Érico Brás fala sobre negritude em coluna de estreia no CORREIO

“Escrever é mais um braço da minha veia artística que precisa ser exposto”; todas as quartas, a partir de amanhã (5)

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  • Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 14:24

- Atualizado há um ano

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Reconhecido entre os 100 Negros Mais Influentes do Mundo na última edição da premiação Most Influential People of African Descent (Mipad), que aconteceu em setembro, em Nova York, e nomeado Conselheiro do Fundo de População da ONU, o ator baiano Érico Brás passa a ser colunista do jornal CORREIO a partir desta quarta-feira (5), na seção Só Se Vê No Correio. Em textos semanais, ele reflete sobre assuntos relacionados à negritude e diz que escrever é um exercício que vem fazendo há algum tempo.

 “Fui criado no ambiente da política negra de Salvador e sempre me achei no direito de falar o que penso. Sou um cara que escreve muita coisa e reflete sobre questões sociais e o comportamento de nós, brasileiros, em relação aos fatos que estão acontecendo no mundo. E, hoje, vejo que escrever é um complemento do artista que sou. Ser colunista de um jornal como o CORREIO, que é um veículo popular e que chega nas famílias e nos bairros de Salvador com muita vontade de informar, é estar num lugar nobre”, diz Érico.

“Para nós, do CORREIO, é muito importante ter uma personalidade que esteja pensando nas questões sociais e culturais relativas à negritude. Afinal, vivemos em Salvador, a localidade com maior número de negros fora da África. Refletir isso é uma questão de identidade e organicidade”, afirma Doris Miranda, editora da seção Só Se Vê No Correio, que reúne colunas, artigos e textões. Esta última categoria, inclusive, que republica textos originalmente postados em redes sociais, foi premiada recentemente no Latam Digital Media Awards, um dos mais importantes prêmios de mídia no mundo. A coluna Textão foi premiada como a melhor estratégia de engajamento com leitores de redes sociais da América Latina."Ser colunista de um jornal como o CORREIO, que chega nas famílias e nos bairros de Salvador com muita vontade de informar, é estar num lugar nobre"“Sempre gostei dessa arte de ser colunista, dar opinião sobre determinados assuntos do cotidiano e de outros que já passaram, mas ainda estão flutuando em nossa convivência social”, completa Érico, revelando que está escrevendo também um livro. O material, focado no viés da negritude, já estava quase pronto, mas ele diz que precisou parar para observar melhor - e refletir – sobre o recente processo político do Brasil. “Escrever é mais um braço da minha veia artística que precisa ser exposto. Esse livro fala sobre o comportamento do brasileiro, sobre todos os mitos que se criaram no Brasil até agora, desde 1500, e como influenciam na vida da gente, enquanto cidadãos brasileiros e donos dessa terra, e como nos relacionamos nas nossas diferenças ao longo da história, do ponto de vista de quem é privilegiado e quem é explorado,” resume.

Ex-integrante do Bando de Teatro Olodum e conhecido pelo personagem Jurandir, de Entre Tapas e Beijos, Érico Brás está em cartaz na TV Globo com dois programas de horário nobre: no Zorra, aos sábados, e na Escolinha do Professor Raimundo, aos domingos, onde dá vida a Eustáquio, personagem originalmente interpretado por Grande Otelo. No teatro, está no musical O Frenético Dancin Days, com texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade, e direção de Deborah Colker. Em paralelo, grava a continuação de Ó Paí, Ó, que tem previsão de estreia em 2019.