Estátua de Zumbi é lavada em comemoração ao Dia da Consciência Negra

Evento dá início às comemorações nesta segunda (20) em Salvador

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  • Nilson Marinho

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 15:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Dois metros de altura e 300 quilos fundidos em bronze. A estátua de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra, fincada no meio da Praça da Sé, no Pelourinho, foi banhada na manhã desta segunda-feira (20) com água de cheiro. Reverenciado, como merece ser um gerreiro. Aos pés do expoente da luta contra a escravidão, flores, depositadas pelas filhas de santo do terreiro Okutá Lecy Lewá, do bairro de Paripe. A cerimônia marcou o início das comemorações do Dia da Consciência Negra em Salvador.

Foi a 9ª edição da Lavagem de Zumbi, evento simbólico promovido pelo movimento negro. Neste ano, diferentemente das edições anteriores, o cortejo responsável por lavar a estátua saiu das imediações do monumento da Cruz Caída, a poucos metros de onde fica a estátua. Antes, a manifestação tinha início na sede da União de Negros Pela Igualdade (Unegro), na Ladeira de São Miguel, também no Pelourinho.

A caminhada teve início por volta das 11h, quando os atabaques dos filhos do Terreiro Okutá começaram a soar na praça, dando início à caminhada, tendo à frente a dona da casa, a mãe de santo Maisa Bahia. Para ela, o ato da lavagem simboliza a resistênca do povo negro e do candomblé, que tem sofrido perseguição religiosa. Usamos a figura dele para resistirmos. É essa energia que ele passa pra a gente. Um homem negro que revolucionou, com o apoio de Dandara, que fundamentou sua luta", disse Mãe Maisa.  Monumento foi banhado pelas filhas de santo do terreiro Okutá Lecy Lewá (Foto: Marina Silva/CORREIO) Nesta edição, os organizadores se preocuparam em ressaltar a luta contra o genocídio da juventude negra. De acordo com Ângela Guimarães, presidenta nacional da Unegro, a violência no Brasil tem cor e idade."O Brasil tem cerca de 60 mil homicídios por ano. 53% das vítimas são jovens e, desse percentual, 77% são negros. É um problema da sociedade brasileira que atinge majoritariamente a população negra", avalia Ângela. Na sua barraca de souvenir, armada ao lado da estátua, a comerciante Rosana Maia, 46 anos, acompanhava a percussão, sem tirar os olhos dos clientes. "Estamos falando sobre nossa cor, sobre nossa raça, acho importante isso. Estou aqui com um olho na lavagem e outro na barraca", brincou Rosa. Essa é a segunda vez que ela acompanha o evento.

Durante a lavagem, foi realizado também o 1º Sarau da Consciência Negra, com o tema Pela Vida da Juventude Negra, Contra o Genocídio!. As comemorações continuam na tarde desta segunda, com a Caminhada da Liberdade, no Curuzu, e a Marcha da Consciência Negra, no Campo Grande.