'Eu vejo poesia no povo', diz Bráulio Bessa na Flica

Cordelista cearense foi uma das atrações mais aguardadas deste sábado (26)

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  • Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2019 às 16:50

- Atualizado há um ano

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"Se o poeta popular vai para feira declamar poesia, eu vou para internet, que é uma feira grande, a maior do mundo, onde tem gente de todo lugar, não tem fronteiras e funciona 24h por dia. Vou fazer poesia, gravar vídeos, e compartilhar". É assim que o cordelista cearense Bráulio Bessa define o seu fazer artístico.

Presente na mesa Pra Cada Canto Que Eu Olho, Vejo Um Verso se Bulindo, que reuniu ainda o poeta Antônio Barreto e Maviel Melo, Bráulio Bessa atraiu uma multidão ao Claustro do Convento logo nas primeiras horas da manhã deste sábado (26). Mavial Melo, Bráulio Bessa e Antonio Barreto (Foto: Divulgação) O cordelista cearense viu sua arte ganhar uma projeção inimaginável depois de se tornar colaborador fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo. "Às vezes me sinto até culpado, com um remorso, por ter tanta gente boa com quem eu aprendo, de quem eu sóu fã, que se eu pudesse...Mas agradeço muito a oportunidade de através da poesia falar de tantos temas, de racismo, homofobia, perdão, educação, meio ambiente, semanalmente, às 11h, na TV aberta. E com poesia, que é esse bicho mal educado", comentou.

Bráulio começou a escrever aos 14 anos, depois de conhecer a poesia de Patativa de Assaré em uma aula de literatura. Meses antes, ele tinha sido perguntado por outra professora o que queria ser quando crescer, mas não tinha resposta a pergunta, que continuou ressoando. "Depois de escrever o meu primeiro poema, fui até a professora e disse que queria ser poeta, e já tinha até escrito algo", lembra.O que me bole é esse poder transformador, conscientizador, que existe na palavra, na poesia. Minha maior fonte de inspiração é gente, e aí sim transformar tudo isso em poesia. Olhar para cada um aqui, e perceber que existe poesia. Eu vejo poesia no povo! - Bráulio BessaO escritor Antônio Barreto, que também é professor, enfatizou a importância desses profissionais na formação de novos leitores, e o papel do cordel no desenvolvimento do gosto pela literatura. "O que mais me move a escrever é a educação, sou professor da rede pública de Salvador, passei a levar o cordel para a sala de aula, e me surpreendi com a receptividade dos alunos", contou.

Durante a mesa, ele e Bráulio recitaram diversos poemas e destacaram ainda o trabalho de mulheres sobretudo nordestinas, no cordel (gênero que ainda é predominantemente masculino), a exemplo de  Creuza Meira, Sueli Valeriano, Salete Maria Maria José Macedo, Eroltides Macedo, Isabel Nascimento e Ingrid Natalia.

A Festa Literária Internacional de Cachoeira  é realizada pela Icontent e Cali, com patrocínio do Governo do Estado e da Coelba, via Fazcultura.  O evento tem apoio institucional da Rede Bahia e apoio da Prefeitura Municipal de Cachoeira,