda.  A vida melhorou e muito após a efetivação na empresa e João pôde investir no seu crescimento pessoal e profissional. “Eu era muito tímido antes do estágio. O trabalho me possibilitou vencer essa dificuldade pessoal, quebrou barreiras e me ajudou a estabelecer uma vida social muito mais positiva”, conta ele. Enquanto crescia na empresa, João não deixou de investir no crescimento e aprimoramento educacional. “Sempre soube que a educação havia me aberto as portas, cabia a mim manter essas portas abertas”, diz o jovem.   No início, João trabalhou como mensageiro e depois foi chamado para atuar como auxiliar administrativo. “À medida que fui amadurecendo nas tarefas, minhas  responsabilidades profissionais também foram crescendo”, complementa o administrador graduado em 2016. Para o futuro, João aposta numa pós-graduação, especialmente na área financeira, onde já atuou e que é a área que se sente mais à vontade. 

Primeiro Emprego para estudantes da rede pública A preocupação com a empregabilidade de jovens estudantes está também nas políticas públicas governamentais. Lançado em dezembro de 2016, o Programa Primeiro Emprego do Estado contratou  6.993 jovens e alcançou 206 municípios da Bahia até setembro deste ano. O programa é destinado a jovens oriundos do ensino técnico de nível médio, da rede pública de educação profissional do estado (egressos ou em processo de formação) ou que cursaram uma qualificação profissional em programas também ofertados pelo estado. De acordo com a representante da Secretaria da, Layla Neiva, o Primeiro Emprego é uma ação social de combate ao desemprego dos jovens, promovido pelo governo do stado para inserir jovens no mercado de trabalho, no setor público e privado. Outro objetivo é o de estimular uma maior dedicação na sala de aula, justamente por contemplar os estudantes com melhores notas. “Ao conquistar a vaga, o candidato tem a Carteira de Trabalho assinada, com todos os direitos garantidos. O contrato tem duração de 24 meses no estado. Já as empresas particulares têm a prerrogativa de definir se haverá a continuidade do contrato”, explica, resaltando que a  meta dessa etapa do programa é a de contratar 9 mil jovens. A remuneração nas empresas é a partir de um salário mínimo, no estado, o jovem recebe um salário mínimo, plano de saúde (Planserv) e vale transporte.

IJCPM: capacitação  e empregabilidade Com a proposta de elevar o potencial de empregabilidade dos jovens, o Instituto João Carlos Paes Mendonça (IJCPM) vem capacitando um público de 16 a 24 anos com oficinas oferecidas ao longo do ano e os encaminhando para as vagas de estágio em diversas empresas, mesmo para aquelas que não compõem os empreendimentos do  grupo JPCM.  No geral, esses estudantes são moradores do entorno dos empreendimentos do Grupo JCPM, a exemplo dos bairros de São Cristóvão, Jardim das Margaridas e Cassange; Pernambués, Boca do Rio e Saramandaia, onde estão localizados o Salvador Norte Shopping e o Salvador Shopping. De acordo com a coordenadora de Projetos Sociais do IJCPM, Laíse Lessa, o público é composto por estudantes cursando ou concluindo o ensino médio.  “Trabalhamos numa perspectiva de capacitar esses estudantes de modo atitudinal. Nossos cursos não visam conteúdo, mas atitude. Trabalhamos com a multidisciplinaridade”, esclarece, destacando que a Coordenação de Empregabilidade auxilia esses jovens sobre como elaborar currículos e como se comportar nas entrevistas de emprego. Nos cursos e oficinas são trabalhadas questões como o trabalho em equipe e a capacidade de comunicação. Laíse diz que, para participar, o jovem deve ter 14 anos ou mais e levar às sedes do Instituto os comprovantes de residência, identidade e escolaridade com cópia. “Todos os nossos cursos são gratuitos e devem ser realizados no turno oposto ao escolar”, esclarece, ressaltando que, uma vez aluno do Instituto, ele pode voltar sempre que desejar, não apenas para aprender, buscar orientação, como também para ter um local aberto para estudos diversos. “Estamos abertos a quem quiser nos conhecer”, finaliza.  Laíse Lessa lembra que a proposta do IJCPM não é formar em conteúdo,mas visa capacitar em áreas como comunicação e postura, por exemplo (Foto: Marco Aurélio Martins/Divulgação) Aprovação garantida

Vocação  Descubra qual é a sua vocação profissional. Para isso, vale identificar preferências e habilidades.

Trocas Converse com professores, colegas mais experientes e pessoas que atuam na área desejada para conhecer mais sobre o mercado e a carreira. Pesquise A internet pode trazer informações importantes sobre cursos e dicas de atuação na área em que se deseja atuar.

Formação Enquanto se espera a oportunidade de estágio, não deixe de investir na formação paralela àquela obtida ma escola.

Seleção Organizações como CIEE e o IJCPM inscrevem para cursos e capacitam jovens para o mercado de trabalho. Vale conhecer mais.

Aprendizado em números

CIEE Atualmente, estão disponíveis cerca de 160 vagas nas áreas Administrativas, Comércio, Turismo, Indústria e Varejo. As ofertas estão abertas na capital e interior do estado 

OFERTAS Cerca de 50% das vagas de estágio estão disponíveis para Salvador e para a Região Metropolitana. As demais vagas estão  pulverizadas no interior,  com destaque para Feira de Santana e  Vitória da Conquista

 IJCPM Salvador Shopping - 2011 a 2018  3.479 certificados pelo IJCPM, 1.084 jovens inseridos formalmente no mercado de trabalho

IJCPM Salvador Norte Shopping - 2015 a 2018  1.695 formados pelo IJCPM, 346 inseridos formalmente no mercado de trabalho

Total de formados pelo IJCPM 5.174 total de jovens certificados e 1.430 inseridos