Eventos gratuitos destacam a importância da brincadeira

Calu Brincante começa nesta quarta-feira (30) com participação de Lázaro Ramos

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  • Laura Fernades

Publicado em 30 de março de 2021 às 06:15

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto de Carolina Gal Moura

Brincar para se divertir, fortalecer a identidade, a autoestima e a memória. Não faltam justificativas para que adultos convidem as crianças de suas famílias para um passatempo lúdico. Além de peteca, pula corda, picula e cama-de-gato, que estão no repertório de pais, mães e avós, dois eventos que acontecem essa semana exploram o tema com atividades digitais e gratuitas. 

A incorporação das brincadeiras antigas para o desenvolvimento cognitivo das crianças e melhor interação nas famílias é o mote do seminário de abertura do Projeto Calu Brincante, que acontece nessa quarta-feira (31) com participação de Lázaro Ramos. Espetáculo, lançamento de CD e jogo virtual também estão no evento que tem, entre os idealizadores, a atriz, escritora e psicopedagoda Cássia Vale.

Já o Festival Música para Brincar reúne apresentações musicais, contação de histórias, brincadeiras e oficinas até o dia 9 de abril, no YouTube. A ideia é caprichar na programação para quem está em casa cumprindo o isolamento social e para que “as famílias reservem aquele horário diário para promover um escape para as crianças”, explica a produtora cultural e idealizadora do evento, Renata Hasselman, 37. 

O convite não é só para os pequenos, acrescenta, mas para as crianças que habitam os mais velhos. Afinal, “a cultura da infância tem muita coisa importante para a vida adulta”, defende a produtora. “Eu trago uma provocação: que o estímulo ao lúdico e à brincadeira não deva ser algo que habite somente a infância. Isso é latente nas crianças e o que a gente busca é trazer essa força para a família”, conta. 

Magia E “brincadeira tem hora?”, questiona o Projeto Calu Brincante que será transmitido pelo YouTube e pelo Facebook. A provocação dá nome ao seminário de hoje e Cássia destaca que o brincar precisa ser valorizado, porque “nossas crianças têm perdido isso”. “Agora, na pandemia, a família pode entrar na brincadeira”, convida a autora do livro Calu, uma Menina Cheia de Histórias (2017). 

Na obra assinada em conjunto com Luciana Palmeira a brincadeira é central. Aliada às músicas elas estimulam o desenvolvimento cognitivo, social e emocional de crianças de 0 a 12 anos. O universo lúdico da personagem deu origem ao espetáculo Sarauzinho da Calu, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro do 2020 de melhor espetáculo infantojuvenil. 

“A brincadeira está na memória da vovó, da mamãe, da dinda. Se pudermos mostrar essa casa lúdica, a gente vai abrir um portal mágico”, garante Cássia, 47. “Todo mundo tem uma brincadeira guardada em uma mala mágica. Queremos mostrar que a gente tem muita história, mostrar que nossas famílias podem dar mais um respiro às nossas crianças”, completa. 

Memória As crianças estão em um estado dentro da pandemia que tem sido pouco refletido pelos órgãos competentes, na opinião da professora, pesquisadora e escritora Bárbara Carine, 33. Convidada do Projeto Calu Brincante, Bárbara destaca que é importante pensar a saúde na infância, mental e física, e a brincadeira é aliada. 

“Uma criança fica um dia inteiro dentro de casa, com limites de espaço que gera também restrições motoras, então precisamos pensar estratégias de movimento. Um brincar que movimente o pensamento e o corpo. Importante pensar também em um brincar que mobilize afetos”, defende. 

A brincadeira, explica a professora, não só vai garantir o elo da família e o despertar de outras habilidades na criança, mas também o resgate ancestral e a valorização da autoestima. Principalmente quando a protagonista da brincadeira é uma personagem como Calu, uma menina negra que cria um mundo carregado de símbolos afro-brasileiros. 

“Falando do povo preto nesse contexto diaspórico: há uma luta do Ocidente de apagar essa memória. Um povo destituído de memória é um povo sem identidade. Então, para nós, é uma estratégia de resistência”, defende Bárbara. Cássica concorda e destaca que é importante “desde cedo trabalhar autoestima, questões de representatividade e ludicidade”. “Com certeza a gente vai estar construindo outros cidadãos”, garante. 

Serviço Calu Brincante Quarta-feira (30), às 15h, e dias 4, 11 e 18 de abril, às 16h Transmissão no YouTube e Facebook Gratuito

Música para Brincar Até dia 9 de abril, às 14h Transmissão no Youtube Gratuito

Festa celebra a literatura negra na infância

Mesas literárias, rodas de conversas e oficinas destacam a literatura afro-brasileira na infância, a partir de hoje, data em que começa o projeto Arte e Identidade – I Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil. O evento gratuito e virtual segue até quinta-feira com participação do rapper Emicida, das escritoras Lívia Natália e Cássia Vale, além de nomes como Sandro Sussuarana, Coletivo ZeferinaS e Marcos Cajé. 

Com transmissão pelo YouTube e Instagram, a programação promoverá debates em torno das diretrizes que contribuem para a conscientização do pertencimento étnico-racial. São temas que buscam fortalecer a construção de base para uma política educacional igualitária, “que não cabe só a professores, mas aos pais, à família, e a toda a comunidade ao redor dessas crianças e jovens”, define a organização do evento. 

Depois de uma apresentação do coral infantil do Neojiba, o Arte e Identidade terá na mesa de abertura Vozes Negras na Literatura, às 10h, nomes importantes do cenário artístico literário, que apresentarão sua trajetória. Além de Emicida, o encontro terá a presença da poeta Lívia Natália e do publicitário Paulo Rogério, cofundador da aceleradora Vale do Dendê. 

Ao longo de sua programação, o evento aborda a autoestima da criança negra, a educação nos terreiros de candomblé, o processo criativo dos autores negros, a escrita afrocentrada e a cultura hip hop. O objetivo é oferecer um evento multicultural todo pensado no contexto afro-brasileiro infantojuvenil.