Especialistas indicam como usar restituição do IR; 90 mil baianos recebem hoje

Em todo o país, mais de 2 milhões de contribuintes serão beneficiados; montante de crédito é de R$ 2,8 bilhões

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 14 de agosto de 2017 às 02:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Agência Brasil

Em tempo de orçamento apertado, a restituição do Imposto de Renda (IR) pode salvar o mês, servir para saldar dívidas ou mesmo ser um recurso para quem pensa em investir. Nesta terça-feira (15), 89.792 contribuintes baianos poderão sacar o valor disponibilizado para este terceiro lote – cerca de R$ 143 milhões. Em todo o país, mais de 2 milhões de contribuintes serão beneficiados desta vez, em um montante de R$ 2,8 bilhões. A consulta para saber se a restituição está disponível pode ser consultada no site da Receita Federal, ou ligando para o Receitafone pelo 146 ou pelo app Receita Federal - Pessoa Física. O CORREIO ouviu educadores financeiros, que indicaram o que é possível fazer com a grana.

Para a bióloga Gabriela Carneiro, 27 anos, que vai receber a restituição pela primeira vez, o dinheiro chegou em ótima hora. “Tudo é válido! Já vou aproveitar para pagar o licenciamento da minha moto, mas ainda vai faltar um pouquinho”, conta ela, que mora na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo. O companheiro, Fred Lordelo, 33, que também é biólogo, está nesse lote e já sabe o destino da grana. “Eu vou juntar esse valor e mais um pouco para pagar a parcela de uma dívida”, conta.

De acordo com o economista e educador financeiro Edísio Freire, para quem tem dívidas, o ideal mesmo é que elas sejam pagas imediatamente. “Inclusive, é possível usar o dinheiro disponível para conseguir uma negociação. Se você tem o dinheiro para pagar à vista, tem que tirar o maior número de juros possível nessa negociação”, explica. O diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil, Welinton Mota, esclarece que a depender do valor da dívida, é necessária uma negociação mais criteriosa. “Se a pessoa partiu para uma situação mais avançada e ficou com o nome sujo, na maioria das vezes, os bancos dão grandes descontos quando percebem a possibilidade de não receber”, conta.

Segundo os especialistas, em geral, a primeira coisa que as pessoas tendem a fazer é mesmo saldar as dívidas. É o caso do servidor público Antônio Reinaldo Oliveira, 34, que precisou pegar um empréstimo durante a gravidez da esposa porque o momento coincidiu com o término do contrato dela como professora substituta. “Nós pegamos para arcar com o padrão de vida que nós vínhamos mantendo enquanto a situação não se resolvia”, lembra. Como o caso da esposa dele foi parar na justiça – já que ela não podia ficar desamparada durante um momento especial como é a gravidez – houve indenização e o casal conseguirá juntar os valores da causa com a restituição para quitar o débito.

Já para quem pensa em investir, é preciso levar em consideração o que se quer fazer com o retorno da aplicação. “Não dá para falar de forma direta o que cada um deve fazer porque existem muitos tipos de investimento no mercado e cada um deles vai se adequar melhor com cada pessoa. Isso faz muita diferença na hora de buscar um investimento com maior rentabilidade”, adianta Freire. 

A poupança, embora seja popular, não é a aplicação que mais rende, mas é considerada razoável por Mota. “A renda fixa é melhor do que a poupança quanto ao rendimento e para quem é mais avançado nessas questões econômicas, pode tentar o tesouro direto, falando diretamente com o gerente do seu banco para indicar a melhor modalidade”, sugere Mota. A renda fixa é uma espécie de investimento com regras definidas de remuneração, no qual a pessoa já sabe mais ou menos quanto vai receber no final do prazo da aplicação. Conforme Mota, nos planos de renda fixa de três anos, o rendimento dos primeiros seis meses será só de imposto de renda e taxas cobradas pelos bancos. “Mas quanto mais tempo você fica sem sacar, mais rende no final”, informa. 

Edísio indica que se a pessoa for usar o investimento num prazo de seis meses, o melhor a fazer é deixar na poupança. Se for usar num período acima de um ano, pode-se começar a pensar no tesouro direto ou letra de crédito, que também rendem mais que a poupança. Outro tipo possível é a previdência privada, que é um plano de aposentadoria complementar à da previdência social – aquela que o governo oferece. No entanto, Edísio só indica este investimento para quem tem planos acima de 10 anos, já que nesses casos não é indicado sacar o dinheiro rapidamente.

Pendências É possível que algumas pessoas estejam com pendências na declaração do IR. Para saber caiu na chamada malha fina, o contribuinte pode acessar o extrato da declaração no portal e-CAC (Centro de Atendimento Virtual) para checar a situação perante a Receita Federal. O acesso ao portal é feito com um código gerado na própria página da Receita ou com um certificado digital. Caso existam pendências por causa de erros ou irregularidades, não é necessário entrar em pânico, já que a restituição fica disponível por até um ano, podendo resolver a situação pode ser com uma declaração retificadora. 

"A Receita Federal permite que o contribuinte acesse o detalhamento do processamento de sua declaração através do código de acesso gerado ou do certificado digital. Caso tenha sido detectada alguma divergência o Fisco, já aponta ao contribuinte o item que está sendo ponto de divergência e o orienta em como fazer a correção", explica Welinton Mota.

Se a pessoa não fizer o resgate no prazo de um ano, será necessário fazer um requerimento por meio da internet, mediante o Formulário Eletrônico - Pedido de Pagamento de Restituição, ou diretamente no e-CAC, no serviço Extrato do Processamento da Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF). Os montantes de restituição para cada exercício são corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic.

Nos casos em que o valor não seja creditado, o contribuinte poderá contatar pessoalmente qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para a Central de Atendimento por meio do telefone 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para agendar o crédito em conta-corrente ou poupança, em seu nome, em qualquer banco.