Ex-presidente interina Jeanine Añez é presa na Bolívia

Ela é acusada de terrorismo e conspiração após saída de Evo Morales do poder

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  • Da Redação

Publicado em 13 de março de 2021 às 09:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Añez foi presa na madrugada deste sábado (13), sob acusação de conspiração, sedição e terrorismo durante os dias que se seguiram à renúncia de Evo Morales, em novembro de 2019. A informação da prisão foi anunciada pelo ministro do governo Carlos Eduardo Del Castillo.

"Informo ao povo boliviano que a senhora Jeanine Añez já foi detida e atualmente está em poder da Polícia", escreveu o ministro, que também parabenizou o trabalho da polícia.

Já Añez disse que sua prisão é ilegal e que se trata de um ato de perseguição política e que o governo a "acusa de ter participado de um golpe de Estado que nunca ocorreu".

Ordem de prisão O Ministério Público da Bolívia ordenou a prisão da ex-presidente Jeanine Añez, de ministros de seu governo, além do ex-comandante das Forças Armadas e do ex-chefe da polícia por terem pedido a renúncia do então presidente Evo Morales durante a crise política de outubro e novembro de 2019. Com a renúncia de Evo após protestos massivos, Añez se autoproclamou presidente interina, com apoio dos militares, e ficou no cargo por quase um ano.

A situação ocorre no momento em que o partido no poder, o Movimento ao Socialismo (MAS), inicia um julgamento por suposto golpe de Estado contra vários opositores e ex-líderes militares.

O general William Kaliman, juntamente com seu Estado-Maior e o então comandante da polícia, Yuri Calderón, pediram a renúncia de Evo quando o país vivia protestos que deixaram 36 mortos após eleições acusadas de terem sido fraudulentas.

A crise precipitou a saída de Evo, que venceu o pleito mas não pode ser reeleito. Kaliman não foi preso e Calderón não foi encontrado em sua casa para assumir sua defesa em um julgamento por sedição e conspiração em que Áñez e vários de seus ministros também são investigados.

Outro investigado é o ex-líder cívico Luis Fernando Camacho, líder dos protestos da oposição e virtual governador eleito de Santa Cruz nas eleições regionais do último domingo, cuja contagem oficial ainda não foi concluída. Camacho não tem mandado de prisão e deveria ter testemunhado na quinta-feira, mas a audiência foi suspensa devido à presença maciça de seus seguidores nas portas do tribunal.

Em outubro de 2020, novas eleições foram realizadas com a vitória de um aliado de Evo - Luis Arce, ex-ministro da Economia e também integrante do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Añez tentou viabilizar durante meses sua candidatura, mas diante do fraco desempenho em pesquisas, abandonou a pretensão.