Empresas mudam rotinas para garantir operação segura durante a pandemia

Ações de prevenção, campanhas educativas e distribuição de kits são algumas iniciativas

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 25 de maio de 2020 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: divulgação

Máscaras para todos. Veículos com mais espaços vagos, assim como os refeitórios. Pontos de higienização e checagens contínuas de temperatura. Essa é a nova realidade para quem trabalha na indústria. Se os serviços são essenciais para a sociedade e não podem ser descontinuados, a saúde do funcionamento é indispensável para uma boa operação.

Os impactos da pandemia nas atividades da Bracell começaram a ser trabalhados pela empresa ainda no final de fevereiro, quando o primeiro caso foi registrado no Brasil. Mas antes disso, o problema já estava no horizonte da empresa, que criou um comitê de crise que se reunia semanalmente nos primeiros momentos e que posteriormente passou a se reunir diariamente. 

“Um dos nossos valores mais importantes é que 'se é bom para a comunidade é bom para a Bracell'. Dentro disso, começamos a trabalhar muito forte tanto internamente quanto externamente”, destaca o diretor-geral da empresa na Bahia, Guilherme Araújo.

A Bracell é a única empresa da América Latina a produzir um tipo de celulose especial usada para fazer roupas, aventais e toucas cirúrgicas. Além disso, o produto costuma ser bastante utilizado na fabricação de gêneros alimentícios e fármacos. “Nós temos uma matéria-prima que é essencial para o combate ao avanço da pandemia. Por isso, havia uma preocupação em manter as nossas operações”, destaca. O esforço da empresa foi no sentido de atender à demanda com a segurança necessária. “Precisamos manter a operação porque é um produto essencial, mas, ao mesmo tempo, temos que cuidar das pessoas, zelar pela saúde delas”, explica.As ações adotadas foram em linha com as recomendações dos órgãos oficiais. Entre as principais medidas estão o reforço nos processos de higienização, levando-os a patamares acima até do que é recomendado. “Nós modificamos o nosso sistema de turnos para que os trabalhadores fiquem menos tempo nas fábricas e mais tempo em casa, para que possam se resguardar mais”, conta.

Hoje, mais de 100 trabalhadores se encontram em home office e, entre os que atuam na área operacional, pelo menos uma equipe fica resguardada em casa. As regras valem tanto para os que trabalham na fábrica, em Camaçari, quanto para as equipes nas bases florestais. Em todos os casos, os trabalhadores passam por duas checagens de temperatura, o grupo operacional fica o mais isolado possível. “Fornecemos máscaras para todos os funcionários antes mesmo de qualquer decreto aqui na Bahia”, lembra.

Hoje, mesmo passados mais de 60 dias desde o início das mudanças, a empresa se preocupa em emitir comunicados diários sobre o assunto, além de oferecer um serviço de atendimento psicológico para a equipe. “Alguns estão ansiosos por ficar em casa, outros preocupados com o risco de contaminação da família”, diz. “Criamos um espaço onde é possível tirar dúvidas, falar sobre a ansiedade, assistir vídeos de ioga, se exercitarem, tirarem dúvidas sobre alimentação, um conjunto de atividades extra enquanto as pessoas estão em casa”, afirma.

Só o essencial A Bamin, mineradora que toca um projeto para a produção de minério de ferro em Caetité, no sudoeste da Bahia, precisou modificar os seus rituais de gestão, conta Patrícia Rosado, diretora de RH, Saúde e Segurança, Comunicação e Sustentabilidade. “No cenário normal, não tínhamos a necessidade de estruturar a comunicação, porque era só procurar o colega no escritório”, lembra. “O trabalho em home office exige um ritual de gestão, um processo de comunicação com mais sequência e frequência”, avalia.

Desde 18 de março, a empresa enviou para suas residências todos aqueles que poderiam trabalhar de lá. Mesmo ainda não estando em operação comercial, a Bamin mantém em Caetité e em Ilhéus atividades que não podem ser descontinuadas, explica Patrícia Rosado. Para mantê-las, todos os cuidados necessários foram adotados, conta ela. “Existem estudos que realizamos para cumprir condicionantes ambientais que não podem simplesmente ser paralisados. São análises que fazemos há alguns anos”, conta. “O que fizemos foi seguir as orientações necessárias para que essas atividades pudessem prosseguir com toda a segurança necessária. O ‘kit Covid’ foi distribuído entre os colaboradores antes mesmo do início do trabalho em home office”, lembra.Na Ambev foi criado um Comitê, composto por toda a liderança da companhia, com a consultoria de autoridades em saúde. Segundo a empresa, diariamente se discutem as melhores práticas para garantir a segurança da operação. As medidas adotadas passaram pela adoção do trabalho remoto por tempo indeterminado para quem está no chamado grupo de risco.

A iniciativa vale tanto para funcionários, quanto para parceiros. As equipes administrativas e os vendedores externos também adotaram o home office. Nas fábricas, foram redobrados os protocolos de higiene e segurança, com limitação de circulação em áreas comuns. Os ônibus precisam ter no máximo 20 pessoas, sempre com espaços vazios entre as poltronas. A mesma regra de distanciamento vale nos refeitórios.

Prevenção Especialista em Manutenção e Serviços Industriais, a Epman atua nos mercados de papel e celulose, fertilizante, offshore, petroquímica, gás, refino de petróleo, termelétricas, além de atuar em alguns dos nos complexos industriais mais significativos do Brasil. Diante do cenário de pandemia, Elton Senne, diretor-executivo Operacional da empresa, destacou o esforço nas atividades de prevenção.“Como nos antecipamos, tivemos tempo para implantar ações complementares como o teste diário com o oxímetro de dedo, que mede a oxigenação sanguínea, e o Painel de Controle Covid-19, que permite a todos os gestores do Brasil acompanhar em tempo real dados das equipes ativas em campo tais como seus deslocamentos, casos suspeitos, ambientes e atividades com maior risco”.Sem casos suspeitos ou confirmados, hoje a Epman permanece com suas atividades ativas, e até captando contratos extras diante da confiabilidade que passa a seus clientes. “Nossa atividade não pode parar e a gente tem vindo trabalhar se sentindo muito seguro. A empresa teve cuidado conosco e nossas famílias desde o início, e isso também nos coloca como responsáveis por colaborar nos cuidando, e cuidando da saúde e segurança de todos os nossos colegas de trabalho. É um momento de união”, afirma Wilson Almeida, ajudante de manutenção em área operacional, que atua em um dos contratos da Epman na Bahia.

Para manter a operação com segurança, a empresa investiu em ações de prevenção, campanhas Internas Educativas, extensão de Campanhas Educativas para família dos colaboradores, distribuição de álcool em gel para higienização das mãos, substituição de máscaras de proteção a cada duas horas, reforço na higienização dos ambientes e equipamentos home office para colaboradores administrativos e do grupo de risco, além do replanejamento de transporte dos colaboradores, com fixação de lugares respeitando distância segura. Todos os colaboradores passam por testes diários com o oxímetro, além da aferição diária da temperatura corporal.

Construção civil O Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-Ba) tem investido para garantir a manutenção das obras com o máximo de segurança, diz Carlos Marden, presidente da instituição."A construção civil é uma das atividades mais fundamentais da economia brasileira. Estamos empenhados em viabilizar a continuidade das atividades e a manutenção dos empregos, seguindo os padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde e as orientações da Câmara Brasileira da Indústria da Construção", explica.O Sinduscon procurou o Serviço Social da Indústria (Sesi) para incentivar a promoção de ações de prevenção e cuidados contra a Covid-19. A partir daí surgiu a blitz nos canteiros de obra. O Sindicato realiza o mapeamento de todos os canteiros ativos e disponibiliza ao Sesi uma listagem atualizada semanalmente. As visitas são agendadas e executadas pela equipe técnica do Sesi composta por profissionais de saúde, entre eles médicos e agentes especialistas em Segurança e Saúde no Trabalho, com a finalidade de orientar e auditar de acordo com um protocolo específico.

Ao final de cada visita é disponibilizado um relatório técnico para o canteiro, certificando a obra quanto as condições de prevenção e controle da Covid-19. A primeira etapa foi concluída com mais de 5 mil colaboradores sensibilizados.

Conteúdo especial do projeto Indústria Forte, iniciativa do CORREIO, com o patrocínio do Hapvida, Sotero Ambiental e Yamana Gold, apoio da Claro, FIEB e Larco e parceria do Sebrae.