Estudantes baianos reclamam do grau de dificuldade da prova de química

Grande villã do segundo dia de Enem, avaliação teve questões extensas e assuntos como cromatografia

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 17:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

O grau de dificuldade da prova de Química aplicada no segundo domingo de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi a principal queixa dos estudantes baianos, que começaram a deixar o local das provas, por volta das 16h. Muitos reclamaram do enunciado cansativo e do sentido ambíguo das questões.  Samila Carine achou os enunciados longos e sem muita coisa a ver com a real proposta das questões (Foto: Marina Silva) “Eu acho que me saí melhor do que nos outros anos que fiz o Enem. Mas as questões de química estavam complicas e cansativas. Os textos eram muito grandes. Minha prova do domingo passado foi bem mais tranquila de fazer. Hoje eu senti que tive um desempenho razoável”, afirmou a estudante Samila Carine, de 22 anos, que tenta pelo terceiro ano, uma vaga para Biomedicina. 

O também estudante, Leonardo Puntel, 22, foi mais um que se surpreendeu com a prova de química. A expectativa dele é conseguir pontos suficientes para ingressar na faculdade de Engenharia. “Mesmo tento facilidade com a área de exatas, achei a prova de química bem difícil. No geral, a prova de hoje como um todo estava boa, mas química exigiu uma atenção maior”. 

Ambos fizeram a prova no Colégio Dois de Julho no Garcia. A jovem Alice Quadros, 17, fez o Enem pela primeira vez e questionou a realização das provas em dois domingos. “Eu preferia que fosse tudo em um final de semana porque a gente se prepara para aqueles dias, vai e faz. Jogar para outro domingo só aumenta o cansaço”.

Este é o primeiro ano em que o Enem é realizado em dois domingos consecutivos. Até o ano passado, as provas eram realizadas em um único fim de semana, sábado e domingo. A primeira prova, de redação, linguagens e ciências humanas, aconteceu no dia 5 de novembro. “No geral, eu não achei a prova muito difícil, mas também não estava tão fácil assim. Minhas áreas de interesse são línguas, artes e ciências”, acrescentou Alice, que cursa o 3º ano no Colégio Panamericano. 

Candidatos que realizaram o exame no campus da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro da Federação, foram outros que engrossaram a lista dos descontentes com a prova: “Estava extremamente confusa e difícil”, avaliou o estudante Vinicius Rodrigues, 16, que fez o Enem como treino. A estudante de fisioterapia, Rafaela Santos, 25, concordou: “Me inscrevi, na verdade, para estimular minha tia a fazer o exame. Estudei com ela, revi os conteúdos, mas realmente a prova de química estava muito pesada”. 

'Vilã’

Com questões inspiradas em situações do cotidiano e problemas atuais da sociedade nas provas de Matemática e Ciências da Natureza, a prova teve no total, 90 questões objetivas. Entre os temas que apareceram estavam o uso do celular no volante, o jogo "Campo Minado", técnicas de depilação a laser e Segunda Guerra Mundial. 

O professor de Química do Descomplica Allan Rodrigues, concorda que os estudantes tiveram motivos para classificar a prova da disciplina como a mais difícil, ou melhor, “excepcionalmente difícil”. Ele destaca uma questão que aborda cromatografia, tema frequente somente no Ensino Superior. Outras questões estariam com texto ambíguo e de difícil interpretação.

"Tinha uma questão sobre eletroquímica que ocupava uma página inteira e seria impossível de resolver em três minutos. Eu mesmo demorei para resolver. O aluno certamente só de olhar já ficava impactado", analisou. Mesmo os assuntos comuns em sala de aula tiveram outra abordagem no Enem deste ano e estavam difíceis, como as perguntas sobre química orgânica. “Foi uma prova ‘injusta’. Um aluno mediano provavelmente vai ter uma péssima avaliação neste ano".