Entre no clima dos 80 anos de Gil e mergulhe na discografia dele

A convite do CORREIO, três músicos apontam álbuns marcantes de Gil

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  • Roberto Midlej

Publicado em 25 de junho de 2022 às 06:00

. Crédito: (foto: Nadja Kouchi)

É hora de festejar os 80 anos de um dos maiores músicos da nossa história e um desses ilustres baianos que nos dão aquela pontinha de orgulho de sermos conterrâneos dele. Gilberto Gil celebra oito décadas de vida e que tal aproveitar o fim de semana para mergulhar na discografia dele? A coluna conversou com três músicos, todos fãs de Gil: Ronei Jorge, de 48 anos, Ricardo Caian, 33, e José Gil, 30, que, além de admirador do tropicalista, é seu filho mais novo.

José se entusiasma com Parabolicamará, de 1992 e diz que, para ele, é o mais "especial" da carreira do pai: "Reúne o que tem de melhor de discos que vieram antes, desde a trilogia Refazenda / Refavela / Realce. Passa também por Extra, Banda Um, Raça Humana... e tudo isso desencadeia em Parabolicamará". José destaca o toque de "regionalidade" do disco misturado a elementos de modernidade, na faixa Quero Ser Seu Funk. "Tem também muito da Bahia, com Serafim, Budanagô...". Tem ainda uma das favoritas de José, que é Um Sonho.

O disco Expresso 2222, de 1972, é marcante para Caian, que ficou encantado com o desempenho de Gil no violão quando o ouviu pela primeira vez. "Eu já sabia das qualidades dele como compositor, mas quando prestei atenção ao violão que ele tocava, falei 'O que é isso?! Ele é iluminado demais!'", diz, referindo-se especialmente à faixa Oriente, em que Gil faz também muitas experimentações vocais, com seus agudos característicos.

Um Gil mais pop, do álbum Realce, lançado em 1979, também encanta Caian: "Esse disco antevê o pop, participa da construção da música pop brasileira. E é uma ode às baladas disco dos ano 1970, que, nos anos 80, ia virar Michael Jackson". A sonoridade "gringa" presente em muitas faixas, segundo Caian, se explica, afinal o álbum foi gravado em Los Angeles. No álbum, estão clássicos como a faixa que lhe dá título, além de Toda Menina Baiana, Não Chore Mais (versão de No Woman, No Cry) e uma regravação de Marina, de Caymmi.

Ronei enxerga resíduos de Realce no álbum seguinte, Luar (A Gente Precisa Ver o Luar), lançado dois anos depois: "Acho ainda mais bem resolvido que Realce e Gil encontra de uma maneira melhor o formato mais radiofônico. E ele se dá super bem com isso, embora alguns que o acompanharam na fase tropicalista torçam o nariz pra isso". Ronei destaca a faixa Se Eu Quiser Falar com Deus, que Gil compôs para Roberto Carlos, mas o Rei não gravou. "Quando Gil toca em assuntos espirituais, atinge lugares que poucos compositores atingiram".

Leia e veja O livro Todas as Letras (Cia. das Letras/R$ 200/528 págs.) reúne mais de 400 composições de Gilberto Gil e chega agora à terceira edição. Com organização de Carlos Rennó, ilustrações inéditas de Alberto Pitta e textos de Arnaldo Antunes e José Miguel Wisnik, a publicação reúne o conjunto das canções compostas por Gil, uma cronologia e centenas de comentários – diversos deles inéditos – do autor a respeito de suas canções. O aniversário de Gil é este domingo (26) e o Canal Brasil preparou uma programação especial, a partir das 10h15, quando exibe o documentário Doces Bárbaros, sobre o grupo que Caetano, Gil, Bethânia e Gal formaram para celebrar uma década de carreira. às 12h, tem Corações a Mil, com Regina Casé no papel de uma tiete do músico. Às 13h25, tem o documentário Viva São João em que Gil viaja para o Nordeste, onde participa da comemoração católica do dia de São João com muita música e dança.