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Programa vai ao ar nesta quarta e terá Stepan Nercessian no papel do lendário apresentador
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 08:12
- Atualizado há um ano
A escolha de seu intérprete no especial, Stepan Nercessian, foi fácil. O ator já tinha ganho notoriedade como o próprio Chacrinha no musical de sucesso sobre o velho guerreiro. “Stepan encarna o Chacrinha. É muito impressionante: além do visual, a voz, o jeito, é muito incrível de ver”, observa a diretora-geral Daniela Gleiser. Luciano Huck, Gloria Maria, Angélica, Stepan, Regina Casé, Ivete Sangalo, Ana Maria Braga, Fernanda Lima, Tiago Leifert e André Marques são alguns dos nomes que participam do especial (Foto: Globo/Pedro Curi) Stepan conta que, desde que entrou no musical, sua interpretação de Chacrinha foi sendo aprimorada, para se afastar do caricato e ser mais fiel à essência desse personagem tão marcante na TV. “Não sou bom imitador. Fui fazendo, estudando. Aí elementos foram chegando, peguei o temperamento dele, e a voz saiu, o arrastar do pé que ele fazia. Tanto o (autor do musical, Pedro Bial quanto o Andrucha (Waddington, diretor foram me deixando solto”, diz Stepan, que também viverá Chacrinha no cinema.
Assim, o ator já chegou pronto para comandar o programa. Mas Stepan confessa: “O especial na TV foi incrível, o nervoso foi maior do que na estreia do teatro. No teatro, você está fazendo para uma câmera, que é a plateia. Quando fui para a TV, vi como ele controlava o auditório, câmera para cá, câmera para lá”. Stepan conta que houve leitura, ensaio, mas a dinâmica do programa, gravado em maio, foi como se fosse de uma atração ao vivo, com direito a improvisos do ator. Depois que o Luiz Caldas foi no Chacrinha, o axé deu uma guinada (Foto: Globo/Pedro Curi) Emoção Além da interpretação impecável de Stepan, o especial faz essa ponte com o programa original em outros aspectos. Entre eles, um cenário fiel ao do Cassino do Chacrinha, incluindo os tubos de metal, mas com o acréscimo de alguns elementos modernos, como efeitos especiais de luz e projeções em LEDs. A autoria é do cenógrafo Mario Monteiro, que está na Globo há 50 anos e é irmão do autor da cenografia original, de 1982, já morto.
Foram mantidos ainda quadros clássicos, como o cantor mascarado, agora com Luan Santana, e a entrevista com o artista, com participação de Anitta. “O troféu abacaxi, em vez de ser show de calouros, traz atores da Globo imitando o Chacrinha: Tom Cavalcante, Marcelo Adnet, Marcius Melhem, Welder Rodrigues e Otaviano Costa”, acrescenta Daniela Gleiser. Já o corpo de jurados é formado por comunicadores da casa: Luciano Huck, Angélica, Tiago Leifert, Ana Maria Braga, André Marques, Gloria Maria, Fernanda Lima e Regina Casé. O quadro cantor mascarado foi recriado, agora com Luan Santana (Foto: Globo/Pedro Curi) Sem esquecer, claro, das atrações musicais, mesclando artistas que se apresentaram no programa do Chacrinha naquela época e outros que estariam no Cassino se ainda estivesse no ar: de Roberto Carlos e Ney Matogrosso, passando por Fábio Jr., Luiz Caldas e Sidney Magal, até Ivete Sangalo e Marília Mendonça. “A gente fez um recorte, não tinha como chamar todo mundo. O axé não podia faltar, porque, depois que o Luiz Caldas foi no Chacrinha, o axé deu uma guinada, e bombou. Então, a gente achou que ter o Luiz Caldas ali seria ótimo. O Magal foi lançado no Chacrinha. Tinha que ter um rock 80, então chamamos a Blitz. Fábio Jr. era apaixonado pelo Chacrinha, e ainda é. O Chacrinha era apaixonado pelo Roberto, ele chorava toda vez que ele ia”, conta a diretora-geral. Segundo ela, o Rei Roberto aceitou o convite prontamente. “A memória que as pessoas têm do Chacrinha é muito afetiva. Então, quando a gente falava que queria fazer o especial, elas queriam estar lá.” Muitos deles, aliás, se emocionaram com esse reencontro com Chacrinha e abraçaram Stepan como se estivessem novamente nos braços do velho guerreiro. O rei Roberto Carlos ao lado do Chacrinha (Stepan Nercessian) (Foto: Globo/Pedro Curi) Um dos convidados do especial, Ney Matogrosso era presença frequente no Cassino do Chacrinha. “Minha relação com ele era a mesma que todo mundo daquela época tinha. Era um lugar onde as pessoas lançavam discos, frequentavam regularmente o programa. Era um lugar com talvez o maior índice de audiência, e fora ele, né?”, lembra Ney, que canta no especial a música Por Que a Gente É Assim?, a mesma que Chacrinha pediu para Ney cantar duas vezes na primeira vez que o cantor esteve no programa. “Você já viu isso acontecer em algum programa de TV? Cantar duas vezes a mesma música? Ele liberou as chacretes, elas ficaram em volta de mim, pareceria uma orgia, elas passando a mão e eu cantando, porque tudo isso podia num programa à tarde.” (Foto: Globo/Pedro Curi) E, para o cantor, como Chacrinha, essa tão figura anárquica da TV, existiria nos dias de hoje? “Acho que, nesse contexto de hoje, não haveria Chacrinha, não haveria Secos e Molhados, porque hoje está uma caretice imperando, ou uma falsa moralidade”, responde Ney. “E tem também essa coisa esquisita chamada politicamente correto. O politicamente correto é uma régua que eles passam: daqui para cá, nada; daqui para lá, nada; só nesse meio aqui pode transitar. É muito chato. Tento conviver fora disso, sem me preocupar com isso, mas acho muito chato ter que pensar nisso, que isso existe.”