Escola ganha transformação e vira canteiro coletivo em Pau da Lima

Local, sofria com o descarte irregular de lixo

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  • Nilson Marinho

Publicado em 25 de setembro de 2018 às 17:46

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

O lixo se espalhava pelo chão quando já não cabia mais no container que ficava ao lado da Escola Municipal Sociedade Fraternal, no bairro de Pau da Lima, em Salvador. Na calçada, as sobras atraíam não só as baratas, mas também os indesejados roedores. Pegava mal tanto para o bairro quanto para a unidade de ensino que era obrigada a conviver com o mal cheiro. 

Na manhã desta terça-feira (25), os dejetos e os entulhos que ficavam ao lado da escola deram lugar a um canteiro com flores e plantas, graças a uma turma empenhada em se livrar do problema do descarte irregular de lixo e da sujeira que já estava atrapalhando as aulas dos 494 alunos matriculados por lá. 

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A escola foi uma das seis selecionadas pelo projeto Escola Verde com Com Afeto, realizada pelo Canteiro Coletivo. A coordenadora do movimento, Débora Didonê, conta que, a ideia é levar transformação para o ambiente escolar e o seu entorno. 

Quando foi aberto o período de inscrição, onde as escolas puderam fazer a solicitação das intervenções, a procura foi tanta que 195 unidades de ensino entraram em contato com o coletivo – inclusive escolas do interior do estado. Como havia apenas seis vagas e todas para escolas do município de Salvador foi preciso um processo para identificar aquelas que mais precisavam de uma transformação.

A Escola Municipal Sociedade Fraterna foi uma dessas contempladas. A diretora, Elenilda de Sá, lembra que em frente à unidade de ensino era possível encontrar de tudo, desde eletrodomésticos como fogão e geladeira a sacolas plásticas, levadas inclusive pelos próprios pais do alunado que, no caminho até a escola, aproveitavam para fazer descarte indevido do lixo. 

“Era tanto lixo que transbordava ficando difícil até de andar pela calçada. Os próprios pais já vinham trazendo seus filhos na companhia de uma sacola na mão. A gente não conseguia uma ação de tanta visibilidade que pudesse sensibilizar à comunidade, embora desde 2013 trabalhamos com projetos para erradicar esse problema”, comenta. 

Nas primeiras horas da manhã, cerca de 50 alunos do 5° ano do ensino fundamental dos dois turnos, na companhia de pais e moradores, iniciaram o mutirão. Dia antes, o container que mal suportava o lixo foi retirado pela Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb), mas, mesmo assim, a população insistiu em continuar se livrando das sobras no local inadequado. 

Todos se espalharam pela rua e pelo interior da escola para recolher a sujeira. O esforço rendeu 10 sacos de lixo cheios que, dessa vez, foi para o lugar correto. Com tudo limpo, foi colocado ao longo da calçada pneus que serviram caqueiros para receber as plantas. Os artefatos foram doados por homens de uma cooperativa de transporte que possuem uma tenda ao lado da escola. “Eles, que também se sentiam incomodados com toda a sujeira, decidiram ajudar. Agora também vão ficar espertos para não deixar que a população volte com mau hábito”, acrescenta a diretora. 

Quem também colocou a mão na massa, foram os pais. A dona de casa Josefa Cardoso, 38, mãe de um dos alunos, por exemplo, deixou os afazeres domésticos para, sem convite do filho, ajudar a pintar o muro e a plantas as mudas das plantas. “Não é um benefício apenas para os alunos, mas, também, para toda a comunidade. Além de protege-los de várias doenças. Pega mal vez tanto lixo assim em frente a uma escola”, disse a mãe.

O aluno Kevin Oliveira, 12, ajudou pintando os pneus que serviram de caqueiros. Ver tanta sujeira todos os dias, conta, o deixava incomodado. “Recebi esse projeto com alegria e fiquei muito entusiasmado. Apesar do aspecto estar bom agora, era muito ruim, atrapalhava a nossa passagem e tinha muitas fezes de cachorro”, lembra. 

Foram selecionadas, além da Escola Municipal Sociedade Fraternal, a Escola Municipal Eufrosina Miranda (Lobato), Estadual Victor Civita (Vasco da Gama), Estadual Professora Marileine da Silva (Mata Escura), Estadual Norma Ribeiro (Arenoso), Municipal Padre Confa (Costa Azul), cujos cenários foram considerados alguns dos mais críticos pela equipe do Canteiros Coletivos.    

*Sob a supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier