ETA entrega 120 armas e 3 toneladas de explosivos que estavam escondidos

Grupo terrorista basco recorreu durante décadas à luta armada para defender a emancipação da região entre o norte da Espanha e sul da França

  • Foto do(a) author(a) Agência Brasil
  • Agência Brasil

Publicado em 8 de abril de 2017 às 16:12

- Atualizado há um ano

O grupo separatista ETA, que durante décadas recorreu à luta armada para defender a emancipação da região basca (que inclui uma parte do norte da Espanha e outra do sul da França), completou o seu processo de desarmamento, informou neste sábado uma comissão internacional.

Os denominados "mediadores" no desarmamento do grupo terrorista basco assinalaram neste sábado que entregaram ao Comitê Internacional de Verificação (CIV) as "coordenadas de oito lugares onde se encontra o arsenal do ETA", integrado por 120 armas de fogo, três toneladas de explosivos e milhares de munições e detonadores.

Pouco depois do anúncio realizado no cinema Atalante, na cidade de Bayonne, pelo porta-voz do CIV, Ram Manikkalingam, que recebeu dos representantes sociais basco-franceses, que assumiram o trabalho de "mediar" com o grupo, a informação sobre os arsenais, dois integrantes do grupo de Louhossoa, que se autodenominam "artesãos da paz", Mixel Behorcoirigoin e Michel Tubiana, informaram em entrevista coletiva sobre alguns detalhes do processo.

Tubiana indicou que o grupo de Louhossoa "não se limitou a realizar este trâmite", mas enviaram 172 "observadores" aos lugares onde estão os depósitos do ETA para "credenciar e comprovar que as autoridades francesas vão se apropriar" dos arsenais.

Neste sentido, Tubiana assinalou que, enquanto acontecia esta entrevista coletiva, os "observadores já estavam" nas localizações dos depósitos e acrescentou que, "em alguns deles, as forças de segurança francesas já tinham entrado em ação e em outros" os enviados aos esconderijos de armas "ainda estão esperando".

Tubiana disse que, por enquanto, não é possível detalhar os lugares aos quais as autoridades francesas já chegaram, a quem pediram "rapidez" para que os "observadores" possam voltar a Bayonne como está previsto.

O "artesão da paz" mostrou sua satisfação pelo fato de o governo francês "não ter colocado problemas", mas lamentou "que o grupo não tenha conseguido coordenar" o processo com os responsáveis do Executivo francês.

Behorcoirigoin e Tubiana se negaram a oferecer detalhes sobre as armas contidas nos esconderijos e se estes se encontram em casas particulares, e se limitaram a assinalar que "nem todos os arsenais estão no País Basco francês".

Os dois também não esclareceram se algumas das armas foram utilizadas em algum atentado. Estas questões "não são essenciais" e "só servem para alimentar investigações policiais", assinalou Tubiana.

"Haverá tempo para fazer um inventário. O importante agora é que o ETA está desarmado", reiterou Tubiana, que enfatizou que a "jornada" de hoje em Bayonne se desenvolve "de maneira estupenda" e que o trabalho do grupo de "intermediadores" ao qual pertence "concluiu hoje".

Os autodenominados "artesãos da paz" agradeceram o papel desenvolvido pelo prefeito de Bayonne, Jean René Etchegaray, que "facilitou" o processo e "dedicou tempo e energia para que a jornada seja um sucesso".