Estudante baiano tem inscrição do Sisu alterada e é 'transferido' para Produção de Cachaça

Felipe Alexandre Santana Barbosa, 18 anos, estava concorrendo para uma vaga em Biologia

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  • Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2017 às 07:00

- Atualizado há um ano

Um estudante de Salvador foi mais um dos candidatos do que teve a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) alterada. Felipe Alexandre Santana Barbosa, 18 anos, disse que fez a inscrição no curso de Ciências Biológicas, para a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).

Para a surpresa de Felipe, no entanto, ao conferir o resultado da seleção, na última segunda-feira (30), viu que a sua inscrição havia sido alterada para os cursos de Produção de Cachaça, no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, e Filosofia, Universidade Federal de Uberlândia. Print do resultado do Sisu de Felipe(Imagem: Reprodução) "Na hora que eu vi, fiquei espantado e depois fiquei sem saber o que fazer, porque tecnicamente não havia como mudar isso. Então fiquei perdido", disse Felipe em entrevista ao CORREIO. O jovem contou que no dia 27 de janeiro olhou a sua inscrição e lá constava que ele ocupava a nona colocação do curso de Ciências Biológicas, na UFRB. No domingo (29), ele voltou a conferir a sua inscrição e ele permanecia no curso de Biologia, mas na 14ª posição.

Felipe disse que escolheu o curso de Biologia porque sempre se interessou por pesquisas e pretende usar o conhecimento para ajudar as pessoas. "Essa é uma área que me colocará em contato com a natureza e me dará a oportunidade de realizar pesquisas".Imagem: Reprodução  Queixa registradaAtravés do número 0800616161, do Ministério da Educação (MEC), e do site da instituição, Felipe registrou queixa ainda no dia 30. "Enviei a mensagem umas nove vezes pelo site para garantir que seria atendido", disse Felipe.

No entanto, ao entrar em contato pelo 0800 para saber como estava o processo, o atendente informou ao estudante que o mesmo estava em análise. "Liguei algumas outra vezes, porém, o número sempre acusava que todos os atendentes estavam ocupados e pedia para a retornar a ligação em outro horário", lamentou.

A reportagem do CORREIO tentou, por volta das 15h30 de sexta-feira (3) entrar em contato com o número de atendimento, porém, obteve como resposta a gravação de que os atendentes estavam ocupados.

O estudante contou que a família está planejando entrar com uma liminar judicial para garantir a matrícula. "Já contactamos um advogado e o quanto antes iremos providenciar os documentos para conseguir a liminar", disse.

Posicionamento do MECEm contato com o CORREIO, o MEC não se posicionou sobre o caso de Felipe especificamente. Porém, a pasta informou que pediu à Polícia Federal que investigue denúncias quanto a uso indevido de dados de candidatos.

Em nota publicada no site, o ministério disse que protocolou na quarta-feira (1º) pedido de apuração de denúncias feitas por seis candidatos. Os candidatos relataram o acesso indevido a dados pessoais, que teriam possibilitado mudanças de senha e informações de inscrição, como opção de curso.

O MEC informou à Polícia Federal que o sistema do Sisu não identificou qualquer indício de violação. "Não houve alertas nos sistemas de segurança. E nem há indício comportamental típico de episódios promovidos por hackers", diz o texto.

Da Medicina para a Produção de CachaçaA estudante Tereza Gayoso, 23, que teve nota máxima na prova de Redação do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foi uma dos estudantes que tiveram a opção de curso alterada no site do Sisu. A troca de curso foi uma ação de hackers, de acordo com o site da Revista Época.

De acordo com a publicação, o site do Sisu foi hackeado na noite de segunda-feira (30), após os resultados do Enem serem divulgados. A estudante, que originalmente tinha se inscrito no curso de Medicina, soube, nesta terça, que foi colocada no curso técnico de Produção de Cachaça, no Instituto Federal do Norte de Minas, em Salinas (MG).