Enterrado corpo de empresário morto por bala perdida durante brigas entre ciganos

Familiares lembraram, durante cerimônia, exemplo de superação de Ademir.

Ademir (Foto: Reprodução)Mais de 200 pessoas compareceram na despedida do empresário Ademir Martins dos Santos, 69 anos, morto na tarde de segunda-feira (2), por uma bala perdida durante uma confusão entre ciganos no Condomínio Planeta Água, em Barra do Jacuípe, Camaçari. O enterro ocorreu às 11h desta quarta-feira (4) no cemitério Bosque da Paz, em Salvador. Wallace, filho de Ademir, que também foi baleado, recebeu liberação dos médicos para comparecer ao sepultamento do pai. 

Alfredo Marcelino, 70, amigo e advogado da família lamentou a morte. "Ele estava no lugar errado, na hora errada". Segundo Marcelino, as pessoas que testemunharam o fato não querem colaborar com as investigações, por medo. "As brigas entre ciganos no condomínio são frequentes, mas nunca havia chegado a esse ponto". 

Segundo o pai da nora do empresário, Roberto dos Anjos, 65 anos, parte da família já prestou depoimento à polícia antes do enterro. Além disso, outras pessoas que estavam na casa com Mica, como era conhecido Ademir, foram intimadas. Ademir saía da casa de um amigo, depois de aproveitar o feriado com a família, quando foi morto. 

A dona de casa Vânia Martins, 43 anos, sobrinha da vítima, lembrou que Mica era exemplo para a família. "Ele era um paizão, um tio exemplar, estrela da família. Era ele que socorria a todos que precisassem de alguma coisa, do menor ao mais velho", afirmou. 

LembrançasAdemir era apelidado de Mica pelos parentes. A família, que é de Itabuna, contou que ele veio em 1963 para Salvador, em busca de melhores oportunidades. Aos 14 anos, ele começou a trabalhar como ajudante de pedreiro e também a ajudar um tio na direção de uma caçamba que fazia transporte de entulhos. 

Já como feirante, se esforçou para comprar o primeiro veículo e foi, aos poucos, ampliando a empresa que, atualmente, possui uma frota de dois caminhões e três caçambas. "Pela história dele de luta, para os sobrinhos, Mica era referência de sucesso", afirmou o advogado Alex Lopes Guimarães, 33 anos, primo da vítima. "Wallace era o filho que ele mais gostava, ele colava junto com o pai na administração da empresa", completou. "Mica dava importância à vida, ele estava louvando por estar bem de saúde, tinha feito alguns exames recentes e estava tudo bem, brincava que iria viver ainda por muitos anos, e acaba dessa forma. É triste", lamentou Alex. 

InvestigaçãoA delegada Maria Danielle Monteiro, titular da 26ª Delegacia (Vila de Abrantes), pede para que a população colabore com a investigação, dando informações que possam levar à prisão dos criminosos através dos telefones 3623-4963 / 4960 (26ª Delegacia) e 3235-0000 (Disque Denúncia). "Nossa equipe de investigadores está à caça dos bandidos desde o dia do crime, mas mesmo assim necessitamos de ajuda da população", disse a delegada.  Até às 19h ninguém havia sido preso.