Escritor Adelson Brito lança livro sobre a cultura e ancestralidade africana

Evento aconteceu nesta terça (1) no Museu Geográfico da Bahia

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  • Gabriel Moura

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 23:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr. / CORREIO

Com séculos de tradição, cultura e ancestralidade impressos em suas páginas,  o livro e songbook Ògun: Ogun OniIre Alákoro, Gù Alágbede, do estudioso Adelson de Brito, foi lançado ontem, no Instituto Histórico e Geógrafico da Bahia.

O lançamento  reuniu o povo de santo  e interessados na cultura africana. O  autor ressaltou a  importância dos livro como instrumento de combate ao preconceito e à intolerância religiosa. Este é o segundo lançamento do projeto Salvador Savalu: Uma Ponte Nagô-Vodun Entre Dois Continentes, que lançará mais 15 títulos dedicados aos orixás. O primeiro focou em Exu e o próximo, em Oxóssi.

“A cultura ocidental muitas vezes enxerga o Candomblé como algo amorfo. Existe esta visão folclórica de que somos manifestações culturais, sem cunho religioso. O que não é verdade e os livros mostram exatamente isso, que somos uma religião que não permaneceu fossilizada no tempo, mas sim que se manteve atualizada e dinâmica”, afirmou o autor, que também é Mawó, sacerdote do Culto Nagô-Vodun. O livro explora os cânticos e cultos celebrados pelo Candomblé (Foto: Betto Jr. /CORREIO) O título, que é resultado de anos de estudo, revela boa parte daquilo que pode ser divulgado ao grande público sobre a religião. Além do resgate litúrgico, a obra também mostra os panteões do Candomblé, seus cultos e cânticos, entoados principalmente nas línguas iorubá e fon e que somam 34. Os cânticos  poderão ser escutados no songbook que acompanha o livro.

Durante muito tempo, religiões ocidentais enxergaram o Candomblé como inferior, por não  possuir um livro, como o Alcorão e a Bíblia, para repassar ao longo das gerações os seus ensinamentos. Para candomblecistas como Josué Debesy, que é Ogan Asogun, esta visão é equivocada. Por isso,  ele ressalta a importância das publicações.

“Esses livros são importantes para o resgate da nossa identidade religiosa. Uma vez que, durante muito tempo, todas essas prerrogativas religiosas ficaram na oralidade e por isso muitos ensinamentos e tradições se perderam. Obras como estas preservam nossos cânticos para que as próximas gerações entendam como funciona a estrutura da nossa religião”, defendeu.

Já o pedagogo Adinelson Kambundu, 42, destacou que “essas obras cristalizam e salvaguardam nossa história, mas ainda assim ela poderá passar por transformações, já que temos um começo, mas não um fim”, disse. Gabriel Moura, com orientação da editora Ana Cristina Pereira