Equipamento 'digere' restos de comida e transforma lixo em água

O primeiro aparelho usado no Brasil está no Hotel Hilton, em São Paulo, e retirou do descarte cerca de 500 quilos de lixo por dia

Um equipamento capaz de transformar sobras de comida que iriam para o lixo em água que pode ser usada para regar jardim, limpeza de apartamentos ou de vasos sanitários. Isso é o que promete a empresa canadense Orca Digesters, que lançou um produto capaz de realizar uma espécie de digestão desses alimentos. No Brasil, o Hotel Hilton, em São Paulo, foi o primeiro a experimentar a novidade e já deixou de jogar fora cerca de 500 quilos de sobras de comida.

O gerente-geral do Hilton São Paulo Morumbi, David Ecija diz que a adoção do equipamento faz parte de esforço para cumprir a meta global da empresa, anunciada neste ano, de diminuir em 50% o impacto da rede de hotéis até 2030. Segundo ele, atingir as metas de sustentabilidade está à frente da busca por retorno financeiro para a empresa neste projeto. “Antes do equipamento, com o envio de 10% de nosso lixo orgânico para aterros, já ficávamos no vermelho em relação às metas da companhia. Com ele, conseguimos afirmar que temos uma gestão de 100% dos resíduos do hotel”, diz Tales Matzenbacher, gerente de alimentos e bebidas do hotel.

Desenvolvido pela empresa canadense Orca Digesters, o equipamento emula um processo de digestão de alimentos a partir de microorganismos que são colocados no espaço. Ao visitar o local onde o equipamento está instalado, é possível sentir um cheiro ácido, porém suave em relação ao que se poderia esperar de comida em decomposição. Dentro da máquina, o lixo tem aparência de argila. Segundo Matt Wildsoet, diretor comercial da Orca para a América Latina, ele já é usado em 10 países, em locais como hotéis, shoppings e escolas.

A empresa abriu escritório em São Paulo no começo do ano para buscar mais clientes na região. O equipamento é alugado pelos clientes e a Orca oferece manutenção.  “Em geral, reciclar uma tonelada de comida custa R$ 200”, explica Wildsoet.  A água gerada pode ser aproveitada para regar jardim, limpeza ou vasos sanitários. Segundo o diretor da empresa, entre 70% e 80% da água contida nos alimentos é recuperada pelo sistema.

De acordo com ele, seu uso traz ganhos para empresas tanto em termos de sustentabilidade como também financeiros. Isso porque quem usa o serviço reduz seu gasto com água, transporte de lixo e uso de aterros sanitários.  Vale destacar que com o equipamento, o Hilton deixa de usar 2.500 sacos plásticos por mês para descarte de sobras de alimentos.