Espetáculo leva ao palco os belos sambas de Batatinha

O ator Diogo Lopes Filho interpreta clássicos como Diplomacia e Tolha da Saudade em musical que estreia neste domingo (11)

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  • Ana Pereira

Publicado em 10 de julho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A poesia elegante do sambista Batatinha podia falar com suavidade de temas densos, como as dores que ele carregava em uma vida pobre e difícil (Diplomacia), das dores de amor (Conselheiro) e de um Carnaval meio cinza e melancólico (Toalha da Saudade). Mas também podia ser divertida, como em Jajá da Gamboa e em Bebê Diferente. Muitas destas canções foram criadas no embalo da caixa de fósforo, seu principal instrumento. É um pouco deste universo que o ator Diogo Lopes Filho leva ao palco virtual do Teatro Vila Velha a partir das 19h deste domingo (11).

Batizado de Sua Excelência Oscar da Penha, o Batatinha, o musical traz Diogo cantando clássicos e narrando fatos sobre o baiano, que viveu entre 1924 e 1997. Mas não interpretando Batatinha, como Diogo faz questão de destacar. “Não queria imitá-lo, para não cair numa caricatura desnecessária”, diz. Olhando para o figurino criado por Zuarte Jr. a gente entende logo o que ele está dizendo. Seu Oscar era um homem mais formal, da velha guarda do samba, do tipo que andava de calça e camisa social.

Em busca do “sentimento do artista“, Diogo foi construindo seu personagem com leituras, audições e em conversas com a família do músico – que teve nove filhos.  “Batatinha era pobre, negro e humilde, como muitos sambistas de sua geração”, diz Diogo, citando contemporâneos como Riachão, Ederaldo Gentil, Firmino de Itapuã e Edil Pacheco. 

Com texto de Fábio Espírito Santo, direção de Márcio Meirelles e direção musical de Jarbas Bittencourt, o musical quer aproximam o universo de Batatinha das novas gerações. Diogo, que participou do musical em homenagem a Dona Ivone Lara, no Rio, conta que homenagear Batatinha é uma ideia que o acompanha há muitos anos. E que começou a ganhar forma com uma provocação do diretor teatral Elifas Adreatto, para que interpretasse o pianista cubano Bola de Nieve. 

“Eu gostei da ideia mas pensei que se fosse para fazer um artista negro, eu queria fazer Batatinha, porque eu me identifico muito, poética e melodicamente com ele. Acho lindo o trabalho dele”, conta Diogo, 56 anos e 30 de carreira, com uma longa atuação no teatro e no cinema. Com a pandemia, o projeto sofreu vários reveses, mas foi aprovado pela Lei Aldir Blanc (via Secult). Uma das mudanças mais sérias foi incorporar o audiovisual, o que incluiu uma nova equipe, com câmeras e técnicos de som. “Na verdade, nós estamos tateando”, reconhece Diogo, sobre o teatro na pandemia.

Mesmo sem enxergar muitas perspectivas de um retorno breve aos palcos, Diogo diz que seu grande sonho agora é fazer o musical com o calor da plateia. Por enquanto, ele vai dialogando com a banda formada por Vanessa Melo (flauta, clarineta e voz), Duarte Velloso (violão e surdo) e Arthur Oliveira (bateria e percussão).

Estreia neste domingo (11), às 19h, no www.youtube.com/user/teatrovilavelha. Ingressos: R$10, R$20 e R$30, que podem ser comprados no site do teatro. Após a compra, a pessoa tem até 24h para assistir. Nos dias 18 e 25 de julho e 1º de agosto tem novas apresentações.  

Diplomacia

Único CD  de Batatinha, Diplomacia foi lançado em 1998, um anos após a sua morte. O belo trabalho produzido por Paquito e J. Velloso, que traz convidados com Maria Bethânia, Caetano Veloso e Paulinho da Viola, pode ser ouvido nas plataformas de streamings.  

Música e bate-papo no fim de semana Lazzo lança single e participa do festival Rumpilezz (Foto: Paola Alfamou/divulgação)  Festival Rumpilezz - Acontecendo desde terça-feira, o evento realizado pela equipe das orquestras  Rumpilezz e Rumpilezzinho termina neste domingo, com dois  shows  especiais: às 20h, o Letieres Leite Quinteto se apresenta,com participação do veterano guitarrista baiano Mou Brasil. Na sequência, será exibido show da Orkestra Rumpilezz, tendo Lazzo Matumbi e Márcia Short como convidados. Ambos com transmissão no  www.youtube.com/watch?v=4Ty4ZCkVWWw. O convite aos dois cantores baianos vai na direção do diálogo do grupo com a música popular  afro-baiana. Aproveitando a presença de Lazzo, vale destacar que o artista lançou nesta sexta a canção Coisas que Não Entendo, nas plataformas digitais. A música romântica integra o repertóriodo álbum ÀJÒ, que celebra os 40 anos de carreira do artista e será lançado no final deste mês de julho. O disco tem como produtor musical o guitarrista e multi-instrumentista Felipe Guedes.       Márcia Short: música e bate-papo (Foto:Madson Silva/Canto do Galo Filmes) Márcia Short lança websérie

A cantora lança neste domingo (11), em seu canal no YouTube, a websérie Papo de Arte Negra com Márcia Short, com seis episódios nos quais fala de música a partir da perspectiva negra e feminina. O projeto cria espaço para as reflexões da artista, que já passou por vários projetos, em 30 anos de carreira. Ela estourou na  BamdaMel, entre 1989 e 1993, no auge da axé music, e depois formou a Bandabah, antes de partir para a carreira solo, marcada pelo  samba reggae. Nas conversas, Márcia canta músicas que marcaram sua história e fala das experiências e desafios que tem enfrentado. Segundo a artista, a ideia revelar os desafios de manter uma carreira por décadas em um país com pouco reconhecimento do protagonismo de mulheres negras e ainda marcado pelo racismo. Além disso, recebe Lazzo Matumbi como artista convidado. https://www.youtube.com/watch?v=IWBqCOxx2gs