Estupro é 'passível de interpretação', diz ex-advogado de acusadora de Neymar

Ex-defensores dizem que relato dela mudou após fracasso em fazer acordo com jogador

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  • Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2019 às 20:36

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

O advogado José Edgard da Cunha Bueno Filho, que deixou a defesa da mulher que acusa Neymar de estupro, afirmou que ela não mentiu sobre o caso ao falar com ele. Para o profissional, pelo que ela relatou, o caso seria melhor enquadrado como agressão física, mas ele não descarta que outros profissionais entendam que o que ocorreu foi estupro. "Nunca falamos que ela mentiu. Eu analisei os fatos e o conjunto probatório e disse que na minha avaliação técnica tratava-se de um caso de agressão. Mas o delegado ou o Ministério Público poderia interpretar de forma diferente. É passível de interpretação", disse ao jornal O Globo. 

O defensor afirmou também que acreditava que a melhor estratégia era entrar em acordo com o jogador, conseguindo uma indenização para a vítima. Ele e seus sócios resolveram deixar o caso alegando que a mulher questionou a idoneidade da defesa em uma troca de mensagens.

Na conversa, ao saber que a defesa de Neymar negou fazer um acordo, a mulher pressiona o advogado e diz que foi agredida e estuprada. Dois dias depois, em 31 de maio, ela registrou na delegacia uma acusação de estupro contra Neymar.

Para Bueno Filho, a melhor estratégia era tratar o caso fora dos holofotes do público."Eu me convenci de agressão. Nunca tratamos o caso como estupro. Ela só passou a tratar o caso como estupro após a frustração do acordo (tentativa de conciliação com advogados do jogador)", afirma. "Eu era contra a divulgação. Achava que a exposição provocaria muita pressão sobre ela, que tem um filho. E também para ele, que é uma estrela da Seleção".Sócio de Bueno Filho, o advogado Francis Ted Fernandes afirma que a cliente ficou nervosa sem o acordo. "Estávamos seguindo a linha de acordo. Quando ela soube que não houve acordo, ficou muito nervosa. A partir daí, ela passou a usar a palavra estupro. Mas isso não significa que ela mentiu. Cremos que o caso tem materialidade e deve ser levado adiante".

Francis criticou o pai de Neymar, que afirmou que o jogador foi alvo de tentativa de extorsão. "O que houve não foi extorsão. O que o pai do Neymar chama de extorsão foi um encontro chamado por ele, que criou uma armadilha. Ele montou uma cena para parecer extorsão. Ele sabia a gravidade do que tinha acontecido (entre Neymar e a mulher que o acusa)", diz. Francis afirma que nenhum valor chegou a ser mencionado na reunião.

Em carta para rescindir o contrato com a cliente, os advogados dizem que a alegação de estupro está "totalmente dissociada" do que foi descrito por ela para a defesa até ali. "(A cliente) Sempre afirmou que a relação mantida com Neymar foi consensual, mas que durante o ato ele havia se tornado uma pessoa violenta, agredindo-a".