Entrou água: pancadas de chuvas continuam até quinta (7) em Salvador

Madrugada desta terça (5), com relâmpagos e trovões, assustou moradores na capital baiana

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  • Bruno Wendel

Publicado em 5 de março de 2019 às 18:48

- Atualizado há um ano

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Depois de um Carnaval com muito sol e altas temperaturas, os foliões de Salvador se assustaram com a forte chuva que caiu  na madrugada desta terça-feira (5). Como se não bastasse a água, ainda teve relâmpagos e trovões.

A estudante de Medicina Laura Rezende, 24 anos, que acompanhou o desfile do Cortejo Afro na segunda-feira (4), no Circuito Dodô (Barra/Ondina), já estava em Ondina quando foi surpreendida com o temporal. “Minha fantasia ficou encharcada”, disse ela, referindo-se, principalmente, ao Ekodidé - pena vermelha que enfeita a roupa do Cortejo.

No entanto, a futura médica disse que a chuva não atrapalhou a animação. “Ali, no circuito, eu continuei pulando e curtindo o clima de Carnaval. Mas, quando cheguei em casa, em Armação, comecei a prestar atenção no barulho dos trovões. E eu odeio. Tenho medo”, contou.

Assim como Laura, a servidora aposentada Eliana Saliba, 61 anos, que mora na Pituba, teve uma noite de pânico. “Desde criança eu tenho muito medo de relâmpagos e trovões. Deve ser algum trauma, que persiste até hoje”, declarou. Ainda segundo ela, no bairro, o barulho das trovoadas persistiu até a manhã desta terça.

Outro bairro que sofreu com a chuva forte foi a Barra. Já em casa, após curtir a saída de alguns trios no Farol, o administrador Luciano Santana, 44, disse que teve uma noite ruim. “Por causa do abafamento, eu tenho dormido de janela aberta, além de ventilador, e, quando a chuva começou, tive que fechar”. O resultado, de acordo com ele, foi o sono perturbado pelo calor e pelo barulho dos trovões.

Praia Mesmo com a forte chuva, muita gente foi à praia renovar as energias e curar a ressaca para curtir o último dia oficial do Carnaval de Salvador. Foi o caso de uma turma de Mairinque, no interior de São Paulo, entrevistada pelo CORREIO na praia do Buracão, no Rio Vermelho.

Apesar dos 10 mm de chuva durante a madrugada desta terça, que derrubou a temperatura para a média de 24º C, nada tirou o ânimo dos turistas. “Curtimos tanto Bel Marques, Ivete Sangalo e Léo Santana que capotamos quando chegamos em casa e não vimos a chuva. Só hoje, pela manhã, que percebemos. Mesmo assim, viemos para pegar um solzinho e, mais tarde, vamos curtir a pipoca de Daniela Mercury”, declarou a aposentada Edna Chagas, 65 anos. Turistas de São Paulo curtem praia em Salvador mesmo após chuva (Foto: Roberto Abreu) Mesmo com a chuva de menor intensidade que caiu por volta das 10h, a agente de reservas de Porto Seguro, Gisele Farias Marino, 30, pôs o biquíni e convocou o restante da turma. “Não podíamos ficar em casa. Temos que dar continuidade e encerrar a farra com chave de ouro”, disse ela, que estava na companhia do agente financeiro Fábio Lourenço, 33, o produtor de eventos Haquiles Fontes, 38, o fisioterapeuta Bruno Pires, 41, e a estudante Clarice Ester, 21.

Um grupo de amigos de Feira de Santana pegava um sol, mesmo com o céu nublado, mas não para ir à avenida. “Para renovar a força. Pulamos de pipoca e foi muito bom. Infelizmente temos que voltar à realidade”, disse a estudante Amanda Almeida Alves, 18.

O amigo dela, o vendedor Fabrício Figueiredo, 26, foi o mentor da ideia de banho de mar. “Já acordei na pegada. Vi que estava chovendo um pouco, mas apostei que o sol ia chegar e chegou, mesmo tímido”, disse ele.

Não para por aí De acordo com boletim divulgado pela Defesa Civil de Salvador (Codesal) nesta terça, o culpado pelo mau tempo é um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que vai manter as pancadas de chuva e o céu nublado até quinta-feira (7) na capital baiana.

Ainda segundo o boletim, a probabilidade é que as chuvas caiam no início da manhã e durante a noite, mantendo a variação da temperatura entre 26 e 31 graus. Por causa da situação, a Codesal alerta os moradores de áreas de risco e encosta, em razão da possibilidade de deslizamentos.

O meteorologista João Basso, do Climatempo, reforçou a previsão da Codesal e acrescentou que, a partir de quinta-feira, a chuva sai de Salvador e segue em direção ao Sul da Bahia. “O VCAN é tipo um ciclone que atingiu entre Salvador e o Sul baiano, principalmente a região de Ilhéus” explicou ele. Dia foi de tempo nublado na capital (Foto: Roberto Abreu) Ainda de acordo com João Basso, no Vórtice, as chuvas se formam nas bordas e não no centro. “É muito comum esse tipo de fenômeno durante o Verão no nordeste brasileiro. Já no inverno, o VCAN se afasta do continente americano e das áreas costeiras”, afirmou.

O meteorologista também destacou que o tempo quente e úmido característico do Verão baiano favoreceu o crescimento de nuvens que se espalham pela costa e que, a partir da quinta-feira, segue para o Sul do estado.

Cuidados com o pet Mas, não foi só o folião que sofreu com o barulho dos trovões na madrugada desta terça, em Salvador. Teve pet que se tremeu todo e até se escondeu. “Meu cachorro foi se esconder embaixo da cama de meu pai”, disse o estudante de Jornalismo, Gael Moreira, 22, que mora no bairro do Jardim Armação.

O engenheiro civil, Marcelo Mattos, 28 anos, dono de dois cachorros da raça chiuaua, a quem chama de filhos, declarou que “os meninos sentiram muito medo”. Segundo ele, “o mais velho, que tem 6 anos, se encolheu e ficou em cima do sofá, praticamente imóvel. Já o caçula, de apenas 1 ano, pulou em minha cama, em cima de mim. Ele se tremia muito e eu fiquei desesperado”, disse.

A autônoma Ana Reis, 56, contou ao CORREIO que já teve muita preocupação com a cachorrinha. “Quando era mais novinha, ela se tremia muito e ficava exausta, a ponto de a língua pendurar”, disse ela, referindo-se à Schnauzer Gigi, que completa 15 anos em setembro.

No entanto, nesta madrugada, nem Ana nem Gigi ouviram os barulhos. A dona, porque pegou no sono pesado e a cachorrinha, que, em razão da idade, já está surda. Mas a filha da autônoma foi quem sofreu. “Minha filha me perguntou se eu tinha conseguido dormir com os trovões, porque ela havia passado a noite em claro. Fiquei sem entender”, contou.

O CORREIO preparou uma lista com 10 cuidados para diminuir o medo de seu pet com o barulho dos trovões e da chuva forte. Confira as dicas da veterinária Karina Mussolino:Liberdade: cães e gatos costumam se esconder em momentos de medo, por isso, é importante deixá-los livres, não prender na coleira; Colo: alguns pets aceitam bem o colo do dono, pois se sentem mais seguros. Já outros preferem buscar áreas que possam se esconder, como embaixo de móveis. Deixe o seu bicho se acomodar da melhor forma para ele; Silêncio: uma das formas de evitar transtornos é manter o pet quieto em um local fechado e silencioso, o que pode ajudá-lo a se sentir mais protegido; Algodão: alguns pets aceitam que o dono coloque algodão nos ouvidos, como tentativa de abafar o som. Mas, o algodão deve colocado com cuidado e retirado imediatamente após o término dos ruídos; Naturalidade: o ideal é o dono agir de forma natural, brincar com o pet com seu brinquedo favorito, como se nada estivesse acontecendo; Sem estresse: no caso dos gatos, é comum que sumam da vista dos donos. Se a casa ou o apartamento for seguro, com redes nas janelas e portões fechados, deixe o bichano por lá e evite ficar chamando para não estressá-lo ainda mais; Evite a automedicação: medicar o pet, por exemplo, com calmantes, sem orientação do veterinário, traz risco à saúde dos bichinhos; Atenção especial: cães e gatos que tenham histórico de doença cardíaca devem ter cuidados especiais. É importante que o dono converse com o veterinário; Socorro rápido: caso o animal apresente qualquer tipo de alteração ou acabe se machucando, ele deve ser levado imediatamente ao veterinário, para ser avaliado e atendido. Não à solidão: não é recomendado deixar os animais sozinhos nesta época de chuvas de verão. Em caso de viagens, é aconselhável deixá-los com parentes, vizinhos ou em hotéis especializados. * Com supervisão da editora Mariana Rios