Ex-Bahia, Danilo Rios e Rafael Bastos se reencontram após 13 anos

Dupla que vai defender o Jacuipense no Baianão surgiu na pior fase do tricolor na história: "Hoje jogar no Bahia está fácil"

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Jacuipense

Quando o reencontro é bom, costuma dar alegria. Talvez isso explique o frisson das redes sociais após Rafael Bastos publicar uma foto com seu amigo de longa data Danilo Rios. A dupla foi revelada pelo Bahia em 2006, e antes disso jogou junta na base tricolor. Há 14 anos, a situação do Bahia estava longe de ser boa: afundado na Série C, o time não conseguiu o acesso à segunda divisão na primeira tentativa, com direito a sofrer goleada por 7x2 para o Ferroviário no octognal final.

O tricolor não vencia o Campeonato Baiano desde 2001, não conquistava um título desde 2002 e vivia um caos administrativo. Foi nesse poço que Danilo e Rafael conseguiram uma oportunidade entre os profissionais. E agora, 14 anos depois, se reencontram no Jacuipense para disputar o Baianão e a Série C.

A reportagem do CORREIO conversou com os dois jogadores. Rafael e Danilo recordam com carinho dos tempos de Bahia, mas fazem questão de lembrar que foram dias difíceis. Além da pressão decorrente da fase ruim do time, recebiam pouco e conviviam com atrasos salariais que chegavam a quatro meses.

“Tinha vez que na base não tinha o que lanchar à noite e quase sempre era comer soja, na raça, na dificuldade. Hoje eu até brinco com minha família e amigos mais próximos que jogar no Bahia está muito fácil. Naquela época a gente pegava a pressão de 60 mil pessoas no estádio, com o clube afundado, ganhando R$ 1 mil e esses mil reais atrasavam três, quatro meses. Por isso hoje eu brinco que jogar no Bahia está fácil”, conta o sorridente Rafael.

Hoje aos 35 anos, o meia carioca chegou à capital baiana ainda adolescente para jogar nos juniores do Bahia. Foi lá que conheceu Danilo, três anos mais novo, que queimou etapas na base e se acostumou a jogar no meio de gente mais velha. Por isso, Rafael sempre se refere ao amigo como “fenômeno”.

A constância no sorriso tem uma explicação: o veterano se afeiçoou à Bahia, construiu família aqui e está radiante com a possibilidade de jogar novamente o campeonato que o projetou como profissional - e que não disputava desde sua passagem pelo Vitória em 2009. Dois anos antes, Danilo Rios também defendeu o rubro-negro, sem sucesso, principalmente por causa de sua relação conturbada com o então técnico Vagner Mancini.

“Quando Rafael chegou foi no júnior, eu já jogava lá, mas era no juvenil. Tivemos a felicidade de jogar a Taça São Paulo juntos, a gente tinha uma geração muito boa com Ávine, Bruno César... Como Rafael falou, a gente pegou um período muito difícil, mas que foi importante para nos formar como profissionais, como homens também”, avalia Danilo. Danilo Rios bate na bola e é observado por Marcone e Rafael Bastos em 2006 (Foto: Marcio Costa e Silva/Arquivo CORREIO) Rafael Bastos foi vendido para o Cruzeiro em 2007 por R$ 600 mil em negociação que envolveu Anselmo Ramon, atacante revelado no Bahia e que defendeu o Vitória no ano passado. Contudo, o meia só se mudou para Minas Gerais no ano seguinte e por isso esteve em campo no Ba-Vi vencido pelo Vitória por 6x5, que consagrou Índio.

Naquele dia, Danilo Rios marcou dois gols. Um deles abriu o placar do clássico. O Vitória virou e chegou a fazer 5x3, mas o tricolor buscou o empate, com Rafael Bastos, aos 45 do segundo tempo. Só que Índio deu a flechada final aos 48 e decretou a vitória vermelha e preta no último Ba-Vi da antiga Fonte Nova.

“Bota na conta do Arthurzinho! Foi o jogo mais louco da minha carreira. Eu fiz aquele gol do 5x5, dei uma flechada de volta. A gente novinho vendo a Fonte Nova daquele jeito... Danilo, no primeiro Ba-Vi como titular, fez dois gols e o empate do jeito que era, aos 45, era como uma vitória pra gente, mas infelizmente Índio estava iluminado e até hoje me zoa com aquele gol dele”, lembra.

Técnico do Bahia na época, Arturzinho substituiu Danilo Rios no início do segundo tempo por opção.

Jacuipense O Jacuipense quer ser ousado. O clube enxerga uma oportunidade de ser campeão baiano e se estabelecer como a terceira força do estado. Considerando que Bahia e Vitória utilizarão seus times B, as possibilidades do Leão do Sisal se ampliam.

Diretor de futebol do time grená, Gustavo Zacharias é taxativo ao afirmar que o clube tem as metas de conquistar o título estadual e pelo menos brigar por acesso na Série C do Brasileirão. A última vez que um clube do interior do estado disputou a Série B foi em 1991, quando o Fluminense de Feira e acabou como vice-lanterna de seu grupo.“A gente vai em busca do título baiano. E em busca do acesso na Série C. Esse é o objetivo da Jacuipense hoje”, afirmou o diretor.Rafael e Danilo sabem que é muito difícil jogarem juntos, e o motivo é simples. “Somos da mesma posição, mas isso eu deixo para o professor (Jonilson Veloso). O que sei é que é muito bom estar de volta à Bahia, ao futebol baiano, ao Campeonato Baiano que nos revelou”, comenta Rafael.

Rafael Bastos não esconde a sua torcida para o Bahia. Na entrevista, ainda entregou que Danilo Rios também torce para o tricolor. Mas essa relação só vai até a hora de enfrentar o time de origem. “Vou brocar”, ele promete. O confronto será no dia 2 de fevereiro, em Pituaçu, pela 4ª rodada.

Em 2018, Danilo Rios já deixou seu carimbo para cima do Bahia na derrota do time de Riachão por 2x1. Rafael Bastos ainda não conseguiu marcar em seu time do coração, mas eliminou o Bahia da Copa do Brasil, em 2016, pelo América-MG.

A dupla de velhos amigos faz seu jogo de estreia amanhã, quando o Jacuipense visita o Vitória da Conquista no estádio Lomanto Júnior.

*com supervisão do editor Herbem Gramacho