Especialistas dão dicas de como comprar ou vender carros seminovos

Fique atento aos cuidados que o consumidor precisa ter na hora de negociar um carro usado

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 13 de outubro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Correio/Antonio Saturnino

O mercado de venda de carros seminovos cresceu 10,93% em junho quando comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). No entanto, na hora de comprar ou vender um seminovo, é sempre importante atentar para alguns cuidados que impedem o prejuízo em ambas situações. Para ajudar os leitores, o CORREIO reuniu dicas importantes para ajudar compradores e vendedores.

A principal vantagem de comprar um automóvel seminovo está no preço. Basta lembrar que um carro zero quilômetro deprecia entre 10% e 20% ao sair da concessionária. Ao comprar um carro usado há o desconto pela depreciação e o comprador ainda usufrui do tempo sem manutenção ou grandes custos. Mas atenção: é importante lembrar de checar o veículo todo para não ser induzido ao erro por causa do preço baixo.

De acordo com o sócio-fundador da plataforma de compra e venda de carros seminovos Volanty, Maurício Feldman, a avaliação da mecânica do carro é, sem dúvida, um dos fatores  imprescindíveis na compra de um carro. “É importante também verificar toda a documentação do veículo e conhecer seu histórico - as concessionárias e lojas são obrigadas por lei a apresentar um documento com o histórico do carro completo: valor dos tributos incidentes sobre a venda e situação de regularidade como multas, furtos, taxas anuais, débitos, alienação fiduciária entres outros registros que possam impedir a circulação do veículo”, ensina. “Além disso, pelo mesmo preço de um novo, é possível adquirir um seminovo do mesmo modelo e mais equipado”, diz.

Feldman salienta também que ao adquirir um carro seminovo numa agência, concessionária ou em um marketplace de seminovos, o comprador tem direito à garantia de três meses. “Essa garantia cobre todas as peças que compõem o veículo. Ou seja, falha no sistema elétrico, motor, câmbio ou qualquer desgaste de peças estão incluídas nos 90 dias”, explica, pontuando que algumas empresas estendem essa garantia para mais tempo. “Na Volanty, por exemplo, todo carro comprado tem inclusa a garantia de 1 ano para motor e câmbio”, completa.

O professor da área de técnica em manutenção da unidade Senai-Cimatec Dendezeiros, Francisco Assis Neto, salienta que o comprador deve avaliar questões como a quilometragem do veículo, o estado dos pneus, o funcionamento dos equipamentos internos. "O bom estado físico de um carro nem sempre é garantia de que o veículo esteja em bom estado, então se antes de fechar a venda, o futuro comprado puder levar a um mecânico de confiança, é sempre bom para verificar possíveis ruídos no motor", esclarece. Assis Neto diz que a realização de um teste por um período também ajuda a identificar possíveis situações maqueadas no veículo. 

Para quem comercializa o carro, o professor do Senai ressalta a importância de realizar as revisões, além de verificar quaisquer pendências no sentido de multas ou tributos. "Particularmente, considero que, tanto a compra quanto a venda, deve ser feita dentro do máximo de segurança, especialmente para o motorista leigo, então é preciso levar em consideração quando a desvalorização de uma concessionária ou empresa especializada não representa uma economia mais adiante no quesito garantias", completa. 

É preciso prestar atenção principalmente no sistema de freios, no óleo e no filtro de óleo, filtro de combustível, pressão e estado dos pneus, alinhamento e balanceamento, velas e sistema de arrefecimento. São cuidados que além de garantir a segurança no trânsito, também ajudam o consumidor a economizar.

Já quem vai comprar um carro usado diretamente com outra pessoa precisa redobrar a atenção para evitar calotes e situações desagradáveis. “Vale marcar um local seguro para conhecer o veículo e só realizar o pagamento sob condições que garantam uma venda seguro para ambos os lados”, diz Feldman.

É importante ficar atento também aos itens mecânicos, que devem ser observados tanto na hora de comprar quanto na hora de vender - neste caso, é preciso tomar alguns outros cuidados como não divulgar dados pessoais em anúncios. É importante negociar e definir todos os detalhes antes de fechar o negócio. Outra dica indispensável ao vender para comprador particular é não fazer a transferência da titularidade do bem até que tenha a confirmação do pagamento integral.

Vale atentar também para: 

Desgaste da pintura A ação do tempo sempre provoca reações na pintura do automóvel, principalmente no Brasil que possui um clima muito variado ao longo do ano. Por isso, é preciso ficar atento com algumas providências que garantem uma duração prolongada. A cada seis meses aplique cera automotiva e a cada 12 meses providencie a cristalização da pintura, que recupera a tonalidade original do carro. "Caso tenha pequenos arranhões na lataria do veículo, não tente consertá-los. É melhor mostrar ao comprador interessado que se trata de um dano pequeno, do que tentar disfarçá-lo e despertar dúvidas." explica Feldman.

Ruídos A má qualidade do asfalto das cidades pode causar novos ruídos em carros que rodam com mais frequência. É importante ficar atento aos barulhos que aparecem no veículo para que possam ser feitos os devidos reparos, afinal, na hora de conhecer o veículo para fechar o negócio, o comprador pode se incomodar com algum tipo de barulho.

Má conservação dos bancos e forrações É preciso tomar cuidado com manchas que podem surgir ao longo da utilização do veículo. Marcas causadas pelo uso podem causar um aspecto de excesso de quilometragem que não agrada aos compradores. O mesmo vale para o forro do teto e para os plásticos do painel. Por isso, é importante manter o veículo sempre limpo e, anualmente, providenciar a limpeza dos tecidos internos.

Odor de cigarro dentro do automóvel O cheiro do tabaco é bastante predominante e penetra nas partes plásticas do painel e no estofado dos bancos. Além disso, sempre há o risco de queimar os tecidos com as cinzas que podem cair por acidente. A dica é evitar fumar dentro do carro. Caso o veículo tenha odores fortes em seu interior, tanto de cigarro quanto de outros elementos, providencie uma limpeza interna completa em uma loja especializada.

Customização excessiva Customizar um auto para deixá-lo a cara do dono pode ser divertido, mas na hora de vender, quanto mais customizado for o automóvel mais difícil será encontrar um novo comprador. Isso acontece porque o gosto de um consumidor pode ser bastante pessoal e nem todos apreciarão as modificações feitas. Portanto, adesivos, tatuagens, rodas mais largas e até mesmo modificações na pintura devem ser feitas com bastante cautela. Se possível, opte por acessórios que possam ser retirados no momento de vender o carro.

Ao ser cauteloso com essas e outras situações, é possível ajudar o consumidor a conseguir vender um seminovo por um preço mais próximo ao desejado, além de facilitar a venda, podendo torná-la mais rápida e prática.