Especialistas falam sobre a importância de manter os exercícios, mesmo em casa

Conheça exemplos de quem não desistiu e veja dicas para não deixar a peteca cair

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  • Laura Fernades

Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

Durante a pandemia, a rotina de saúde e bem-estar mudou e não falta gente em busca de motivo para manter os exercícios físicos até mesmo dentro de casa. Por aplicativo ou chamada de vídeo, o ano começou com novos hábitos e pessoas empenhadas em se cuidar. Mas e quando falta estímulo, como não deixar a peteca cair? A resposta é buscar motivação, indicam especialistas.

O médico Ronald Barreto, 72 anos, por exemplo, nunca gostou de atividade física até o dia em que caiu em casa e ficou em coma por um mês. Depois de levar um ano e meio para se recuperar 100%, foi obrigado a fazer do exercício um hábito. A nova rotina não o agradava, mas sua vontade de voltar a pescar falava mais alto.

A pesca exigia fortalecimento e esse era o empurrãozinho que faltava. “Hoje, ele vai para a piscina e faz atividade todos os dias. Nunca é tarde para começar. Mesmo quem nunca fez nada a vida inteira”, incentiva o ortopedista Ronald Barreto Filho, 41 anos, citando o exemplo do pai que tem o mesmo nome.

Na semana passada, Ronald, o filho, postou o vídeo de um senhor agachando e levantando rápido enquanto cuidava de dois netos. No dia seguinte, foi surpreendido por um amigo com o vídeo de seu próprio pai na beira da praia, pescando na maior felicidade. O ortopedista, que mora em Aracaju, não pensou duas vezes e decidiu espalhar o incentivo.

“Recebi o vídeo e pensei: essa história a gente precisa contar. O tempo inteiro temos desculpas: ‘Não estou malhando porque o joelho dói’, ‘não estou malhando por causa da covid’, ‘porque sou obeso’. Tudo isso é desculpa, porque não encontramos a motivação certa”, defende. Então o ortopedista gravou um vídeo sobre como encontrar estímulo e postou em seu Instagram.

“Eu sei que não é fácil fazer uma atividade física. Então, eu gostaria de pedir que vocês reflitam e achem sua motivação. Seja pescar, como meu pai, seja brincar com os netos, educar seus filhos, ou educar seus pais a terem hábitos de vida mais saudáveis. Isso pode fazer a diferença”, diz, no vídeo.

Autocuidado Foi o que aconteceu com o pai do também médico Marcus Almeida, 31, que no meio da pandemia foi diagnosticado com um quadro avançado de demência. Para retardar a doença degenerativa do pai, Marcus o colocou no pilates.

“Meu pai nunca apresentou nenhum sintoma e era super ativo. Foi muito abrupto”, desabafa Marcus. “Ele sempre fez exercício físico e no processo de reabilitação buscamos adicionar o pilates para frear a evolução da doença. Tem ajudado bastante a parte motora”, comemora.

Marcus, que faz acompanhamento com personal há seis anos e não parou durante a pandemia, conta que sempre alterna os exercícios para não perder a motivação. Seu objetivo é buscar mais equilíbrio, bem-estar e relaxamento. “É sentir melhor com você mesmo”, explica.

Personal de Marcus, o professor de educação física Fabio Venere ressalta que é sempre bom ficar atento aos exercícios feitos em casa, já que a capacidade física, mental e as comorbidades podem interferir na performance. “Mude o local do treino, coloque música, mude os horários, diminua o tempo de cada seção e/ou divida durante o dia em seções menores”, ensina. 

Ronald, do início do texto, encontrou motivação na família. Ao contrário do pai, o ortopedista sempre gostou de exercício físico, mas o trabalho intenso o deixou temporariamente parado. Até que chegou a pandemia e mudou toda a sua vida. Sem se dar por vencido, criou com a mulher e os filhos de 5 e 7 anos uma nova rotina: todas as manhãs os quatro fazem, juntos, exercícios por meio de um aplicativo.

“Comprar um short novo, uma camisa, ou um tênis não adianta se você não tiver motivação e foco. A motivação é o alimento, o fertilizante para construir e manter esse hábito, para ele se transformar em rotina. Afinal, enquanto for só um hábito, a gente cria resistência”, explica o profissional.

Para quem tem dificuldade, o ortopedista manda um recado. “Não é fácil para uma pessoa que nunca fez nada na vida. Mas comece de forma lenta, gradual. Se quiser ajuda, tem muitos profissionais que podem ajudar de forma contínua. Aquela dor do início vai diminuir, o peso vai diminuir e os benefícios vão chegar”, garante. Ronald encontrou na família sua motivação (Foto: Acervo pessoal/Instagram) Cinco dicas para não desanimar  

1. Começe Faça o básico, exercícios simples e sem muito floreio terão uma eficácia maior e a resposta será imediata

2. Concentração qualquer atividade, da mais simples à mais complexa, só será concluída quando for realizada prestando atenção aos detalhes.

3. Divirta-se, se o exercício não estiver dando prazer em executá-lo, encontre outro imediatamente.

4. Respire Nosso primeiro ato de vida e também nosso último, a respiração relaxa, dá energia, impulsiona vários benefícios.

5. Procure ajuda Sempre que tiver a oportunidade, procure um professor de Educação Física, porque ele traz conhecimento e estímulo

*Por Fabio Venere, professor multiesportes, formado na UFBA (2002) com curso de Pilates Clássico (2010) feito na Itália