Entenda por que os fundos de investimentos são os 'queridinhos' do momento

Produto atrai cada vez mais investidores devido à rentabilidade e à possibilidade de aportes a partir de R$ 1

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  • Priscila Natividade

Publicado em 17 de junho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./ CORREIO

Alternativa fácil de diversificação, com valor mínimo de aplicação acessível e gestor especializado para gerenciar a carteira. De acordo com relatório mais recente divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), até o mês de abril, os fundos de investimento acumularam captação líquida de R$ 31,8 bilhões. 

E este tipo de aplicação tem motivo para ser o queridinho do momento. O crescimento expressivo das plataformas de investimento descentralizaram as ofertas dos grandes bancos e criaram novas oportunidades para o investidor que quer diversificar sua carteira. Ou seja, um fundo de estratégias mais sofisticadas e maior rentabilidade onde só era possível entrar com R$ 1 milhão passou a ser acessível para quem tem só uma nota de R$ 100 no bolso.

“Por juntarem os recursos de várias pessoas, os fundos proporcionam o acesso a ativos que individualmente ele poderia não ter”, explica a gerente  de Representação de Fundos da Anbima, Tatiana Itikawa.   

Há produtos variados, com tíquetes de entrada que começam em R$ 1,00 nos fundos de renda fixa, R$ 100 nos de ações e R$ 500 nos multimercados, que, juntos com os fundos de previdência e as Fips (Fundos de Investimentos em participações), são os mais populares e com maior patrimônio líquido,  segundo Anbima.“Pesquise, verifique suas estratégias e custos. Mas o principal é saber o seu objetivo e a sua necessidade com aquela aplicação”.

Quanto aos cuidados na hora de investir, o sócio da Rico Investimentos, Laio Santos, destaca a avaliação do perfil e do apetite de risco. Na plataforma, a procura por fundos em robôs de investimento tem aumentado.  “É um mercado muito novo, mas que cresce em uma velocidade três vezes maior que os meios de investimento tradicionais na Europa e nos Estados Unidos”, pontua. 

RELATO: CARTEIRA DIVERSIFICADA

Eliscláudio Ribeiro, contador Eu só tinha aplicações em previdência privada e na poupança até resolver diversificar meus investimentos. Peguei esse dinheiro e distribuí em ativos como o Tesouro Direto e em alguns CRIS e CRAS (Certificado de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio), mas eu queria entrar no mercado de renda variável e o fundo me permitiu isso. Optei pelo fundo de ações e coloquei 5% da minha carteira lá, algo em torno de R$ 10 mil. A expectativa é aumentar esse percentual em 20%, com rentabilidade de R$ 3 mil a R$ 5 mil por ano. É um investimento de longo prazo, meu ‘colchão’ de segurança. Se tudo der errado, se eu for demitido sei que vou ter aquele dinheiro ali.  É saudável para a sua carteira ter uma renda variável. A renda fixa vai garantir estabilidade, mas o ganho  quem vai dar é a renda variável. É um bom retorno financeiro sem que você tenha que se jogar sozinho em um mercado de ações. 

SOBRE OS FUNDOS DE INVESTIMENTO

1. Planejamento financeiro É ele que ajudará a entender quais tipos de investimentos fazem sentido para sua carteira. É importante avaliar quanto pode ser destinado para a reserva e tornar isso uma despesa fixa do orçamento. 

2. Tolerância ao risco Este ponto vai indicar até onde vai o apetite de risco do investidor, não só quanto ele quer ganhar, mas também quanto está disposto a perder. Produtos que agregam mais risco, como os fundos de ações, podem não ser recomendados a quem tem um perfil mais conservador. 

3. Vários perfis Existem fundos para todos os perfis de investidores. Os mais conservadores concentram as alocações em fundos de Renda Fixa e os mais arrojados diversificam as alocações entre estratégias chamadas Multimercados e Fundos de Ações. Por isso, conheça qual o seu perfil. 

4. Objetivos A escolha de um bom fundo com boa rentabilidade vai depender bastante dos objetivos financeiros do investidor. Onde vou usar este dinheiro? Qual o prazo de resgate? São essas as perguntas que o investidor precisa responder. 

5. Performance Antes de escolher em qual fundo irá investir, não deixe de olhar a performance no longo prazo para analisar a consistência de retorno. Não foque somente na rentabilidade, mas também é interessante comparar o retorno em relação ao risco corrido, ou seja, a volatilidade daquele determinado tipo de fundo de investimento onde pretende alocar seus recursos.

6. Diversificação  da carteira A possibilidade de diversificar a carteira, mesmo aplicando menos dinheiro, é uma das principais vantagens dos fundos de investimento. Quanto mais você diversifica, mais dilui o risco - em outras palavras - a possibilidade de perder dinheiro. 

7. Acesso Eles permitem acessar estratégias mais sofisticadas a um custo relativamente menor e com valores mínimos mais baixos, especialmente em fundos fora dos grandes bancos. Os fundos também são menos burocráticos. O cotista já recebe os valores líquidos, com  taxas e impostos já descontados quando faz o resgate. 

8. Taxas Avalie  e compare as taxas de administração e de performance para que estes custos não acabem comprometendo a rentabilidade do fundo. Também vale considerar se o prazo de liquidez é adequado ao seu objetivo. Fundos com estratégias mais complexas, como de ações e multimercados, podem ter prazos mais longos, como D+30, ou seja, 30 dias corridos para ter o dinheiro na conta.

9. Cuidados Os fundos de investimentos estão sob regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e sob o código de autorregulação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), assim possuem suas informações disponíveis para consultas dos clientes publicamente. 

10. Expectativas de rentabilidade Vale destacar que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. A taxa básica de juros do mercado está em patamares históricos muito baixos. A economia está mostrando sinais mais fracos do que se esperava, então a expectativa do mercado é que essa taxa seja reduzida ainda mais. Com isso, os fundos multimercado e de ações devem se destacar. Fundos de crédito privado e imobiliários também devem apresentar bons resultados nos próximos meses. 

OS CINCO TIPOS DE FUNDOS MAIS POPULARES, SEGUNDO ANBIMA

Fundos de Renda Fixa 'O segredo é ter planejamento financeiro', afirma o diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo (Foto: Divulgação) Vantagens Boa liquidez e rentabilidade atrativa, geralmente baseada na taxa de juros.

Cuidados  Entender o perfil do fundo e se está adequado ao perfil do investidor – existem fundos de créditos arriscados, por exemplo. 

Dica do especialista  O grande segredo é ter planejamento financeiro. A partir desse primeiro passo o investidor poderá identificar quais são as melhores opções de rentabilidade de acordo com os objetivos pessoais. 

Fundo Multimercados   'Quanto mais prazo, maior volatividade', explica o diretor de Estratégia e Produtos da Ativa Investimentos, Fabio Assumpção (Foto: Divulgação) Vantagens  Ele viabiliza ao investidor ter acesso a ativos onde não conseguiria investir caso decidisse por um fundo de classe mais específica. É possível se adaptar melhor à economia. 

Cuidados  Por ter essa flexibilidade, muitos fundos multimercados podem se alavancar ou se expor a ativos de maior risco.

Dica do especialista  Quanto mais longo prazo, mais volatilidade e maior  expectativa de retorno. 

Fundos de Previdência 'Fique atento as taxas de carregamento', alerta o consultor da Magnetis, Daniel Jannuzzi (Foto: Divulgação) Vantagens São fundos de investimento de longo prazo, geralmente usados para complementar renda na aposentadoria. 

Cuidados  É preciso estar atento às incidências de taxas de carregamento em cada aporte adicional, e ao valor das taxas de administração que podem comprometer a rentabilidade.

Dica do especialista  Por se tratar de uma reserva para aposentadoria, é importante começar o quanto antes e fazer aportes regulares. 

Fundos de Ações 'Os retornos médios variam entre 15% a 20%', destaca a consultora da òrama Investimentos, Sandra Blanco (Foto: Divulgação) Vantagens Os retornos médios esperados dos fundos de ações variam entre 15% e 20% ao ano. 

Cuidados São os fundos de maior risco ou de maior volatilidade.

Dica do especialista  Fazer o dever de casa com calma para escolher dois ou três fundos de ações. Depois da escolha, aplicar regularmente. Nem pensar em resgatar em três anos, pois é o tempo mínimo para avaliar o desempenho.

Fips (Fundos de Investimentos em participações) 'Faça uma boa análise dos ativos da carteira', recomenda o consultor da Terra Investimentos, João Orsi (Foto: Divulgação) Vantagens Altos retornos, investindo em empresas com grande potencial de crescimento.

Cuidados  Como é um investimento de longo prazo, o investidor pode ficar “travado”, caso precise ter acesso ao recurso.

Dica do especialista  Faça uma boa análise dos ativos que compõem a carteira do FIP.  

DICA DA SEMANA: GLOSSÁRIO

Renda fixa É o termo utilizado para se referir a investimento cuja remuneração ou retorno se pode saber previamente, deixando o investidor ciente de quanto irá ganhar.

Renda variável  Se refere a investimentos cuja remuneração ou retorno de capital não pode ser dimensionada no momento da aplicação nem em uma data futura. As ações são um bom exemplo. 

Pré-fixado  Quando as taxas de remuneração são definidas no momento da contratação e vão permanecer as mesmas até o vencimento. 

Pós-fixado  Nesse caso, apenas parte da taxa é definida no momento da contratação. Produtos pós-fixados possuem remuneração mista, uma parte é fixa e outra variável, indexada à inflação, por exemplo.

Liquidez  É a facilidade com a qual um investimento se transforma em dinheiro. Ao realizar uma aplicação, a liquidez da mesma pode ser de 1 ou de 30 dias, tempo necessário para resgatar o valor investido.

Volatilidade  Diz respeito à intensidade e frequência da flutuação de preços de um ativo financeiro ou de um índice de bolsa de valores. É o termo que indica risco: quanto maior for a volatilidade, maior o risco deste investimento.

Marcação a Mercado É um termo comum para negócios em fundos de investimento e carteiras administradas. Significa atualizar um preço para o valor mais recente.

FGC Fundo Garantidor de Crédito. A instituição não financeira  assegura o investidor em caso de liquidação extrajudicial ou insolvência de instituições. O FGC garante ao investidor até R$ 250 mil por CPF e Instituição.

Fonte: Edísio Freire, educador financeiro e colunista do CORREIO.