Empresários avaliam prejuízo causado pelo Centro de Convenções

A Salvador Destination fez um balanço dos três anos de ações desenvolvidas na capital

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  • Gil Santos

Publicado em 12 de outubro de 2017 às 08:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/ CORREIO

Salvador teve 68 eventos de pequeno porte nos hotéis da cidade nos últimos três anos, mas esse número poderia ser duas vezes maior se o Centro de Convenções da Bahia (CCB) estivesse funcionando. Este foi o balanço apresentado nesta quarta-feira (11) pela Salvador Destination, em evento realizado no Hotel Sheraton, no Campo Grande, que reuniu empresários do setor do turismo e gestores públicos do estado.

Que a cidade tem potencial turístico ninguém duvida, mas o trade empresarial baiano tem enfrentado duros obstáculos para fazer os negócios acontecerem. No balanço apresentado ontem ficou evidente que o equipamento do governo do estado faz muita falta ao setor.

Segundo o presidente da instituição, Paulo Gaudenzi, desde que a Salvador Destination foi criada, em novembro de 2014, algumas estratégias foram adotadas para driblar os obstáculos. A primeira delas foi identificar empresas responsáveis pela realização de eventos no Brasil e convidá-las para conhecer os atrativos da capital baiana, apresentando os espaços disponíveis para eventos, a cultura e a gastronomia local. Os empresários se reuniram para o balanço das ações (Foto: Betto Jr/ CORREIO) “Nós mostramos para eles a nossa cadeia produtiva da atividade de eventos, quem somos nós, e a nossa capacidade de realizar. As nossas empresas de receptivo, os nossos hotéis, as empresas de organização e de equipamentos para eventos. Não apenas falamos, trouxemos eles até aqui para conhecer nossa capacidade e apontamos as melhorias da cidade”, afirmou.

A tática deu certo para 68 empresas, que optaram por realizar seus eventos na capital baiana, mas os empresários lembraram que, quando o Centro de Convenções estava em funcionamento, o espaço recebia cerca de dois grandes eventos a cada mês, o que daria mais 72 eventos a cada ano. Os 68 realizados são classificados como de pequeno e médio portes por comportar no máximo 1,5 mil pessoas, enquanto o CCB recebia até 8 mil expectadores por evento. O trade também conseguiu identificar cerca de 100 novos eventos que podem ser realizados em Salvador e está negociando com os produtores.

Segundo Gaudenzi, nos últimos três anos, a cidade recebeu 44 mil turistas, teve 132 mil pernoites e o trade investiu R$ 128 milhões na economia local e os números poderiam ser ainda melhores com a ajuda do Centro de Convenções. Prefeito ACM Neto durante o evento (Foto: Betto Jr./ CORREIO) Ações de incentivo O presidente da Salvador Destination destacou também a importância das ações da prefeitura na capital para ajudar a atrair mais turistas. Salvador recebe, em média, 8 milhões de visitantes todos os anos. A maior parte das visitas se concentra no Verão e é motivada pelo turismo de lazer. São pessoas e famílias que vêm até a cidade para conhecer as praias, os fortes, o Centro Histórico e outros pontos turísticos. Nesse sentido, ele apontou a importância da requalificação desses espaços públicos. O prefeito ACM Neto esteve no evento de ontem, e também destacou a parceria entre o município e o trade.

“Esse é mais um ano para celebrarmos a parceria da prefeitura com a Salvador Destination. Os resultados são frutos de um trabalho organizado e bem planejado. A gente sabe que cada centavo dos recursos públicos que são disponibilizados para as ações tem um efeito multiplicador e um resultado extraordinário para a promoção da nossa cidade”, disse Neto. Secretário de Cultura e o presidente da Salvador Destination (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Novidades Os números tiveram uma melhora este ano. Segundo Gaudenzi, há três anos a média anual de ocupação hoteleira girava em torno de 53%. Em 2017, até outubro, o número está no 55%, e o Verão, período considerado de alta estação, ainda não começou. Ele acredita que os dados apontam uma melhora no quadro, mas a situação ainda não é considerada boa. O investimento em marketing digital é uma das apostas do trade para impulsionar o turismo na capital. Vídeos sobre Salvador, mapas interativos sobre o Centro Histórico, e ações nas redes sociais sãos as novidades do setor para o público.

Os empresários também estão ansiosos com a nova administração do aeroporto de Salvador. A empresa francesa deve assumir o comando do terminal no próximo ano. Apesar de acreditar que as mudanças implantadas terão impacto direto sobre o setor turístico, o presidente da Salvador Destination preferiu não especular. “Não conheço os projetos, vamos aguardar para ver o que eles vão fazer”, afirmou. Paulo Gaudenzi acredita que o cenário vai melhorar (Foto: Betto Jr./ CORREIO) Centro de Convenções Mais de R$ 1,4 bilhão perdidos nos próximos três anos. Essa é a estimativa de prejuízo que os empresários de Salvador calcularam com o fechamento do Centro de Convenções da Bahia. Quando o espaço estava em funcionamento, recebia, em média, dois eventos de grande porte a cada mês, com média de 3,5 mil visitantes.

Com o espaço fechado, o trade turístico estima perder 252 mil turistas, 756 mil pernoites, deixando de injetar R$ 726 milhões na economia local. O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHa), Silvio Pessoa, lamentou o ocorrido e afirmou que, desde 2012, o setor não tem atingido o ponto de equilíbrio de 60% de ocupação nos hotéis de médio e grande porte.

“Esse ano está sendo relativamente melhor que o ano passado, mas ainda está muito abaixo da época áurea. A Salvador Destination veio suprir uma lacuna na captação de congressos, feiras e eventos, mas com o abandono e falta de manutenção preventiva do Centro de Convenções, nós perdemos eventos de grande porte. Temos mais de 400 hotéis, 40 mil quartos em Salvador e quase a metade deles está vazia”, disse.

Com quase 40 anos de inaugurado, o Centro de Convenções estava fechado para obras de recuperação, quando parte da estrutura desabou em setembro de 2016. O presidente da Salvador Destination, Paulo Guadenzi lembrou que o equipamento já estava apresentando problemas antes de ser fechado definitivamente. Em 2013, um congresso foi interrompido por causa de problemas na estrutura do prédio.

“Logo após a suspenção do Congresso de Ginecologia e Obstetrícia, em novembro de 2013, por falta de manutenção do Centro de Convenções, tivemos, em seguida, o cancelamento de dez eventos médicos que estavam previstos para ocorrer em Salvador”, afirmou. A prefeitura criou um sistema de avaliação para o turísmo (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Selo de qualidade A prefeitura anunciou novidades na área turística para o próximo ano. Segundo o Secretário de Cultura, Cláudio Tinoco, será criado um sistema de avaliação do desempenho das empresas de turismo da capital. Na prática, a ferramenta vai ajudar o turista que estiver planejando a viagem para Salvador a identificar os estabelecimentos com selo de qualidade.

“O Qualisalvador é um programa de qualificação que será criado por meio de um sistema de avaliação dos nossos equipamentos turísticos. É como se fosse um selo ou certificado de desempenho desses estabelecimentos empresarias e comerciais do turismo na cidade, além da capacitação profissional”, contou.

O objetivo é estimular os empresários a melhorarem a qualidade dos serviços e atendimento prestados, e ao mesmo tempo ajudar os visitantes a encontrarem as melhores empresas quanto ao atendimento. O lançamento do programa está previsto para ocorrer em 2018. O secretário anunciou também que até o final deste mês será lançada a licitação para a requalificação da Avenida Sete de Setembro e da Praça Castro Alves. A capital baiana também vai ganhar uma agência voltada para o marketing digital. O objetivo é criar ações voltadas para as mídias sociais para divulgar Salvador como destino e atrair eventos em todo o país.